Se quando você pensa em terapia a imagem que lhe vem á cabeça é do paciente deitado no divã no consultório do psicólogo, você precisa atualizar seus conceitos. A vida corrida, a falta de tempo, viagens constantes e a carência de profissionais na cidade são alguns dos motivos que impulsionaram uma nova forma de fazer terapia: à distância.

A discussão sobre o atendimento psicológico on-line é antiga, mas só há pouco tempo foi regulamentada. “A prestação de serviços por meio de Tecnologia de Informação e Comunicação (TICs) tem sido pauta no Sistema Conselhos de Psicologia desde a década de 1990”, afirma Ludiana Cardozo Rodrigues, a presidente da Comissão de Orientação e Fiscalização do Conselho Regional de Psicologia do Paraná.

A profissional conta ainda sobre a importância de reforçar que a Resolução CFP nº11/2018, que permite o atendimento psicológico online, foi construída sob o prisma de mudança de paradigma a respeito da prestação de serviços de psicologia mediados por  novas tecnologias. “Na Resolução CFP N° 011/ 2012, revogada pela atual normativa, o paradigma da prestação de serviços era vinculado à existência de um site cadastrado. Agora, a Resolução está embasada no fato de que o profissional será responsável pleno pela adequação e pertinência dos métodos e técnicas na prestação de serviços, não havendo necessidade de vinculação à um site”, explica Ludiana.

Entre os benefícios da nova resolução, ela aponta que o acesso foi facilitado: algumas pessoas que têm dificuldades de locomoção, ou que residem em regiões que não têm serviços psicológicos, por exemplo, agora podem ser atendidas. “Mas, é importante lembrar que os cuidados éticos da profissão são os mesmos da modalidade de atendimento presencial”, aponta.

Mudanças, expectativas, dificuldades, estresse, ansiedade, depressão, sentimentos confusos e busca pelo autoconhecimento são alguns dos muitos motivos que levam pessoas a procurarem o acompanhamento de psicólogos que, no Brasil, conta com mais de 328 mil profissionais.

Gilceley Santos, psicanalista, psicóloga e consultora de relacionamentos empresariais, conta que há mais de 25 anos escuta seus analisados também por outras vias que não presencialmente. “O atendimento a distância não é uma prática que começa com a internet. Eu já atendia por telefone àqueles que, por alguma razão, não podiam vir até meu consultório. Hoje, 30% de meus analisados são atendidos por Skype”, diz. Para Gilceley, a prática da profissão tem como únicas ferramentas de acesso para o tratamento a fala do paciente e a escuta do profissional.

“Penso que o atendimento via internet é avanço irreversível”, conta Gilceley. De acordo com a visão da profissional, as formas de contato entre psicólogo e paciente precisam acompanhar as necessidades da vida atual para que não caiam em desuso. Afinal, como seria possível lidar com problemáticas vividas hoje se a profissão ainda se mantivesse presa a modelos do passado? “Não acompanhar os movimentos e as necessidades da vida contemporânea seria estagnação em uma cultura ultrapassada”, conclui.