Animal

O que levar em conta na hora de ter vários cachorros

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
08/07/2016 22:00
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Natasha e Guilherme Murta com Dóris, Rambo e Rocky: boa convivência teve orientação. Fotos: Arquivo pessoal

A chegada de Rocky Balboa, um exemplar da raça bull terrier, à vida dos médicos Guilherme e Natasha Murta, alegrou a vida do casal, ainda sem filhos. Inteligente, porém teimoso, o cachorro demonstrou, contudo, ser um pouco possessivo em relação aos donos. “Percebemos que era hora de ele ter uma companhia de outro cão”, recorda Guilherme.
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Foi quando o casal encontrou Dóris, também bull terrier. O que era para ser a solução do problema, com o tempo se revelou outra preocupação: a fêmea, apesar de amorosa, era territorialista, ciumenta e de difícil relação. “Ela, assim como o Rocky, precisou passar pelo adestramento para resolver questões comportamentais”, conta o médico.
Na sequência, o casal resolveu encontrar um amigo para Rocky e Dóris. Eles optaram pelo brincalhão Rambo, um american staffordshire terrier, hoje com cinco meses. Depois de buscar orientação profissional para o entrosamento do novo pet, Guilherme finalmente encontrou a harmonia que queria em casa. “Não foi um processo simples, mas as aulas foram fundamentais para que hoje os três convivam conosco e entre si sem sustos e surpresas”, comemora.
A história de Rocky, Dóris e Rambo é um exemplo da importância de se procurar ajuda profissional quando se tem animais com problemas de entrosamento. “Para que a convivência seja pacífica, o dono deve aprender a ditar regras, além de ser calmo, confiante e sem traços de ansiedade ou medo. Quando ele não assume esta responsabilidade, os problemas surgem e se agravam”, explica o adestrador Aguinaldo Diniz.
Um erro fatal é soltar os cães já de imediato e esperar que usem suas próprias regras e estilos de interação para solucionar a situação. Ou seja, a aproximação deve acontecer aos poucos.
Personalidade
Mais do que pensar em combinação de raças, é preciso considerar a personalidade do animal. “Este é um assunto polêmico, pois pode estigmatizar determinadas raças como agressivas e antissociais, mas, pela ótica mais adequada, características comportamentais existem em todas elas. Então, decifrar o estilo é a chave para resolver, evitar e até eliminar os problemas dos cães que não combinam entre si”, argumenta Diniz.
Existem, segundo estudos no Brasil e no mundo, diversos perfis de comportamento dos animais de estimação, como tranquilo, ativo, agressivo, medroso, territorialista, ciumento, dependente e independente.
Adultos e filhotes
Se chegou um filhote, dar prioridade sempre ao animal mais antigo, independentemente da idade e do tamanho, é fundamental. “Quando os donos pegam um filhote indefeso, sentem dó e dão a ele todos os privilégios, mas não sabem que estão criando um ‘monstrinho’ que, em pouco tempo, cobrará isso de todos da casa. O mais antigo, por sua vez, vai ficar com sua condição violada e buscará recobrar a ordem”, esclarece o adestrador Aguinaldo Diniz . Neste momento, as brigas vão começar. Se já começaram, a tendência é piorar. Para estabelecer uma amizade, os cuidados são simples: o mais antigo come e recebe atenção em primeiro lugar. Quando a ordem é infringida, a agressividade assume o controle da situação.
FIQUE ATENTO
três estilos de cães definidos: dominantes, equilibrados e submissos, sendo que os problemas são percebidos entre os dominantes:
  • Dominantes x dominantes = problema, com aumento substancial da probabilidade de brigas.
  • Dominantes x equilibrados = o problema será resolvido sem muito esforço, visto que os equilibrados não vão querer brigar.
  • Dominantes x submissos = sem problemas, pois os submissos não vão brigar.