“Fugimos do carnaval do Rio e viemos parar em Curitiba”
Amanda Milléo
25/02/2017 13:40
Mônica e Antônio Guimarães fugiram do Rio de Janeiro, como fazem todo ano, para "pular" (literalmente) o carnaval em Curitiba (Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo) | Gazeta do Povo
Curitiba é o reduto dos não-foliões de carnaval no Brasil. A prova é o casal Mônica Guimarães, 51 anos, jornalista, e Antônio Guimarães, 60 anos, advogado, que vivem o ano inteiro no Rio de Janeiro, menos na época da folia. Acostumados a fugir para outras cidades quando os turistas começam a chegar à Cidade Maravilhosa, os cariocas já passaram por todas as capitais do sul do país, além de algumas cidades estrangeiras, e desta vez escolheram visitar Curitiba.
“Viemos para cá justamente para fugir do carnaval. Fazemos isso todos os anos. Não dá para ficar lá no Rio. O Nordeste, por exemplo, é outro Rio de Janeiro. Não dá para ir”, explica Mônica, que contou as motivações da viagem com o marido durante um passeio pelo ônibus da Linha Turismo, no qual o Viver Bem embarcou na manhã deste sábado (25).
Recém-chegados à cidade (vieram na noite anterior), o casal ainda não tinha visto todos os pontos turísticos da capital paranaense, e pretendia passar por todos no ônibus, antes de descerem e conhecê-los de perto. Todos, desde que distantes de qualquer resquício carnavalesco. “Quando faltaren cidades sem carnaval no Brasil, vamos para fora. Ano passado aproveitamos para conhecer a Argentina. Agora, vamos esperar a economia melhorar”, diz Antônio.
Quem acha que os estrangeiros preferem curtir a folia em cidades mais reconhecidas pela festa brasileira, estão enganados. Pelo menos é o que pensa o casal britânico Peter e Annabel Eatherley, 70 e 69 anos, administrador e designer, respectivamente. “Eu vim para o Brasil outras vezes, para outros carnavais, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Estávamos em São Paulo, eu e minha esposa, antes de virmos para cá. Lá é um pesadelo, muita gente, muita loucura. Eu já tinha ouvido falar muito bem de Curitiba e nos surpreendemos com a cidade. Aqui é bem mais tranquilo”, explica Peter, que vive com a esposa em Londres.
Quando questionado sobre o que mais lhes chamou a atenção na capital paranaense, Annabel foi categórica: a limpeza. “Em todas as ruas têm esses homens de roupas laranja limpando, catando o lixo das ruas. Acredito que Curitiba é até mais limpa que Londres, e é muito organizada também”, diz Annabel, que ficará quatro dias na cidade, depois segue com o marido para Florianópolis, visitar amigos. Do passeio no ônibus, o casal saltou em frente ao Museu Oscar Niemeyer, pelo qual aguardavam com ansiedade.
Fabiana Souza dos Santos, administradora de 25 anos, e Eduardo Henrique Souto da Silva, quadrinista de 32 anos, estavam em um canto do ônibus, próximo à porta, agindo como verdadeiros “fugitivos” que eram. Os dois, cariocas, também preferiram evitar a folia carnavalesca do Rio de Janeiro e aproveitaram que a passagem aérea para Curitiba estava dentro do orçamento. Este, inclusive, foi o principal fator motivador para que conhecessem a capital paranaense.
“Como é um custo pesado viajar no carnaval, optamos por algo mais barato. Mas pretendemos conhecer também a região. Ficaremos o fim de semana em Curitiba e segunda e terça-feira vamos visitar a Ilha do Mel”, disse Fabiana.
O primeiro ponto de parada dos dois foi no Jardim Botânico, assim como a primeira descida do ônibus das amigas Cristiane Magalhães, 31 anos, assistente de comércio exterior e Raquel Biacchi, 35 anos, assistente social, ambas de cidades do interior de São Paulo.
Para fugir do calor (a temperatura máxima em Curitiba para o sábado é de 26°C, com previsão de chuvas esparsas) e conhecer uma cidade muito recomendada pelos amigos, as duas decidiram vir para a capital neste carnaval. Chegadas da noite anterior, elas esperavam encontrar Curitiba vazia, e deram sorte. Apesar da fila para entrar no ônibus de turismo, as ruas e calçadas estavam pouco movimentadas nesta manhã. “Viemos para descansar e curtir a culinária local. Pretendemos ir para Morretes amanhã, de trem”, diz Cristiane.
Foi a peculiaridade de Curitiba que trouxe de volta à cidade Vilma Palestino, de 83 anos, aposentada e Eduardo Musto da Silva, de 38 anos, professor. Ambos de São Paulo, os turistas conheciam a capital paranaense de outras viagens, mas sentiram falta dos parques e da tranquilidade daqui e por isso voltaram.
“Não gostamos de carnaval também e isso ajudou. Mas é uma cidade muito diferente de São Paulo. É sem folia. Aqui tem lugares peculiares, como o Parque Ucraniano, o Bosque do Alemão. Mesmo em uma cidade grande, como São Paulo, você não encontra lugares como esses aqui”, relata Vilma, que escolheu descer do ônibus no Bosque do Alemão.
Mas nenhum turista tem uma história de amor e paixão por Curitiba como a publicitária Kelen Vianna, 26 anos, e o professor Marcel Palhares, 37 anos. Juntos há dois anos, o casal havia trocado, entre as juras de amor, as promessas de um dia conhecer as terras paranaenses devido a um sonho muito antigo, que remonta às propagandas do antigo Banco Bamerindus.
“’O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa’. E aquela outra: “Quero ver você não chorar, não olhar para trás…’ Essas músicas fizeram parte da minha infância e eu tinha o sonho de conhecer a cidade, ver o Palácio Avenida, andar por aqui”, diz Marcel, que até se emocionou ao ver de perto o Palácio Avenida, na rua das Flores, local das cantatas de Natal do Banco Bradesco.
Kelen, também amante antiga da cidade, perseguia nas redes sociais Instagram e Facebook fotos e perfis do Jardim Botânico. “Fomos ontem (sexta-feira, 24) especialmente lá e ficamos só olhando, vislumbrando a paisagem. É linda demais, né?”, conta a publicitária, que vive em Brasília, mesma cidade do noivo.
Como o sonho de visitar Curitiba era antigo, Marcel e Kelen não podiam se contentar com poucos dias na cidade. “Chegamos dia 19, pretendemos ficar 10 dias aqui. E estamos achando pouco! Fomos em vários barzinhos e queremos até ir ao carnarock, ver os zumbis nas ruas”, diz Marcel, o planejador da viagem, que surpreendeu a noiva com as passagens. “A gente ia para São Paulo, Rio de Janeiro e eu sempre falava: ‘amor, CURITIBA!’ Até que deu certo”, conta Kelen.
Linha Turismo
O ônibus percorre 44 km em cerca de duas horas e meia por 25 pontos turísticos de Curitiba. O passeio começa pela Praça Tiradentes, mas qualquer um dos pontos de parada podem ser os locais de partida, basta ficar atento aos horários em que o ônibus passa.
Para fazer o passeio, o interessado deve adquirir uma cartela com cinco tíquetes, que dão direito a um embarque e a quatro reembarques. Os ingressos custam R$ 45 (os cinco) e podem ser comprados nos ônibus, apenas em dinheiro, em qualquer ponto de embarque.
Atenção: crianças até 5 anos de idade não pagam a tarifa.
Veja todos os horários em que o ônibus da Linha Turismo passa em cada ponto aqui.