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Como diminuir o comportamento de cães territorialistas?

Amanda Milléo
01/12/2016 14:22
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(Foto: VisualHunt)

Rosnar, ficar com os pelos eriçados e dentes à mostra são sinais de territorialidade dos cachorros, que devem ser controlados pelos tutores para evitar acidentes. Todo cão tem características naturais de dominância e territorialismo, variando conforme a raça e a criação, que podem ser identificadas e, principalmente, contextualizadas pelo tutor.
“Os sinais de territorialidade são vários, que vão do rosnar ao demarcar o território com urina. Mas, podem existir animais que são extremamente territorialista e não emitem som nenhum, como a raça Chow Chow ou Collie. Eles tendem a se posicionar, encarar e demonstram a presença deles assim, de forma que o invasor percebe que não pode entrar“, explica Paulo Parreira, professor especialista em comportamento animal do curso de medicina veterinária da PUCPR.
Essa é a primeira recomendação, segundo o especialista, quando vir um animal rosnando: Não se aproxime.

“O rosnar é um sinal de ‘mantenha distância’. Se o cachorro estiver com o pelo arrepiado e mostrar os dentes, não se aproxime até entender o que aquele sinal significa”, afirma.

Para interpretar o sinal, veja o contexto no qual o rosnado surgiu e o que motivou esse comportamento. “O rosnar pode ter vários motivos, desde o animal não querer sair do sofá porque ele aprendeu que toda vez que alguém chega, tem que descer; ou ele entende que o sofá é propriedade dele; ou porque ele não quer ninguém perto do dono ou mesmo porque ele é inseguro e está com medo, por isso rosna”, explica o especialista.
Dessensibilizar o animal é de fundamental importância para evitar acidentes. “Se o cão rosna toda vez que eu chego perto quando ele está comendo ou com algo na boca, é preciso fazer algo a respeito. Hoje pode ser o brinquedo, amanhã pode ser um caco de vidro, e eu vou precisar chegar perto dele. É preciso dessensibilizar o animal e isso acontece desde cedo, ainda filhote. Se o animal for mais velho, é importante a ajuda de um profissional”, exemplifica Parreira.
Em uma situação como a do sofá, de acordo com o especialista, é muito comum que os proprietários achem essa atitude engraçada e acabem incentivando a postura agressiva do animal sem nem perceber. “Imagina uma criança que está aprendendo a andar e se apoia no sofá. O cachorro vai entender que ela está avançando no território e vai morder. Todos vão culpar o cachorro, que foi estimulado a ter esse comportamento durante meses, anos“, diz.

Rosnar para estranhos x rosnar para a família

Mesmo que o cachorro passe por treinamento, ele não precisa suprimir completamente a posição de dominância e territorialidade – características importantes em alguns casos. Os cães voltados para a guarda, por exemplo, requerem esse comportamento e cabe ao tutor fazer com que o cachorro entenda quem é bem-vindo e quem não é.
“Se chegar alguém conhecido da família, como o proprietário estará junto, o cão vai entender que não é para atacar. Por isso que quando as pessoas mandam o cachorro para o adestramento e o tutor não participa do processo, ele não tem o controle sobre o cão. Aí toda vez que chega uma visita, tem que prender o animal”, diz Parreira, que exemplifica com um caso curioso: “Já ouvi histórias de pessoas que, ao chegar um amigo, prende o animal e o conhecido está rendido por bandidos. E o cachorro, que poderia afastar essas pessoas, está preso no quintal.”
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