“Tá na moda”. “É tendência”. “É cool”. As roupas mais usadas em cada temporada carregam muita informação e um retrato da sociedade de maneira discreta. E como elas surgem? É com isso, e com traduzir as tendências internacionais ao estilo brasileiro, que a parnanguara, Maria Gabriela Araujo, 32 anos, trabalha. Formada em Design de Produto ela se especializou em moda na Itália, onde passou a se dedicar a pesquisa de tendências de moda e se tornou especializada em consultoria para serviços empresariais, em Milão. Assim, ganha a vida traduzindo as tendências internacionais para a moda brasileira.
“Nós analisamos o que acontece na Europa. Observamos como a sociedade está se movimentando, o que os influencers estão fazendo, o que as passarelas estão mostrando e o que as pessoas estão fazendo na internet para entender o que é ou o que vai virar tendência”, explica. Para traduzir o movimento europeu para a realidade brasileira, ela explica que é preciso pensar como vive o brasileiro neste momento e o que ele deseja. “Não significa que o que é tendência na Europa vai pegar no Brasil”, explica. Para ela, o brasileiro ainda segue muito a moda que vem de fora, mas é mais sensual que o europeu. “As tendências sempre ganham um toque a mais ao chegar ao Brasil”, diz.
Inverno
Segundo Maria Gabriela, o gender bender, que já apareceu nas passarelas nacionais é o grande destaque deste ano. “É onde a mulher perde um pouco a identidade feminina e se torna um pouco masculina. Certamente, na próxima estação vão usar calças de alfaiataria, blazers com cortes mais masculinos, coturnos, macacões que lembram macacões de operários e jaquetão estilo militar”, explica. O estilo retrô romântico, o glamour dos anos 1980 e o conforto também são apostas da especialista.
Como surgem as tendências?
A primeira delas é a etapa inovadora “tastemaker”, ou seja, quando ela desponta, mesmo que lentamente. As tendências podem nascer por influência de um filme ou livro, por exemplo. A segunda, “early adopter”, trata do início da dissipação, quando algumas poucas pessoas começam a adotar. A terceira é chamada “trend setter” e se refere à disseminação da tendência. E, por fim, a etapa “mainstream”, quando a tendência está totalmente espalhada.