(Foto: Morgue File)
Vencer a solidão ou usá-la a seu favor; a forma com que você enfrenta o assunto é importante para fazer algo produtivo surgir desse período — no caso de quem o vê apenas como uma dor.
O importante é entender o quanto esse “trabalho interno” é essencial para promover autoconhecimento. Essa é a base das dicas de especialistas ouvidos pelo Viver Bem.
Confira abaixo:
1) Se você perdeu alguém, encare como uma fase necessária do luto — a que promove reconstrução
“O luto tem seis fases e uma delas inclui a solidão. Mas não significa necessariamente que a pessoa ficará presa no luto e, que depois, isso vai virar uma doença. A solidão mal administrada é a que fica patológica. Para mim, o afastamento foi benéfico, foi um período de reconstrução. Na mitologia grega, a ave Fênix se afasta para se recriar, nascer de novo. A partir da solidão, me abri para a diversidade do mundo. Escrevi muito, fiz listas do que era sensação boa e do que era sensação ruim e me concentrei nas boas”.
Rosângela Cassiano, coach para pessoas em luto. Ela perdeu dois filhos em acidentes de trânsito.
Rosângela Cassiano, coach para pessoas em luto. Ela perdeu dois filhos em acidentes de trânsito.
2) Não remoa, pense. O melhor conselho vem da nossa própria cabeça, nem sempre da dos outros
“O CVV não dá conselhos. Nossa filosofia é criar um clima favorável para a pessoa desabafar. Só o fato de ela fazer isso garante apoio emocional, porque ela processa o que está pensando. As pessoas se aconselham com elas mesmas, mesmo porque ela é o foco da conversa.”
Claudiane Araújo, coordenadora do Centro de Valorização da Vida de Curitiba.
Claudiane Araújo, coordenadora do Centro de Valorização da Vida de Curitiba.
3) Aproveite este raro momento de pura liberdade para descobrir o que quer fazer
“Aos 17 anos saí da casa dos meus pais no Mato Grosso do Sul e me mudei para Curitiba. Foi uma sensação maravilhosa poder ser mais independente, descobrir coisas novas, conhecer o mundo. Sempre apreciei muito a liberdade de poder seguir o meu próprio caminho de desenvolvimento pessoal, profissional e espiritual sem precisar da aprovação de alguém”.
Gen Togden, monge budista e especialista em meditação
Gen Togden, monge budista e especialista em meditação
4) Busque o apoio de políticas públicas ou entidades para encontrar um hobby
“Há muitos estudos sobre como combater a solidão, em especial a social [que acomete pessoas de grupos marginalizados, como idosos e doentes]. Eles envolvem atividades comunitárias, como jardinagem e coral de música, e outras atividades em grupo. Os resultados parecem promissores”.
Andrew Steptoe, coordenador do Institute of Epidemiology and Health Care da University College London
Andrew Steptoe, coordenador do Institute of Epidemiology and Health Care da University College London
5) Escolha a solidão para recarregar as baterias e aprender a apreciar esses momentos
“Para mim, os retiros de fim-de-semana são excelentes para ‘apertar o botão de pausa’ nas atividades cotidianas. Um retiro de uma ou duas semanas por ano é muito melhor do que as tão almejadas férias. De fato, o retiro não precisa ser em solidão propriamente dita mas precisa ser longe das atividades e pessoas habituais. Durante um retiro mais estrito, em silêncio, é importante seguir um plano ou programa determinado senão desperdiçaremos muito tempo. Para começar, recomendo um retiro de fim de semana, longe de tudo o que é habitual, com um bom livro espiritual que nos leve à reflexão e introspecção. Recomendo muito um e-book chamado Budismo Moderno. Já para retiros mais longos, é importante contar com a orientação de pessoas com mais experiência. Não basta simplesmente isolar-se, porque tem gente que se torna anti-social e já não deseja ver nem falar com ninguém. Isso não é um nível de consciência elevado, mas outra manifestação da nossa visão egocêntrica do mundo”.
Gen Togden
Gen Togden