Comportamento

Redação, com Marina Mori

Museu da Empatia incentiva as pessoas a se colocarem no lugar do outro

Redação, com Marina Mori
29/11/2017 06:00
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Mostra em São Paulo propõe olhar o mundo do ponto de vista de outras pessoas. Foto: Reprodução/Twitter | Carolina Werneck Bortolanza

Caminhando em seus sapatos…” A frase, estampada do lado de fora do que parece uma caixa de sapatos gigante no meio do Ibirapuera, em São Paulo, é, na verdade, um convite. Trata-se de uma mostra inspirada do Empathy Museum,  sediado em Londres, ou Museu da Empatia, em tradução livre, para permitir que as pessoas se coloquem por alguns minutos no lugar de outros seres humanos.
Inaugurado no último dia 18 de novembro, o Museu da Empatia pode ser visitado até 17 de dezembro, na área externa do pavilhão da Fundação Bienal de São Paulo, que fica no Parque Ibirapuera.
Através do projeto “Caminhando em seus sapatos” foi feita uma curadoria de 25 histórias contada por 25 personagens diferentes com o intuito de que o ouvinte possa se colocar no lugar do outro. A ação acontece dentro de uma grande caixa de sapatos.
Do lado de dentro, o visitante pode escolher uma das 25 caixas de sapatos disponíveis. A proposta é calçar os sapatos que estiverem dentro delas e caminhar com os sapato enquanto se escuta as histórias de seus donos (utilizando fones de ouvido). A história é contada por quem usa aqueles sapatos na realidade.
Assim, conhece-se um pouco da vida de refugiados, prostitutas ou pessoas com doenças incuráveis. A experiência ajuda a entender como outras pessoas se sentem, de modo a gerar um processo de empatia com o outro. Cada depoimento dura cerca de dez minutos.
Dentro da gigantesca caixa de sapatos, 25 caixas menores trazem histórias de vida. Foto: Reprodução/Twitter
Dentro da gigantesca caixa de sapatos, 25 caixas menores trazem histórias de vida. Foto: Reprodução/Twitter
“A instalação propicia uma experiência participativa e envolvente e convida o público a repensar as relações sociais de preconceito, conflito e desigualdade“, explica o site da mostra.
Mas o que é empatia?
Empatia é a capacidade para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Ou seja, tentar compreender sentimentos e emoções do outro.  Mas será que a palavra – ou mais ainda o sentimento – é algo comum nos dias de hoje?
Se ao se perguntar se você costuma ter empatia pelo outro, e a resposta automaticamente for sim, isso faz com que você se considere uma pessoa “legal”, empática. Mas pode não ser bem assim: um estudo conduzido pelo professor do departamento de psicologia de Goldsmiths, da Universidade de Londres, Jonathan Freeman, avaliou quão “legais” as pessoas se percebem. Resultado: dos 100 entrevistados, 98 acreditam fazer parte do grupo. Será?
De acordo com o estudo, a palavra “legal” está intrinsecamente relacionada com características positivas como confiança, compaixão, empatia e inteligência emocional. Pessoas que se consideram legais tendem a praticar mais atos de ‘bondade’, ou seja, afirmaram durante a pesquisa que ajudam, com frequência, estranhos a carregar malas pesadas, a empurrar carros emperrados e a segurar portas para estranhos, por exemplo.
Para Ulisses Domingos Natal, coordenador-adjunto do curso de psicologia da PUCPR, essa percepção da autoimagem representa a forma como o indivíduo se sente a respeito das próprias potencialidades e atitudes. A formação da autoimagem começa na infância e leva em conta a história de vida, os grupos sociais e os relacionamentos vividos pelo indivíduo. Isso está ligado à autoestima, que representa o quanto nós gostamos de nós mesmos”, afirma.
Você pode ter empatia, ou nem tanto
Considerar-se uma pessoa agradável  é bom, mas é preciso cautela. O modo como nos percebemos, afinal, pode ser totalmente diferente de como os outros nos veem, segundo o psicólogo.
“A supervalorização da imagem pode acarretar diversos problemas para o indivíduo, considerado narcisista e, em alguns casos, prepotente. Quando se tem uma visão de si mesmo diferente da realidade, é difícil lidar com críticas externas”, explica Natal. Em outras palavras, quem se acha muito legal tem mais chances de se frustrar.
A chave para uma autopercepção real, de acordo com Cairu Vieira Corrêa, psicólogo clínico e professor do curso de psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná, é observar como as pessoas ao nosso redor nos percebem.

“É preciso haver um equilíbrio entre aquilo que penso, sinto e expresso e o modo como transmito isso aos outros, pois às vezes eles me percebem de uma forma que eu não me vejo”, diz.

Então, indo ou não a São Paulo conhecer o Museu da Empatia, é bom fazer sempre o movimento de se colocar no lugar do outro. Você já fez esse exercício hoje?
SERVIÇO
Museu da Empatia – Caminhando em seus sapatos…  no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, até 17 de dezembro.
De terça a sexta, 10h às 19h  e sábados e domingos, 11h às 20h
Entrada franca com a capacidade de 25 pessoas por vez (senhas distribuídas no local).
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