Animal

“Meu cachorro tem ciúmes de mim”: o que fazer quando o animal é possessivo

Daniela Drummond
24/06/2018 17:00
Thumbnail

Photo by Angelina Litvin on Unsplash

Os comportamentos possessivos de um animal de estimação compreendem aqueles como o ciúme quanto a um espaço, a uma pessoa, a outro animal ou a um objeto. Por exemplo: quando o bicho ataca as pessoas ou outros animais quando eles se aproximam da sua comida ou quando as pessoas chegam em um determinado ambiente da casa. Ou, ainda, quando o animal tem ciúmes de um brinquedo, rosnando caso tentem pegá-lo ou mesmo avançando nas pessoas. O ciúme relacionado ao dono é aquele em que uma segunda pessoa tenta se aproximar e o animal reage, rosnando ou atacando.
Segundo os especialistas entrevistados, os animais desenvolvem esse comportamento por problemas em sua socialização, mas é possível reensinar e corrigir mudando de atitude com o pet. Em casos mais graves é preciso buscar a ajuda de um médico veterinário. Há casos em que os animais têm transtornos de humor, e como as pessoas, eles têm algum problema orgânico, relacionado ao sistema nervoso e aos neurotransmissores, o que faz com que sejam mais instáveis e impulsivos e precisem de tratamento com medicamentos, além da reeducação.
Um cão adulto já tem a personalidade formada, mas pode se adaptar mais fácil aos hábitos da família. Foto: Bigstock
Um cão adulto já tem a personalidade formada, mas pode se adaptar mais fácil aos hábitos da família. Foto: Bigstock
De acordo com Ceres Faraco, especialista em comportamento de cães e gatos do Instituto de Saúde e Psicologia Animal (Insta), há animais com comportamento ciumento, possessivo e protetor. O ciumento tem dificuldade de aceitar a aproximação de outras pessoas ou animais, como se o outro estivesse ameaçando seu vínculo.
São exemplos casos como o de casais (em que o animal sente ciúme de um dos parceiros e evita que ele se aproxime). O possessivo tenta reivindicar e controlar as coisas que ele considerada ter — pode ser um objeto, a comida, outro animal ou pessoa.
E finalmente o animal protetor: ele percebe alguma ameaça em potencial e atua em relação a essa percepção de risco.

Possessão ou proteção?

A especialista explica que muitas pessoas confundem o comportamento de possessão de ciúmes com o de proteção. Porém, neste o animal não vira contra seu tutor ou outras pessoas do seu convívio na casa. Segundo Ceres existem vários motivos para os animais desenvolverem essa conduta.
Prática de permitir que tutores levem seu pet ao trabalho vem crescendo no Brasil. Foto: Bigstock.
Prática de permitir que tutores levem seu pet ao trabalho vem crescendo no Brasil. Foto: Bigstock.
“Em regra geral esses animais são inseguros e instáveis, eles não adquiriram uma sociabilidade suficiente e tiveram ou têm equívocos de manejo, por exemplo. É difícil entender a aceitação de um animal que ataque e morda algum membro da família, o animal não está bem situado, não está harmônico. A questão emocional, instabilidade e insegurança, faz com que ele possa desenvolver essa agressividade”, explica.

Reeducação

Para reeducar é preciso mudar a resposta dada à ação do animal, alterando o desfecho do que ocorreria. “Quando ele rosna e ameaça alguém da família, em regra geral, as pessoas falam com o animal, tentam segurá-lo. Essas medidas são um reforço para o comportamento, pois o animal sente que está ganhando atenção e sendo fortalecido e repete. Bastaria a pessoa sair de onde está e ignorar o comportamento, que é uma forma de dizer que o comportamento não resulta no que o animal quer”, ensina a médica veterinária.
O especialista em comportamento de cães e gatos e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Paulo Parreira, ressalta que as pessoas devem estudar muito antes de terem um animal de estimação e aprenderem a lidar com ele, buscando informações de como educá-los, principalmente nas fases iniciais. “O ideal é a pessoa socializar o animal desde filhote e realizar a e dessensibilização do animal, por exemplo, colocando a comida no pote e ensinando a deixar o dono a mexer no pote enquanto ele se alimenta”, ressalta.

Dentro de casa e mimado

Parreira afirma que o comportamento possessivo se torna incômodo para as pessoas principalmente nos animais de companhia, que geralmente vivem dentro da casa das pessoas e acabam sendo mais mimados. Mas o desenvolvimento desse comportamento possessivo na maioria das vezes é fruto da falta de limites e de socialização com outros animais e com pessoas de diferentes idades.
LEIA TAMBÉM