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Atividade virtual

Adriano Justino
16/10/2014 03:12
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Desenvolver jogos que tirem os sedentários do sofá foi o objetivo de 66 estudantes durante o Jogos Ativos, um evento promovido pelo curso de Educação Física e de Jogos Digitais da PUCPR no mês passado. O resultado surpreendeu, com destaque para espadas com sensores; jogos que estimulam o alongamento e equilíbrio pela adaptação a uma silhueta virtual; narrativas ligadas a movimentos em tapetes interativos; slackline e taekwondo virtuais.
A competição teve como vencedor o jogo Brave Pants, da equipe Virgulinos, em que um personagem corre com a cueca em chamas. "Neste jogo de Beat em’ Up o jogador carrega o soco com o movimento das pernas no tapete Dance Pad e golpeia com o controle de Wii", diz o coordenador do evento, Rafael Kanitz Braga.
Os desenvolvedores do jogo, Rafael Lagos, 37 anos, pós-graduado em Jogos Digitais pela PUCPR e o designer Zózimo Neto, 30 anos, dizem que o maior desafio do jogo foi entreter, sem ser uma tradução literal do exercício. "É preciso criar um universo interessante e mecânicas que sejam divertidas: o personagem do jogo é ridículo, está de cueca e meias e veste apenas a parte de cima de um kimono pequeno. Ao achar bizarro e engraçado, você se conecta ao jogo e se envolve com a jogabilidade. Sem se dar conta, você está imerso na ação e volta a jogá-lo várias vezes para tentar se superar", explica Lagos.
O desafio da criação do jogo, como designers de jogos, foi criar um produto que "escondesse" o fato de a pessoa estar fazendo um exercício. "Assim, a pessoa passa a brigar por um motivo muito mais forte para ela, uma medalha, uma pontuação mais alta, vencer o amigo, postar nas redes sociais e, de quebra, fazer muito exercício, o que leva a uma vida bem melhor", diz ele.
Tecnologia e sedentarismo
Jeniffer Mello, 21 anos, estudante de Design Digital do grupo que desenvolveu o jogo B-Healthy, que usa silhuetas às quais o jogador deve se adaptar, levando ao alongamento do tipo isostreching, os desafios mais comuns na hora de criar jogos que estimulem as pessoas a se exercitarem são: convencer a pessoa de que ela precisa se exercitar, de que o seu jogo pode ajudá-la e que consiga estimular o usuário a continuar se exercitando. "Poucos têm tempo de sair de casa e praticar exercícios, mas as pessoas não deixaram de achá-los algo divertido, o problema é encontrar espaço para eles na correria do dia a dia", fala.
Balanço
O coordenador do evento, Rafael Kanitz Braga, diz que o saldo final do evento foi bem positivo, pois a troca de informações entre profissionais da saúde (grande parte da educação física) e tecnologia propiciou pensar em projetos de game que utilizassem os membros superiores (braços) e inferiores (pernas) concomitantemente. "Esse tipo de situação não acontece na grande maioria dos jogos com plataforma movie", diz ele.