O poema do escritor português José Luís Peixoto foi a maneira que a estilista Mary Arantes – da marca de bijuterias Mary Design – escolheu para começar sua oficina Para Comer com os Olhos, na manhã desta querta-feira, no 4.º Paraná Business Collection.
Mary, que já estudou culinária e fez um curso de literatura em que relacionava a comida com a filosofia e a poesia, explicou, a partir das palavras de Peixoto, a relação do que se come com a memória e o afeto. “Quando se fala em comida, fala-se em lembranças, em carinho. É aquele pastel que a tia faz, o bolo da avó, aquele tempero. No ritmo em que vivemos hoje, muito disso é perdido no self-service por aí”, contou Mary.
Entre potes com canela em pau, anis estrelado, noz-moscada, folhas de louro, pérolas, fibras de seda natural e outros fios, os participantes da oficina puderam estimular a imaginação e aguçar a sensibilidade usando outros sentidos além dos olhos, como o tato e o olfato, para produzir as peças de bijuterias.
A oficina teve a presença de três moradoras do Instituto Paranaense dos Cegos do Paraná. Vera Cristina dos Santos, Maria Conrado e Sissi Magda Aparecida Fonseca da Costa, para mostrar o quanto os outros sentidos podem ajudar na criatividade quando estimulados. “Quando você tira um dos sentidos, você acaba descobrindo e aproveitando melhor os outros”, explicou Mary, que sugeriu que alguns participantes usassem vendas nos olhos para instigar a imaginação.
Cada uma das três recebeu auxílio de Mary e de sua ajudante, Mara Terra, para encontrar e passar o fio em alguns furos, como da noz-moscada e das pérolas menores. Vera, Maria e Sissi, que descreveram a cor de suas roupas no início da oficina, saíram de lá desfilando colares com cores que combinavam com o que vestiam: Vera com um colar de fios vermelhos, canela, noz-moscada e pérolas grandes; Maria com um colar em tom amarelado, parecido com o de sua blusa; e Sissi, de vestido azul claro, com um colar azul escuro e muitas peças de anis estrelado.
