Comportamento

Camille Bropp Cardoso

5 dicas para encarar melhor a solidão

Camille Bropp Cardoso
04/01/2016 09:00
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Foto: Morgue File.

(Foto: Morgue File)
Vencer a solidão ou usá-la a seu favor; a forma com que você enfrenta o assunto é importante para fazer algo produtivo surgir desse período — no caso de quem o vê apenas como uma dor.
O importante é entender o quanto esse “trabalho interno” é essencial para promover autoconhecimento. Essa é a base das dicas de especialistas ouvidos pelo Viver Bem.
Confira abaixo:
 1) Se você perdeu alguém, encare como uma fase necessária do luto — a que promove reconstrução
“O luto tem seis fases e uma delas inclui a solidão. Mas não significa necessariamente que a pessoa ficará presa no luto e, que depois, isso vai virar uma doença. A solidão mal administrada é a que fica patológica. Para mim, o afastamento foi benéfico, foi um período de reconstrução. Na mitologia grega, a ave Fênix se afasta para se recriar, nascer de novo. A partir da solidão, me abri para a diversidade do mundo. Escrevi muito, fiz listas do que era sensação boa e do que era sensação ruim e me concentrei nas boas”.
Rosângela Cassiano, coach para pessoas em luto. Ela perdeu dois filhos em acidentes de trânsito.
2) Não remoa, pense. O melhor conselho vem da nossa própria cabeça, nem sempre da dos outros
“O CVV não dá conselhos. Nossa filosofia é criar um clima favorável para a pessoa desabafar. Só o fato de ela fazer isso garante apoio emocional, porque ela processa o que está pensando. As pessoas se aconselham com elas mesmas, mesmo porque ela é o foco da conversa.”
Claudiane Araújo, coordenadora do Centro de Valorização da Vida de Curitiba.
3) Aproveite este raro momento de pura liberdade para descobrir o que quer fazer
“Aos 17 anos saí da casa dos meus pais no Mato Grosso do Sul e me mudei para Curitiba. Foi uma sensação maravilhosa poder ser mais independente, descobrir coisas novas, conhecer o mundo. Sempre apreciei muito a liberdade de poder seguir o meu próprio caminho de desenvolvimento pessoal, profissional e espiritual sem precisar da aprovação de alguém”.
Gen Togden, monge budista e especialista em meditação
4) Busque o apoio de políticas públicas ou entidades para encontrar um hobby
“Há muitos estudos sobre como combater a solidão, em especial a social [que acomete pessoas de grupos marginalizados, como idosos e doentes]. Eles envolvem atividades comunitárias, como jardinagem e coral de música, e outras atividades em grupo. Os resultados parecem promissores”.
Andrew Steptoe, coordenador do Institute of Epidemiology and Health Care da University College London
5) Escolha a solidão para recarregar as baterias e aprender a apreciar esses momentos
“Para mim, os retiros de fim-de-semana são excelentes para ‘apertar o botão de pausa’ nas atividades cotidianas. Um retiro de uma ou duas semanas por ano é muito melhor do que as tão almejadas férias. De fato, o retiro não precisa ser em solidão propriamente dita mas precisa ser longe das atividades e pessoas habituais. Durante um retiro mais estrito, em silêncio, é importante seguir um plano ou programa determinado senão desperdiçaremos muito tempo. Para começar, recomendo um retiro de fim de semana, longe de tudo o que é habitual, com um bom livro espiritual que nos leve à reflexão e introspecção. Recomendo muito um e-book chamado Budismo Moderno. Já para retiros mais longos, é importante contar com a orientação de pessoas com mais experiência. Não basta simplesmente isolar-se, porque tem gente que se torna anti-social e já não deseja ver nem falar com ninguém. Isso não é um nível de consciência elevado, mas outra manifestação da nossa visão egocêntrica do mundo”.
Gen Togden