Saúde

Apoio ao novo corpo

Bruna Bill, brunag@gazetadopovo.com.br
09/10/2011 03:09
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Anselmo Negrello e seu filho Andrey, de 6 anos, se divertem com a camiseta que o pai usava antes da cirurgia de redução de estômago | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Medicamentos e dietas nem sempre são suficientes para quem sofre de obesidade. Hoje, estas pessoas encontram uma alternativa para mudar de vida nas cirurgias bariátricas, intervenções no estômago que restringem a quantidade de alimentos ingeridos. A procura por este tipo de tratamento, hoje custeado pelo governo, tem sido crescente: desde 2009, mais de 4,6 mil pessoas no estado foram operadas pelo SUS, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná. Mas antes de fazer esse tipo de intervenção cirurgica, é fundamental que a pessoa passe pela avaliação de uma equipe multidisciplinar com endocrinologistas, psicólogos e nutricionistas. "Alguns pacientes chegam com a visão de que a operação será a solução de todos os problemas, mas o processo é difícil. É preciso começar a orientação antes da cirurgia, pois a mudança é muito grande, tanto nutricional quanto emocional", explica Meire Christiane dos Reis, nutricionista responsável pelo Serviço de Nutrição do Hospital Angelina Caron.
O emagrecimento começa já nos primeiros meses após a operação, e a relação do paciente com a comida deve mudar. "A cirurgia bariátrica só terá êxito se o paciente realmente estiver comprometido com as mudanças que ela provoca. A pessoa entra em contato com uma nova realidade, uma nova rotina alimentar e também uma nova imagem de si mesmo", esclarece a psicóloga Fátima Regina Ribeiro dos Santos.
Os problemas psicológicos mais comuns no pós-cirúrgico são depressão, alcoolismo, transtorno obsessivo compulsivo e anorexia nervosa, porém, com o acompanhamento por até dois anos após a cirurgia, a adaptação é bastante tranquila. "O sucesso da operação chega a 95% dos casos. Ela também é importante porque normaliza outros problemas, como o diabetes, apineia do sono, hipertensão, entre outros", afirma Wilson Paulo dos Santos, cirurgião bariátrico.
Reeducação
A cirurgia bariátrica, feita em maio deste ano, mudou a vida de Anselmo Luiz Negrello, 41 anos, que já perdeu 50 quilos. "Eu comia muito por impulso, por nervosismo e ansiedade. A operação foi importante porque eu aprendi a comer melhor. Foi uma reeducação alimentar pois não existe milagre, é uma readaptação de vida", afirma. Segundo ele, o acompanhamento psicológico foi importante para essa mudança. "Eu sabia que não poderia abusar e teria que fazer uma dieta bem regrada", conta o aposentado.