Comportamento

Raquel Derevecki

Cão treinado para ajudar tutora em crise de pânico é filmado em ação; veja o vídeo

Raquel Derevecki
22/02/2019 12:45
Thumbnail

O cão Oakley é treinado para auxiliar a jovem Amber em momentos de crise de pânico. Reprodução/Facebook

Pessoas com transtornos de ansiedade, síndrome do pânico, autismo, transtorno de déficit de atenção e outras doenças emocionais podem contar com o apoio de cães para manter a calma e evitar crises. Para isso, os animais precisam receber treinamento para prestar suporte psicológico e devem estar intimamente ligados ao dono para perceber que há algo errado, como ocorreu recentemente  em um aeroporto dos Estados Unidos.
Na ocasião, a norte-americana Amber Aquart apresentou os primeiros sintomas de um ataque de pânico enquanto aguardava a decolagem de seu voo, mas contou com o apoio do cão Oakley para acalmá-la antes que a crise piorasse. A ação do animal foi gravada por um passageiro e o vídeo emocionou pessoas em todo o mundo.
Nas imagens, o cão está deitado em frente à dona e percebe quando ela coloca as mãos no rosto, baixa a cabeça e respira de forma mais ofegante, apresentando sinais de ansiedade.

O animal, então, levanta rapidamente e começa a lamber as mãos e o rosto de Amber na tentativa de chamar sua atenção e retirar as mãos da garota do rosto. A atitude do animal reverte o quadro de saúde da tutora e emociona as pessoas presentes no aeroporto.

Em sua página no Facebook, Amber – que trabalha como adestradora de cães – explica que Oakley foi treinado para prestar atenção aos seus padrões respiratórios, ritmo cardíaco e mãos. Com isso, ao notar qualquer diferença, o animal empurra as mãos da dona para longe do rosto e tenta chamar sua atenção.
De acordo com o adestrador Fernando de Lima Felix, esse treinamento já é comum no Brasil e ensina cães a ajudar pessoas que sofrem com problemas emocionais. “É um trabalho gratificante porque o cachorro passa a ter muita empatia pelo dono a ponto de acalmá-lo devido à sintonia emocional que existe entre os dois”, afirma o responsável pelo site Eduque Meu Cão. Para isso, o animal é treinado para perceber os momentos em que o dono está triste e agir nessas horas de crise com alguma brincadeira ou demonstração de carinho.
O cão Oakley é treinado para auxiliar a jovem Amber em momentos de crise de pânico. Reprodução/Facebook
O cão Oakley é treinado para auxiliar a jovem Amber em momentos de crise de pânico. Reprodução/Facebook

“Ele também pode auxiliar crianças com autismo, hiperatividade ou outros problemas, ajudando o dono a manter a calma em lugares movimentados como agências bancárias ou supermercados, por exemplo”.

O segredo, segundo o adestrador, é passar ao cão o roteiro que ele precisa seguir com o tutor. “Assim, vai aprender aquilo e ainda ficará muito feliz quando conseguir o resultado esperado após acalmar a pessoa. O cachorro ama fazer aquilo”, explica Felix.
Foto: Reprodução/Facebook
Foto: Reprodução/Facebook
No entanto, o treinamento é difícil e pode levar semanas ou meses. De maneira geral, cães mais velhos demoram mais para aprender, enquanto filhotes a partir de dois meses de adaptam com mais facilidade às novas regras. “Mas vai depender de cada animal, de como é o comportamento dele e do entrosamento que ele tem com o paciente”, explica o treinador.

Epilepsia, diabetes e outras doenças

Além de receber treinamento psicológico, cães também podem aprender a lidar com pacientes que sofram de doenças como epilepsia ou diabetes, em que os pacientes podem desmaiar ou sofrer ataques em que perdem o entendimento de seus atos. “No caso de um ataque da epilepsia, por exemplo, em que a pessoa fica se batendo sem controle, o cão pode colocar a sua cabeça embaixo da cabeça do dono para protegê-lo”, afirma o adestrador.
Segundo ele, o cachorro também pode aprender a buscar o kit de primeiros socorros para o tutor em uma situação de emergência ou até um doce nos casos de hipoglicemia, por exemplo, quando o nível de açúcar no sangue fica muito baixo. “O cão é treinado para identificar que existe algo errado e toma alguma providência a respeito”. Esse treinamento de assistência médica, no entanto, ainda não é comum no Brasil e há poucas instituições disponíveis para realizá-lo.

Tratamento

Mas é preciso ficar atento às doenças e tratar a causa, e não apenas os sintomas. No caso da crise de pânico, por exemplo, o gatilho causador pode ser até mesmo o cão. “Algumas situações desencadeiam uma ansiedade enorme que tem efeitos no corpo, inclusive físicos. Isso acontece quando o sujeito não dá conta de alguma situação. A causa pode ser uma palavra ou um acontecimento e a reação acontece em forma do que hoje conhecemos como pânico”, explica a psicanalista Cláudia Serathiuk, lembrando que a psiquiatria e a psicanálise tratam o problema de formas diferentes.
LEIA MAIS