Moda e beleza
Bruna Covacci
Roupas com tecnologia e consumo consciente orientam moda em 2017
Fotos: Eduardo Macarios/Divulgação e Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Li Edelkoort, uma dos analistas de tendência mais respeitadas do mundo, apresentou um documento chamado por ela de Manifesto Anti-Fashion, uma espécie de exame crítico da indústria. Para ela, a moda atual é a moda antiga. Uma verdade que precisa ser mudada. Os grandes estilistas do passado como Cristobal Balenciaga e Yves Saint Laurent “mudaram a nossa forma de andar, a nossa forma de estar, a nossa forma de flertar”, no entanto, muitos dos estilistas atuais estão simplesmente fazendo mais e mais vestes, reciclando velhas ideias inspiradas em roupas vintage, para continuar a assombrar as passarelas. É hora de mudar.
A curitibana Mariana Smolka, pesquisadora de tendências e sócia na Bossa Branding, explica que não é apenas a moda que está mudando, mas sim todo o design atual. Com a dependência tecnológica, ela aponta o surgimento dos wearables (tecnologia nas roupas), como o Projeto Jacquard, uma parceria do Google com a Levi’s. Nele, roupas e móveis podem ser transformados em superfícies interativas.
Na contramão da tecnologia, muitas marcas já perceberam que existe um movimento que ganha mais adeptos, o da autossuficiência, no qual as pessoas buscam mais a natureza, e valorizam produtos e serviços que criam um bem maior, seja pessoal ou para a comunidade. Para Mariana, a Zara, símbolo máximo da fast-fashion, é um exemplo de como grandes marcas estão tentando se adaptar a nova realidade, promovendo uma campanha de doação de roupas dentro das suas lojas no exterior.
Juliana Erig, artista visual da marca de bolsas paranaense Yë, que pela segunda vez participou de um desfile do Ronaldo Fraga na SPFW e viu seu crescimento tomar conta do ano de 2016, acredita que é necessário que os criadores joguem cada vez mais limpo com o consumidor, para encontrar um equilíbrio entre consumo consciente e os meios de produção, oferecendo um preço justo pelo produto, favorecendo os dois lados da cadeia. Tem relação com uma mentalidade chamada de “design sob demanda”, quando a produção em massa diminui e os produtos artesanais podem, sim, levar mais tempo para serem produzidos: o já conhecido slow fashion.
Esperança
O cheiro de 2017 será de esperança. O expert em perfumaria de O Boticário, Cesar Veiga, explica que em 1930, depois do período de recessão, um perfumista criou o cheiro mais caro conhecido na época. Mais tarde, depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi lançada a fragrância L’Air du Temps. Do cheiro ao frasco, com duas pombas entrelaçadas, o produto trazia uma mensagem de esperança. O momento que vivemos atualmente é, para Veiga, algo semelhante, quando as fragrâncias desenvolvidas são menos opulentas e mais suaves. Ainda é a prova de que você sempre pode manter sua essência, seu cheiro e seu poder.