Comportamento

Raquel Derevecki

Mulher encontra aliança em chão de supermercado e mobiliza cidade para encontrar o dono

Raquel Derevecki
20/02/2019 16:43
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Foto: Carolina Levorato TV TEM

Perder a aliança de casamento datada de 1963 e produzida com 10 gramas de ouro deixou o aposentado Vicente Lazarini, de 81 anos, desolado. “Aquela aliança representava nossa história, nosso elo em 55 anos de casamento. Nenhuma outra teria o mesmo valor que aquela”, relata o morador de Marília, no interior de São Paulo. O que ele não sabia é que uma auxiliar de limpeza havia encontrado a aliança e, com a ajuda de uma funcionária do cartório de registro civil da cidade, estava trabalhando incansavelmente para localizar o dono e devolver o anel.
Regina Ferreira da Silva Lourenço, de 50 anos, trabalha durante a madrugada limpando um supermercado da cidade e, enquanto varria o chão do estabelecimento, encontrou a aliança perdida.Quando comecei a varrer embaixo das gôndolas, eu ouvi um barulho. Achei que fosse alguma moeda, mas, quando me abaixei para ver, percebi que era uma aliança”, conta a mulher, que trabalha na função há dez anos e nunca havia encontrado algo semelhante.
Segundo ela, a joia era feita de ouro e tinha o nome “Dionéas” e o ano “1963” gravados na parte interna. “Quando vi aquilo, pensei no significado que aquela peça teria para o dono e comecei a pensar no que faria para achar a pessoa”, relata a auxiliar de limpeza que, depois de alguns dias, teve a ideia de procurar o cartório da cidade.
A Auxiliar de limpeza Regina Ferreira da Silva, de 50 anos, encontrou os donos da aliança no dia 7 de fevereiro. Foto: Carolina Levorato TV TEM
A Auxiliar de limpeza Regina Ferreira da Silva, de 50 anos, encontrou os donos da aliança no dia 7 de fevereiro. Foto: Carolina Levorato TV TEM
Ela sabia que a busca seria difícil e que os funcionários do cartório poderiam negar ajudá-la, mas foi ao local no último dia 4 de fevereiro e explicou a situação. “Quando contei o que tinha acontecido, uma moça parou o que estava fazendo para procurar aquele nome nos arquivos”.
A escrevente Jaqueline Catarina Martins, de 22 anos, ficou comovida com a ação da auxiliar de limpeza e aceitou o desafio de “investigar” os dados gravados na aliança. “A procura foi bem minuciosa. Comecei buscando pelo casamento, mas não achei nada porque nosso sistema só tem registros a partir de 1965, e a joia era de dois anos antes”, afirma a escrevente.

Sem localizar dados referentes à união do casal, Jaqueline pesquisou se “Dionéas” havia registrado algum filho e, por sorte, encontrou um descendente. “Nesse registro, consegui o nome completo dos pais e verifiquei nos livros se existiam dados do casamento ou de óbito”.

A funcionária ainda descobriu que a união havia ocorrido em um cartório antigo que existia em outra região de Marília e que os dois estavam vivos. “O problema agora era localizá-los porque Marília é uma cidade grande”. O município tem 237.134 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2018.
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Sem desistir, Jaqueline procurou alguém da família que tivesse reconhecido firma no cartório alguma vez e localizou um cartão de assinatura de um filho do casal. “Ali tinha um número de telefone fixo, então decidi ligar”. Durante todo o processo de busca, Regina aguardava por respostas na recepção, e ficou muito feliz quando a atendente avisou que o dono seria localizado.

Os donos da aliança

O aposentado Vicente Lazarini havia perdido o anel no mês de novembro durante uma compra no supermercado. “Só percebi que estava sem minha aliança quando cheguei em casa. Aí voltei várias vezes no mercado e procurei na casa toda, mas não apareceu. Já tínhamos desistido”, relata o idoso, que ficou comovido ao saber do empenho das mulheres em encontrá-lo. “O que essas pessoas fizeram foi muito bonito e é bem difícil de acontecer”.
Reprodução/Facebook
Reprodução/Facebook
Sua esposa Dionéas Dias Lazarini, de 73 anos, também ficou feliz com a ação porque a aliança tinha valor sentimental. “Fiquei muito triste quando ele perdeu e até falei que, se estava grande, poderia ter tirado antes. Mas não tinha mais jeito”, relatou.

No entanto, ela garante que os três meses sem a joia não abalaram o relacionamento do casal. “Só fiquei nervosa na hora. Um casamento de 55 anos baseado em respeito, honestidade e confiança não se abala assim”.

Vicente e Dionéias se conheceram em 1961, namoraram quase dois anos e hoje têm dois filhos, três netos e um bisneto. Além disso, garantem que a família aumentou após conhecerem as responsáveis pela devolução da aliança. A joia foi entregue ao casal no último dia 7 de fevereiro em um encontro marcado na igreja católica da cidade.
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