Animal

Cães ganham qualidade de vida com cadeirinhas de rodas

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
06/06/2016 09:00
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Todo tutor de um animal com paralisia dos membros inferiores, seja ele cão ou gato, sabe o quanto a limitação dos movimentos torna difícil até as tarefas mais simples. Mas as cadeirinhas de rodas feitas especialmente para os pets permitem que eles se tornem mais ativos, mesmo com um problema físico que os impeça de caminhar normalmente.
Mais do que essenciais para o deslocamento e a manutenção da qualidade de vida, o equipamento também ajuda a manter em dia a saúde física e mental do bichinho. Mas lembre-se: somente o veterinário poderá indicar o peso que o equipamento deve sustentar e as configurações quanto ao apoio do corpo. Algumas cadeirinhas são mais sofisticadas e feitas de materiais resistentes, mas isso não significa que as artesanais também são sejam boas. O importante é buscar sempre um serviço sob medida e personalizado para as necessidades do animal.
Principais motivos
As paralisias decorrem, geralmente, de traumas (acidentes automobilísticos, quedas, brigas e maus-tratos) ou condições degenerativas, como a hérnia de disco dos tipos I (quando há expulsão do conteúdo, o núcleo pulposo mole) e II (quando o núcleo deforma, mas não extravasa). As hérnias são mais comuns em animais com idades a partir de três anos e costumam acometer cães que apresentam desproporção entre as patas e as colunas, como as raças dachshund, yorkshire e lhasa apso, diz José Ademar Villanova Junior, professor de medicina veterinária e do programa de pós-graduação em Ciência Animal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
A literatura médica veterinária indica que um a cada cinco animais vai desenvolver hérnia de disco. Se diagnosticada a discopatia degenerativa, o animal deve passar pela descompressão cirúrgica o mais breve possível, ainda que o procedimento não seja garantia de retomada das funções motoras.
Cuidados indispensáveis
Tutores de cães especiais que usam carrinhos ortopédicos devem realizar, periodicamente (de preferência a cada dois ou três meses), uma coleta de urina para exames de cultura e antibiograma. Isso porque o comprometimento da função motora pode fazer com que o animal não se “lembre” de urinar, justamente por não sentir a bexiga encher, aumentando substancialmente as chances de desenvolver uma cistite.
A cistite é uma infecção bacteriana que acomete o trato urinário inferior. Neste caso, as bactérias naturais dos órgãos genitais migram para a bexiga, causando a infecção. O tratamento é feito à base de antibiótico e somente o médico veterinário pode prescrevê-lo, levando em conta o tipo de bactéria e sua resistência ao medicamento. Também é recomendado que tutores de animais com comprometimento motor aprendam a técnica de esvaziamento da bexiga, ajudando assim a evitar a formação de cálculos obstrutores da uretra. Movimentos de pressão em pontos específicos da virilha também ajudam no funcionamento do intestino.
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Animais cadeirantes que fazem uso de fraldinhas devem passar pela troca do acessório a cada enchimento. Por fim, é importante não exagerar no tempo diário de uso, pois o animal pode se cansar ou se machucar.
Fraldinha e cuidados especiais
A desenhista industrial Caroline Dallegrave adotou a pequena Ulla, sem raça definida, de dois anos, já com paralisia nas patas traseiras. “Ela estava magra e fraquinha, mas ainda assim muito melhor do que quando a resgataram”, conta. A adoção de Ulla, que havia sido abandonada por uma família, aconteceu através do Salva Bicho, um grupo de protetoras independentes que atua na causa animal em Curitiba e região.
“No início ela era arisca e tinha medo de tudo, inclusive de nós, mas com o tempo foi se soltando. Hoje ela é um amor, faz amizade fácil e é super carinhosa. Ainda tem medo de estranhos, mas está passando pelo adestramento para superá-lo”, diz Caroline. Segundo ela, os cuidados não são difíceis e a vida de Ulla é como a de qualquer outro cão. “Ela brinca, passeia e apronta muito. Por causa da paralisia não foi possível ensiná-la a fazer as necessidades no lugar certo, então ela usa fraldas de bebê. As infecções urinárias são realmente um risco, mas estamos sempre de olho e levamos à veterinária quando percebemos qualquer alteração”, detalha Caroline.
Ulla é alimentada com ração especial (indoor) e sempre no mesmo horário, o que facilita saber quando a fralda precisará ser trocada. E a cadeirinha é mais usada para passeios na rua. “Ela sente dor nas costas se fica tempo demais. Em casa ou em lugares com grama deixamos sem, pois a Ulla é super ágil. Só faço curativo nos pontos onde sei que pode dar escara e ela anda tranquila”, comemora a tutora.
SERVIÇO:
Em Curitiba há alguns fabricantes de cadeirinhas de rodas. Dog Car. Rua Francisco Lachowski, 241 – Campina do Siqueira. (41) 3339-0278. Tomba Rodas. Rua Professor Ulisses Vieira, 2870 – Santa Quitéria. (41) 3107-1220 e (41) 9997-3741. Venda online: www.tombarodas.com.