Lanchinho, agradinho, premiozinho. Muito cuidado com os diminutivos que você anda utilizando para designar os petiscos dados ao seu bicho. pode ser apenas um recurso inconsciente para diminuir uma culpa que afetará o equilíbrio nutricional do animal. devem ser dados apenas de forma planejada
Suely Beloni, professora de Clínica Médica de Animais de Companhia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), explica que, para serem palatáveis, muitos deles têm gordura de sobra, o que pode ser prejudicial. E assim como o humano precisa comer arroz, feijão, carne, fruta, verdura e legume, mas não precisa comer chocolate, sorvete ou bolacha, o mesmo ocorre com os bichos. “A ração basta quanto ao aspecto nutricional”, diz ela, que vê a oferta de biscoitos, palitinhos e courinhos como uma forma recorrente do dono diminuir sua culpa por ter deixado o cão ou gato o dia todo sozinho, como acontece entre pais e filhos. “Há também uma função nobre, de ensiná-los determinados comportamentos, premiando-os de vez em quando.”
Caso o animal receba petiscos de maneira inadequada, ele corre o risco de ter problemas graves de saúde, tanto pelo excesso quanto pela falta da ração equilibrada. “Se come petisco e não a ração, o animal pode ficar subnutrido. Mas, se além dos petiscos ainda come a ração fartamente, pode ficar obeso”, explica o médico veterinário Manoel Eduardo de Oliveira Valim, do departamento técnico da Total Alimentos, que acha que os petiscos só podem substituir a ração em emergências.
Valim explica que na composição de alguns produtos da empresa são utilizados arroz quebrado, carne de frango, farelo de soja e gordura de frango – componentes de rações – mas que a maioria dos petiscos do mercado não possuem equilíbrio nutricional. “Muitos deles são feitos apenas à base de farinha de trigo tostada e por isso são considerados apenas agrados“, confirma.
Por isso os donos de cães e gatos devem ficar de olho nos rótulos – conferindo os níveis de gordura e corantes utilizados – e saber quais são os melhores petiscos para o animal, principalmente aqueles mais secos e crocantes, como explica Maria Izabel Ribas Valduga, diretora da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (Abov)e proprietária da Odontocão, já que os snacks macios e gordurosos trazem maior aderência aos dentes, predispondo à placa bacteriana, tártaro e doenças periodontais.
A freqüência dos petiscos também pode causar problemas. Comer a guloseima como agrado só no fim de semana é uma situação, mas se o cão ou gato está deixando de comer a ração para ficar só com o agrado, a nutrição pode desequilibrar. “As rações têm o nível de proteína e vitaminas necessário, enquanto uma dieta apenas de petiscos não dará a mesma composição nutricional”, diz.
