Comportamento

Carolina Kirchner Furquim, especial

Adoção internacional: entenda como funciona este gesto de amor

Carolina Kirchner Furquim, especial
07/07/2016 17:23
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O casal Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank durante uma de suas viagens ao Malawi nos últimos meses: adoção de criança daquele país foi anunciada nesta quinta-feira (7) (Foto: Reprodução/Snapchat)

O casal de atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank seguiu os passos de Angelina Jolie e virou assunto ao anunciar, nesta quinta-feira (7), a adoção da pequena Titi. A menina, de dois anos de idade, nasceu no Malawi, no continente africano, e já está com sua nova família no Brasil. A revelação foi feita pelo irmão de Giovanna, Gian Luca, que apresentou a criança em uma foto publicada na manhã de hoje no Instagram.
A menina Titi, de dois anos, em foto utilizada pelo irmão da atriz para comemorar a chegada da criança ao Brasil (Foto: Reprodução/Instagram @baldacconi)
A menina Titi, de dois anos, em foto utilizada pelo irmão da atriz para comemorar a chegada da criança ao Brasil (Foto: Reprodução/Instagram @baldacconi)
A assessoria de Giovanna Ewbank confirmou a adoção da criança, mas informou que não poderia dar mais informações por motivos burocráticos. Contudo, estima-se que o processo tenha durado um ano e dois meses, com a realização de uma série de entrevistas, além da entrega e análise de documentação.
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Entenda como funciona
Adotar uma criança nascida no exterior é opção, há um bom tempo, para casais brasileiros. “O fato de o processo ser lento aqui no Brasil pode contribuir para as adoções internacionais, assim como a expectativa por determinadas características do futuro filho. Aí entra também o desejo de melhorar a vida de uma criança em situação de risco e vulnerabilidade social“, diz a juíza da 15.ª Vara de Família da cidade do Rio de JaneiroMaria Aglaé Tedesco Vilardo, também doutora em bioética, ética aplicada e saúde coletiva.
Se a opção for pela adoção de uma criança de outra nacionalidade, o processo terá o curso determinado pela lei local, portanto, deverá seguir todo o trâmite da legislação do país onde a criança será adotada. Segundo a juíza, não existe exigência de que o casal tenha tentado, anteriormente, adotar uma criança brasileira. “Isso infringiria prerrogativas de liberdade. Contudo, antes de decidir pela adoção de uma criança não brasileira, seria importante buscar conhecer mais sobre as daqui e a exata dimensão de sua realidade, que pode ser tão ou mais sofrida quanto a de uma criança africana, por exemplo”.
Belo exemplo
A stylist e produtora de moda curitibana Betina Kleiner Qamar viveu a frustração de não conseguir adotar uma criança brasileira, depois de se submeter a três tentativas de fertilização in vitro, sem sucesso. “Ao buscar informações para dar entrada no processo de adoção de uma criança daqui, fui informada de que perderia muito da prioridade por, à época, viver nos Estados Unidos”, conta. Foi então que ela e o marido, Amir Qamar, nascido no Paquistão, consideraram a possibilidade de adotar uma criança do país natal do pai, o que acabou por se configurar uma adoção local, ainda que além-mar.
O casal Amir e Betina Qamar, com a pequena Yasmin: nacionalidade paquistanesa do pai, fez com que a adoção se tornasse um processo local (Foto: Arquivo pessoal)
O casal Amir e Betina Qamar, com a pequena Yasmin: nacionalidade paquistanesa do pai, fez com que a adoção se tornasse um processo local (Foto: Arquivo pessoal)
“Lá, as meninas nascidas em vilarejos são abandonadas ou, mais tarde, se tornam escravas sexuais e de trabalho. Ou seja, vivem em risco extremo. Nossa filha, Yasmin, foi abandonada pelo pai em um hospital, com três dias de vida, pelo simples fato de ter nascido mulher. Ela sobreviveu a uma meningite e conseguimos adotá-la em seu décimo dia de vida”, diz Betina. Hoje, com 5 anos, a pequena é o maior motivo de felicidade na vida do casal. “Se eu soubesse que um filho adotado me permitira viver esse amor tão intenso, quase irreal, não teria gasto tanto tempo, dinheiro e energia nos tratamentos que fiz”, avalia.
(Foto: arquivo pessoal)
(Foto: arquivo pessoal)
E o futuro já guarda um novo sonho: dar um irmão ou irmã à pequena Yasmin. “Quero ser a mãe de outra criança que vive em risco, de preferência mais velha, seja aqui do Brasil ou não. No Paquistão temos crianças vítimas da guerra e, aqui, vítimas das drogas e outros tipos de violência. A procedência ou a razão do sofrimento não me interessa. Quando se fala em adoção, muitas vezes se pensa só no bem que será feito à criança, mas não se trata de algo unilateral. A sensação de realização que ela dá à vida do casal, especialmente pela história que traz consigo, é incomparável“, conclui.