Moda e beleza

Bruna Covacci

Roupas com tecnologia e consumo consciente orientam moda em 2017

Bruna Covacci
30/12/2016 20:00
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Fotos: Eduardo Macarios/Divulgação e Letícia Akemi/Gazeta do Povo

Li Edelkoort, uma dos analistas de tendência mais respeitadas do mundo, apresentou um documento chamado por ela de Manifesto Anti-Fashion, uma espécie de exame crítico da indústria. Para ela, a moda atual é a moda antiga. Uma verdade que precisa ser mudada. Os grandes estilistas do passado como Cristobal Balenciaga e Yves Saint Laurent “mudaram a nossa forma de andar, a nossa forma de estar, a nossa forma de flertar”, no entanto, muitos dos estilistas atuais estão simplesmente fazendo mais e mais vestes, reciclando velhas ideias inspiradas em roupas vintage, para continuar a assombrar as passarelas. É hora de mudar.
A curitibana Mariana Smolka, pesquisadora de tendências e sócia na Bossa Branding, explica que não é apenas a moda que está mudando, mas sim todo o design atual. Com a dependência tecnológica, ela aponta o surgimento dos wearables (tecnologia nas roupas), como o Projeto Jacquard, uma parceria do Google com a Levi’s. Nele, roupas e móveis podem ser transformados em superfícies interativas.
Mariana Smolka: roupas com tecnologia e autossustentáveis estarão em alta em 2017. Foto: Eduardo Macarios/Divulgação
Mariana Smolka: roupas com tecnologia e autossustentáveis estarão em alta em 2017. Foto: Eduardo Macarios/Divulgação
Na contramão da tecnologia, muitas marcas já perceberam que existe um movimento que ganha mais adeptos, o da autossuficiência, no qual as pessoas buscam mais a natureza, e valorizam produtos e serviços que criam um bem maior, seja pessoal ou para a comunidade. Para Mariana, a Zara, símbolo máximo da fast-fashion, é um exemplo de como grandes marcas estão tentando se adaptar a nova realidade, promovendo uma campanha de doação de roupas dentro das suas lojas no exterior.
Juliana Erig, artista visual da marca de bolsas paranaense , que pela segunda vez participou de um desfile do Ronaldo Fraga na SPFW e viu seu crescimento tomar conta do ano de 2016, acredita que é necessário que os criadores joguem cada vez mais limpo com o consumidor, para encontrar um equilíbrio entre consumo consciente e os meios de produção, oferecendo um preço justo pelo produto, favorecendo os dois lados da cadeia. Tem relação com uma mentalidade chamada de “design sob demanda”, quando a produção em massa diminui e os produtos artesanais podem, sim, levar mais tempo para serem produzidos: o já conhecido slow fashion.
Consumo consciente e preços justos são tendência, diz Juliana Erig. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Consumo consciente e preços justos são tendência, diz Juliana Erig. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Esperança
O cheiro de 2017 será de esperança. O expert em perfumaria de O Boticário, Cesar Veiga, explica que em 1930, depois do período de recessão, um perfumista criou o cheiro mais caro conhecido na época. Mais tarde, depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi lançada a fragrância L’Air du Temps. Do cheiro ao frasco, com duas pombas entrelaçadas, o produto trazia uma mensagem de esperança. O momento que vivemos atualmente é, para Veiga, algo semelhante, quando as fragrâncias desenvolvidas são menos opulentas e mais suaves. Ainda é a prova de que você sempre pode manter sua essência, seu cheiro e seu poder.

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