Autora dá dicas preciosas para assumir os cachos

Sabrinah Giampá, 36 anos, viveu dois diferentes momentos de vida: enquanto alisava os cabelos e depois, quando decidiu deixar seus cachos naturais. De tanto procurar métodos para deixar os fios lisos (relaxamento, escova japonesa e escova progressiva); um dia se olhou no espelho e passou a não se reconhecer mais. Foi aí que tomou a decisão de deixar seus fios naturais.

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A autora do “O Livro dos Cachos”, da editora Paralela R$ 39,90, se especializou em cachos e até tornou-se cabeleireira. Ela, assim como grande parte das mulheres de cabelo cacheado, foi criada para acreditar que os seus fios “diferentes”, “rebeldes” e “fora do lugar”, eram um grande problema. Passou parte da vida tentando consertar aquilo que considerava um erro da natureza. Gel, tiaras, elásticos e muito estica e puxa eram seus principais aliados. “Lembro-me da primeira vez que fiz uma escova, fiquei emocionada quando conheci uma versão bonita e ‘apropriada’ de mim mesma”, conta. O problema que a jornalista percebeu aos poucos é que métodos de alisamento como a progressiva não tiram apenas o volume dos cabelos, tiram a essência das pessoas, a vitalidade e o brilho dos fios.

Para ela, assumir os crespos não é apenas um ato político que desafia o padrão de beleza imposto pela sociedade. “É assumir a própria essência, se reconhecer e se aceitar”, fala. O problema, no entanto, é que a maior parte da indústria de cosméticos trata os cabelos como se fossem todos iguais – e ainda há muito preconceito enrustido por aí – em pleno 2016. “Deixar os fios secarem por conta própria é uma experiência libertadora magnífica. Eu descobri uma nova fonte de prazer por poder arrumar e cuidar do meu próprio cabelo”, comenta.

Em 2012, uma pesquisa da Unilever, realizada pela Kantar Worldpanel, mostrou que apenas 30% das mulheres com cabelos cacheados usavam cabelos naturais. Sabrinah sabe que este número não para de aumentar. E para estimular cada vez mais mulheres a assumirem os seus cabelos naturais ela explica o “Big Chop” (grande corte em tradução livre). É o momento onde se corta todo o cabelo alisado – muitas vezes ficando com um Joãozinho. Este é outro problema que algumas mulheres enfrentam: muitas não têm coragem de deixar os cabelos curtinhos, pois acreditam que encurtar as madeixas também as deixa menos femininas.

Depois de encarar o Big Chop uma das dicas da autora é a de cortar os fios a cada dois ou três meses. “Mesmo que você pretenda cortar toda a parte alisada de uma vez, é sempre possível livrar-se das pontas secas que camuflam o crescimento dos fios”, diz. Usar uma vez por semana um xampu antiresíduo ajuda a remover a química, mesmo que superficialmente. O problema é que seu uso exagerado pode remover ressecar demais as madeixas. “Use uma vez por semana e combine depois com uma boa hidratação”. A outra dica é a de evitar componentes petrolados no xampu ou condicionador. “Estes ingredientes criam uma barreira impermeável nos fios, evitando que absorvam ativos hidratantes como os óleos naturais”, diz.

De acordo com a autora, ao contrário do que muitas revistas promovem, o movimento do cabelo cacheado não tem nada a ver com moda. “É parte do resgate da autoestima por meio da valorização do cabelo natural. Durante muito tempo, crespas e cacheadas foram influenciadas e estimuladas a alisar os fios. E isso está mudando”.

Na hora de escolher um cabeleireiro para chamar de seu fique de olho: se ele molha, penteia ou alisa os cabelos antes de cortar você tem um motivo para desconfiar. As práticas podem camuflar o caimento da natural dos fios e deixar o cabelo mais curto do que o desejado. Lembre-se que o corte reto não é o melhor para todas as situações e que navalhas podem desmanchar os cachos.

O portal americano Naturaly Curly criou uma escala para identificar o seu tipo de cabelo. No livro, a blogueira dá dicas de cuidados específicos para cada tipo de cabelo.

Entenda que o xampu não precisa fazer espuma. Ela é resultado de sulfatos agressivos na composição, que danificam os cabelos e causam frizz e ressecamento. No livro, ainda é possível aprender a ler rótulos para comprar algo feito especialmente para os seus fios. Os ingredientes, em geral, são listados em ordem decrescente. Ou seja, primeiro aquele usado em maior quantidade. Por isso, dê mais atenção aos primeiros da lista. Evite sulfatos, petrolados como silicone e parabenos.