gravidez

Bastante incidentes, abortos espontâneos não prejudicam futuras gestações

Amanda Milléo
17/04/2014 03:14
A cada cinco gestações, uma não terá final feliz. A causa mais comum de abortos espontâneos no início da gestação são erros genéticos na divisão celular do embrião, que não podem ser previstos, prevenidos e cuja responsabilidade não pode ser atribuída a ninguém. Um acidente de percurso que não significa um sinal de que ocorrerão problemas em gestações futuras.
Como a mulher tem deixado a gravidez para depois, e tem tido menos filhos que no passado, os abortos espontâneos, de incidência grande até a 12.ª semana de gestação, podem causar uma grande frustração. "As chances de alterações na divisão celular do embrião aumentam com o passar do tempo: perto dos 40 anos, a taxa de abortamento é de 36%", diz o médico ginecologista especialista em reprodução humana, Francisco Furtado Filho.
Se até a 12.ª semana o aborto espontâneo está normalmente relacionado a defeitos genéticos, da 13.ª a 20.ª ele pode estar relacionado a problemas anatômicos da mãe – uma alteração no útero, que não se expande, ou no colo que se abre. A partir da 17.ª semana, no entanto, a formação do coração e os batimentos cardíacos reduzem as chances de abortamento.
Causas secundárias
Apesar de a maioria dos abortamentos decorrerem de alterações na divisão celular, algumas infecções por bactérias ou vírus também causam mudanças na formação do embrião, como é o caso do citomegalovírus, vírus da rubéola e a toxoplasmose. O estresse in­fluencia tanto no início quanto no fim da gestação, adiantando o trabalho de parto. Grávidas dependentes de drogas, álcool ou que trabalham com substâncias químicas também estão mais propensas às alterações genéticas no desenvolvimento do embrião.
Prudência
Devido ao período "crítico" no início da gravidez, médicos ginecologistas orientam as pacientes a guardarem para si a novidade até que seja feito o primeiro ultrassom. "No primeiro exame, vemos o saco gestacional, com um embrião presente e com batimentos cardíacos e medidas dentro do esperado. Divulgar a gravidez somente após o terceiro mês, ou a 12.ª semana, é uma medida prudente porque até então não se sabe tão bem como a gestação deve evoluir", diz Furtado Filho, que também é diretor da clínica Fertway Reprodução Humana.
Exame
Não é possível verificar previamente se o casal está predisposto a algum abortamento, mas alguns exames após a perda gestacional conseguem identificar a presença dos 46 cromossomos, se há alguma alteração no cariótipo do casal, o que não previne perdas futuras.
3ª perda
Após o terceiro abortamento espontâneo seguido, na fase inicial da gestação, a hipótese de problemas imunológicos e trombóticos pode ser levantada. "Nesses casos uma doença autoimune pode estar por trás. A principal doença seria a síndrome dos anticorpos antifosfolipidios, conhecida por causar aborto em repetição", diz o ginecologista e obstetra Lucas Rebelo. A síndrome produz anticorpos que interferem na coagulação sanguínea.