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ESCÂNDALO COPEL/OLVEPAR

Youssef e delator dizem que Durval Amaral recebeu de esquema na Copel

Esquema teria sido montado para beneficiar aliados de Lerner em 2002

Durval Amaral,  hoje conselheiro do Tribunal de Contas, negou ter recebido dinheiro do esquema. | Antônio More/Gazeta do Povo
Durval Amaral, hoje conselheiro do Tribunal de Contas, negou ter recebido dinheiro do esquema. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Em depoimentos prestados na tarde de quinta-feira (15) à Justiça Estadual sobre o caso Copel/Olvepar, escândalo de corrupção envolvendo o governo do Paraná no fim de 2002, o doleiro Alberto Youssef e o advogado Antonio Carlos Brasil Fioravante Pieruccini confirmaram que o então deputado estadual Durval Amaral foi um dos beneficiados do esquema, que teria sido montado para beneficiar aliados do grupo político de Jaime Lerner, então governador. Durval hoje é conselheiro do Tribunal de Contas. Já foi secretário-chefe da Casa Civil de Beto Richa (PSDB) e, em 2002, era líder de Lerner na Assembleia Legislativa.

“Me foi dito que ele [Durval Amaral] era a pessoa encarregada de fazer a distribuição do dinheiro aos deputados”, disse Pieruccini, que acrescentou não se lembrar dos nomes dos parlamentares. “Acho que eram 20 e poucos deputados. Eu não teria o menor constrangimento em citar nomes, mas eu realmente não lembro”, completou o advogado, cujo interrogatório durou cerca de duas horas.

Réus da Lava Jato, tanto Youssef quanto Pieruccini também foram denunciados no principal processo criminal do caso Copel/Olvepar, em trâmite na 2ª Vara Criminal de Curitiba desde 2003, sem qualquer desfecho. No início do processo, entre 2003 e 2005, ambos optaram pela delação premiada e passaram a colaborar com o caso Copel/Olvepar. Neste ano de 2015, em parte por causa do extravio de peças do processo, os dois fizeram novas delações.

Na frente do juiz Fernando Fischer nesta quinta, Youssef e Pieruccini falaram da dificuldade em resgatar fatos ocorridos há mais de uma década. Ao contrário do que ocorreu em dezembro de 2003, Youssef não deu detalhes sobre a participação de Durval durante o interrogatório de quase uma hora. O doleiro disse, contudo, que endossa todas as declarações feitas por ele anteriormente. Em dezembro de 2003, o doleiro afirmou que Durval recebeu mais de R$ 2 milhões do esquema. Para todo o grupo político, Youssef afirma que fez três operações de cerca de R$ 20 milhões no total.

A reportagem não conseguiu falar com Durval nesta quinta. No mês passado, em entrevista à Gazeta do Povo sobre as declarações de 2003 de Youssef, o conselheiro negou ter recebido dinheiro do esquema e disse que, naquele ano, como principal opositor do governo estadual que se iniciava, de Roberto Requião (PMDB), ele era alvo de adversários. “Quiseram calar a voz da oposição”, disse, na ocasião. Em contato com o Ministério Público no mês passado, a reportagem não conseguiu esclarecer se Durval, em algum momento desde a declaração de 2003 de Youssef, chegou a ser investigado. O Ministério Público Federal não retornou ao pedido de entrevista sobre o caso.

Alto escalão

Os dois delatores voltaram a afirmar que o dinheiro também foi entregue a Ingo Hubert, então secretário da Fazenda e presidente da Copel, e Heinz Herwig, na época conselheiro do TC. Ingo e Heinz são réus do caso e devem ser interrogados nesta sexta (16). O advogado deles, Roberto Brzezinski Neto, disse que só vai se manifestar após a audiência.

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