Comportamento

Thatiana Bueno

“Haters” e “lovers” causam polêmicas nas redes sociais

Thatiana Bueno
12/09/2015 15:06
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Thais Marques (à esq.), Marina Fabri e Sabrina Olivetti, do blog curitibano Coisas de Diva:  muitos elogios, porém volta e meia surgem críticas furiosas. Foto: Divulgação.
Em tempos de tanta opinião e interatividade, especialmente nas redes sociais e nos espaços destinados a comentários em sites de notícias e blogs, manifestações usualmente anônimas e carregadas de polêmica e de intensidade crescem na velocidade da luz. Para quem escreve esses comentários a gíria da internet chama de “haters” os que amam odiar, e de “lovers” os tão amorosos. E há ainda os “trolls”, aqueles que desestabilizam uma discussão, com tom provocativo e enfurecendo os envolvidos.
Sabrina Olivetti, Thais Marques e Marina Fabri, do blog curitibano Coisas de Diva, convivem o tempo todo com esses perfis de seguidores. Depois de quase sete anos de atuação, hoje elas têm mais de 2 milhões de visualizações mensais no blog, cerca de 860 mil visualizações mensais no aplicativo para smartphones, 155 mil fãs no Facebook, 105 mil seguidores no Instagram, 50 mil seguidores no Twitter e mais de 25 mil seguidores no canal do Youtube. São números impressionantes que, obviamente, geram alta interação.
E elas costumam ler cada comentário feito (que em boa parte leva o nome e a foto de quem escreveu). São muitos elogios, porém volta e meia surgem críticas também. “Se for algo que realmente é um erro ou descuido da nossa parte, buscamos melhorar. Porém, certas vezes trata-se apenas de uma ofensa gratuita”. Thais percebe que, infelizmente, algumas pessoas acreditam que os comentários online não têm o mesmo peso de algo feito na “vida real”. E enfatiza o fato de os comentários poderem ser anônimos, pois a pessoa só precisa colocar um nome e um e-mail para comentar, mas pode inventar o que quiser. Fica fácil ser rude sem mostrar a face.
Fernanda Musardo, consultora de mídias sociais, lembra que “tudo na internet é sempre um exagero. Amor, ódio, alegria, tudo para parecer mais do que é. A finalidade disso sempre é satisfazer o próprio ego”. Leonardo Fd Araujo, psicólogo e psicoterapeuta, reforça que o hater pode ser também quem pratica cyber bullying, pois “as redes sociais expuseram ainda mais essa faceta do ser humano. As tecnologias em uso são muito novas, em termos históricos os pouco mais de 20 anos de internet, 10 anos de redes sociais e sete anos de smartphones são apenas um suspiro. Ainda estamos aprendendo a lidar”.
Haters gonna hate
O termo hater veio de “haters gonna hate”, bastante popular na internet pelos memes engraçados, e a expressão por sua vez surgiu de uma música de hip-hop da banda 3LW (3 Little Women), em meados dos anos 2000. Desde então, segundo Fernanda, hater virou uma gíria para expressar uma pessoa odiosa, ou irritante mesmo, que geralmente se protege pelo anonimato e gosta de ‘atacar’ com palavras, busca expor seu “alvo” publicamente, o desvaloriza. A expressão “odiadores irão odiar” costuma ser associada à atitude de não dar importância para o que vão falar – ou odiar – porque vão fazer isso você querendo ou não.
A postura de não se importar com os haters costuma dar certo porque, alerta Fernanda, “eles precisam da atenção dos outros. Não ceder às provocações e ignorar costuma ser a melhor arma para não dar audiência”. Leonardo faz coro e avisa que se o hater entende que atingiu o alvo, e isso foi percebido por outras pessoas, ele continuará.
As três bloggers aprenderam a lidar com as críticas após respirar fundo, dar um tempo e voltar a ler mais tarde com o sangue frio, sem impulsividade. Assim conseguem analisar se a crítica é construtiva ou apenas ofensa gratuita. Muitas vezes, suas leitoras entraram na conversa para defendê-las antes mesmo de reagirem. “Tivemos haters anônimos, que não sabiam que nós temos o controle de quem comenta pelo IP de seu computador. Houve casos de meninas que elogiavam em um post e depois vinham xingar com outro nome. Identificamos e bloqueamos quem fazia isso”, revelam. Elas costumam tomar medidas para que a pessoa não possa comentar mais.
Da mesma forma age o médico Marcelo Arantes – conhecido como Dr. Marcelo. Durante painel no Curitiba Social Media (CSM), realizado em agosto, ele comentou que em seu Twitter utiliza “o block que liberta” e também recorre ao “silenciar”, quando as postagens de um usuário deixam de aparecer na sua linha do tempo, mas é possível continuar seguindo-o. “Assim a pessoa acha que você está lendo, e às vezes é só isso que ela precisa”.
Muito amor
Há quem odeie, mas há muito amor na rede também, como os “brand lovers”, que são pessoas embaixadoras de diversas marcas. Recentemente, a atriz Juliana Paes declarou que as redes sofrem um efeito “espelho da Branca de Neve”, em que todo mundo está lá para ouvir que é lindo. A consultora afirma que até se deve dar alguma atenção ao comentário “meloso demais”, mas não “dar muita corda”. Se amor e ódio são intensos da mesma maneira nas redes, o equilíbrio é sempre a melhor saída, inclusive para absorvê-los. “No caso de uma enxurrada de comentários apoiando determinada atitude, a influência que se tem é de continuar naquele caminho (mesmo em uma atitude considerada perigosa, como o ultraemagrecimento – vide os casos de obsessivas por “barrigas negativas” – ou a realização abusiva de cirurgias plásticas e de modificações corporais), ou ainda desencadear um “vício” por elogios. Perceber que chamamos atenção, que somos queridos e amados, isso contagia”, garante o psicólogo Leonardo. Ele ainda comenta que, às vezes, é preciso ter receio mais dos elogios deslavados, que podem sim esconder segundas intenções, do que de um ataque, que diz de cara a que veio. A característica da radicalidade costuma ser a mesma em lovers e haters.
Casos polêmicos
Listamos alguns casos públicos recentes que repercutiram não pelo post em si, mas pelos comentários a partir do post:
Fernanda e as babás
Bela Gil e cúrcuma
Madonna e os filhos