O primeiro dia de ID Fashion 2018 — que começou no fim da tarde de terça-feira (25) e segue até a noite desta quarta (26) — foi marcado por questionamentos a respeito dos processos da indústria da moda. Temas como o upcycling e o uso de tingimentos naturais se destacaram entre os seis desfiles de marcas de moda paranaense. O ID Fashion, realizado pela Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) com o apoio do Sebrae/PR, é gratuito e aberto ao público.

Com o tema “Mundo Híbrido”, o conceito quer levantar questionamentos sobre dogmatismos e incentivar a harmonia entre as diferenças. “Queremos propor um novo olhar sobre os contrastes e reforçar a personalidade das marcas”, afirma a coordenadora do evento, Luciana Bechara.

Ao todo, 19 marcas compõem a edição. Desde nomes tradicionais já consolidados no mercado, como o coletivo Vale da Seda, até novos talentos, responsáveis pela abertura dos desfiles. Na apresentação, batizada de New ID, três marcas estrelaram nas passarelas: Transmuta, Yski e Empatize. A cobertura completa dos desfiles pode ser acessada nos stories do Viver Bem no Instagram.

A Transmuta é comandada pelos designers Lucas Bettin, 30, e Yasmin Lapolli, 23. Os sócios se inspiraram na jornada dos alquimistas para sua coleção-manifesto “Alquimia Têxtil”. “A ideia era mostrar a transformação do lixo em luxo e propor uma ressignificação da matéria-prima”, diz Lucas.

Ele se refere aos retalhos de jeans, nylon, seda e couro garimpados da indústria e de brechós que foram transformados em peças únicas: um conjunto de hotpant, top e pochete feito com couro de avestruz, uma calça preta com aplicações de roupas impermeáveis de motociclistas e uma maxi-parka feita com nylon vermelho a partir de uma poltrona inflável.

À primeira vista, é difícil perceber que as peças foram feitas a partir do upcycling. Esta é, justamente, o objetivo da Transmuta. “Queremos que as pessoas se atraiam pelas roupas e descubram só depois que elas foram feitas com upcycling. E que essa surpresa faça com que elas amem ainda mais as peças”, diz Yasmin. Para personalizar os produtos, os designers apostam em bordados artesanais e estampas pintadas à mão diretamente na roupa.

Não é de hoje que o estilista Enéas Neto, membro do coletivo de marcas Vale da Seda (de Maringá), mostra sua paixão por processos naturais. Na edição passada do ID Fashion, o designer apresentou uma coleção tingida a partir de cascas de cebola e espinafre; nesta, acrescenta à mistura cascas de pinhão e folhas de amoreira (usadas na estampa).

A combinação dos tingimentos orgânicos à seda, protagonista de todas as peças, proporciona o efeito de sonho e imaterialidade que Neto imaginou ao criar a coleção “A fábula do chinês e a borboleta”. O tecido, que naturalmente tem caimento fluido, ganha ainda mais leveza ao aparecer em recortes de vestidos com gola Dior e calças harém.

Outra novidade da coleção é o uso da técnica de modelagem zero waste, quando se aproveita todo o tecido para compor a peça. “A indústria da moda gera muito resíduo. Com essa forma de modelagem, nada do tecido é desperdiçado”, explica o designer.

Os ornamentos dourados e cheios de detalhes do período barroco são o ponto de partida da coleção Golden Age, da marca SixOne, de Cianorte. A estética do período histórico que marcou os séculos 16 ao 18 ganha ares de século 21  em peças ousadas e sensuais, de calças de paetê dourado a vestidos justos bordados. Como a marca faz parte do Grupo Beeight, que atua há mias de 20 anos na indústria do jeans, o denim ganha destaque na forma de alfaiataria.

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Quando: 25 e 26 de setembro (terça e quarta-feira), das 15h às 22h

Onde: Centro de Eventos Sistema FIEP – Pavilhão Horácio Coimbra – Avenida Comendador Franco, 1341, Jardim Botânico.

O evento é gratuito e aberto ao público.  Detalhes e mais informações sobre programação e as marcas no site do ID, Facebook ou Instagram.