Comportamento

Da redação com a colaboração de Taiana Bubniak

O ciclo do óleo

Da redação com a colaboração de Taiana Bubniak
30/05/2010 03:05
Os óleos vegetais e animais utilizados na culinária são altamente poluentes quando despejados no esgoto ou em aterros sanitários. A bióloga Carolina Delong, especialista em Gestão Ambiental, explica que o produto até é biodegradável, mas o principal problema é quando ele se mistura com os recursos hídricos. “Depois do contato, óleo e água dificilmente se separam. Fica difícil tratar essa água, o óleo absorve outras substâncias e degrada a tubulação. Se for jogado no solo, contamina o lençol freático”, diz.
A estimativa é de que um litro de óleo seja capaz de “estragar” um milhão de litros de água. “É como se você pegasse uma gota de óleo e dividisse em 50 partes. Cada partezinha é capaz de contaminar um litro de água”, compara.
Assim como outros detritos, o óleo pode ser reutilizado. É possível, por exemplo, produzir sabão em barra a partir do óleo de cozinha usado.
Em Itaperuçu, região metropolitana de Curitiba, a Ambiental Santos transforma o óleo de cozinha usado em tinta, verniz e material para a indústria de concreto e asfalto. Na fábrica, específica para processamento de óleo, o material recolhido em restaurantes, cozinhas industriais, empresas e condomínios passa por uma rigorosa seleção. O material inutilizável vai para a incineração, o resíduo alimentar esterilizado é destinado à suinocultura e a água separada do óleo é tratada e utilizada para limpeza na própria indústria.
Marcos Antonio Dalcin, proprietário da empresa, explica que a coleta do óleo é feita gratuitamente em diversos pontos da ci­­­­dade, desde que haja no mínimo 50 litros do produto. “Além dos coletores espalhados em vários estabelecimentos, qualquer um que tiver interesse e quiser se reunir com vizinhos e amigos pode ir armazenando o óleo usado em garrafas pet, em vidros ou potes de plástico. Se formos avisados, uma equipe faz o recolhimento desse material”, conta. Além de destinar o óleo corretamente, o doador recebe em troca sabão e detergentes feitos com óleo usado. “Essa é uma forma de incentivar a entrega. Todo mundo sai ganhando”, comenta Dalcin.
Só na boa vontade
A prefeitura de Curitiba faz o recolhimento de óleo de cozinha usado em 89 pontos do programa Câmbio Verde (que troca lixo reciclável por alimento) e nos 24 terminais de ônibus urbano. Os pontos de coleta da Ambiental Santos estão em supermercados, agências bancárias e estabelecimentos comerciais. Mas como não existe meio de obrigar o descarte correto, o encaminhamento do óleo é uma iniciativa voluntária.
De acordo com dados do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), há três empresas no estado aptas ao processamento do óleo de cozinha: além da Ambiental Santos, em Curitiba, a Ambiental Vitare, em Santa Terezinha do Itaipu, e a Ambiental Frango Vita, em Maringá.