
Duas empresas que estão sob o controle do doleiro preso Alberto Youssef figuram como sócias da Petrobras Distribuidora em um consórcio para a construção de uma usina termelétrica em Suape (PE). A informação é de um relatório da Polícia Federal sobre a Operação Lava Jato na qual Youssef é réu e foi divulgada neste sábado pelo jornal Folha de S. Paulo.
É a primeira vez que o doleiro aparece como sócio da estatal. Na ação penal em curso, Youssef é acusado de ter lavado dinheiro desviado da obra da refinaria Abreu e Lima, que está sendo construída em Pernambuco. Uma das suspeitas com relação à participação das empresas dele no consórcio é que ele teria êxito no negócio graças a contatos políticos que tinha na Petrobras.
Segundo o jornal, as empresas de Youssef que se associaram à estatal (Ellobras e Genpower Energy) tinham a maior fatia do consórcio, de 40%. Petrobras, MPE Montagens e Genpower detinham 20% cada uma, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, responsável pelo leilão. A obra da usina termelétrica começou em 2008 e ficou pronta em 2013, após investimentos de R$ 600 milhões. Dos vencedores do certame, só a Petrobras seguiu no projeto até o fim. Os outros ganhadores venderam suas participações à estatal.
A PF descobriu que o doleiro estava por trás do consórcio ao apurar que a CSA Project Finance, empresa de Youssef e do ex-deputado José Janene (PP-PR), que morreu em 2010, controlavam as duas associadas da Petrobras. A CSA é acusada de ter lavado dinheiro do mensalão para Janene.
Youssef não atuou na construção da usina. O consórcio ganhou o leilão em 2007 e, 40 dias depois, o doleiro vendeu os 40% que detinha para o Grupo Bertin.De acordo com a Folha, 40% no consórcio renderam cerca de R$ 700 mil a Youssef. O Bertin acabou fora do projeto por falta de recursos. Para acabar a usina, a Petrobras teve de recorrer ao Fundo de Investimento do FGTS, que aplicou R$ 372,9 milhões na obra.
Outro lado
A Petrobras Distribuidora não quis se manifestar sobre o assunto ao jornal. As outras empresas envolvidas nas negociações e no consórcio disseram à Folha que nunca souberam que a Ellobras e Genpower eram controladas por Youssef. O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, disse que terá de ver o relatório para se pronunciar.



