Diabete

Cirurgia bariátrica apenas para obesos mórbidos

Amanda Milléo
18/07/2013 03:56
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Desde julho do ano passado, o estudante de 24 anos Gustavo Ferrari aplica, toda manhã, a insulina em jejum e, duas vezes ao dia, mede o nível glicêmico através da ‘picada’ no dedo. Ele diz que a mudança mais complicada foi a adaptação aos horários e à regularidade da alimentação. “Comer de três em três horas, várias vezes ao dia, sem exageros, foi difícil”, diz ele. | Antonio More/Gazeta do Povo

Ao levar o diabético para a mesa cirúrgica para um procedimento bariátrico, de redução do estômago, médicos e especialistas já sabiam dos resultados positivos em relação ao controle do nível glicêmico e as complicações que poderiam surgir. No entanto, faltava descobrir se, após alguns anos, os problemas macro (complicações cardíacas) e microvasculares (retinopatias e necropatias) continuariam.
"Neste ano, foram divulgados os resultados das complicações a partir de um acompanhamento de nove anos dos pacientes, comparando quem fez e quem não fez o procedimento. A cirurgia nos obesos com índice de massa corporal (IMC) acima de 35 reduz em até 68% os casos de doença cardiovascular. São 68% menos casos de enfarte e AVC’s. É um número impactante ainda não divulgado", explica o professor do Pro­grama de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas e coordenador do Laboratório de Investi­gação em Diabetes e Metabolismo da Universi­dade Estadual de Campi­nas (Unicamp), Bruno Geloneze Neto.
Com relação às complicações microvasculares, como problemas renais e nos olhos, houve uma redução de 20% nos pacientes que passaram pelo procedimento.
No entanto, o médico explica que estes dados são referentes apenas aos diabéticos obesos mórbidos, com IMC maior que 35. Para os pacientes com índices entre 30 e 35, os resultados não são tão otimistas. "Se falamos de quase 70% de redução de risco nos obesos mórbidos, para quem tem índice de massa corporal mais baixo, a diminuição não chega a 40% nas complicações macrovasculares", aponta.
Longe do bisturi
A partir da cirurgia, os médicos especialistas começam a entendem melhor como a diabete funciona e a desenvolver métodos não cirúrgicos para o tratamento, visto que nem todos os diabéticos podem ou se enquadram nos requisitos para o procedimento bariátrico. É o caso do desenvolvimento do ácido biliático sintético. Como resultado da cirurgia bariátrica, o organismo passa a aumentar a produção do ácido biliático, da bile, que ajuda a reduzir a resistência à insulina. Com o sintético, a pessoa não precisaria passar pela cirurgia. Outro exemplo de medicamento baseado em procedimento cirúrgico é o hormônio gastrointestinal GLP1.