Ao levar o diabético para a mesa cirúrgica para um procedimento bariátrico, de redução do estômago, médicos e especialistas já sabiam dos resultados positivos em relação ao controle do nível glicêmico e as complicações que poderiam surgir. No entanto, faltava descobrir se, após alguns anos, os problemas macro (complicações cardíacas) e microvasculares (retinopatias e necropatias) continuariam.
"Neste ano, foram divulgados os resultados das complicações a partir de um acompanhamento de nove anos dos pacientes, comparando quem fez e quem não fez o procedimento. A cirurgia nos obesos com índice de massa corporal (IMC) acima de 35 reduz em até 68% os casos de doença cardiovascular. São 68% menos casos de enfarte e AVCs. É um número impactante ainda não divulgado", explica o professor do Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas e coordenador do Laboratório de Investigação em Diabetes e Metabolismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Bruno Geloneze Neto.
Com relação às complicações microvasculares, como problemas renais e nos olhos, houve uma redução de 20% nos pacientes que passaram pelo procedimento.
No entanto, o médico explica que estes dados são referentes apenas aos diabéticos obesos mórbidos, com IMC maior que 35. Para os pacientes com índices entre 30 e 35, os resultados não são tão otimistas. "Se falamos de quase 70% de redução de risco nos obesos mórbidos, para quem tem índice de massa corporal mais baixo, a diminuição não chega a 40% nas complicações macrovasculares", aponta.
Longe do bisturi
A partir da cirurgia, os médicos especialistas começam a entendem melhor como a diabete funciona e a desenvolver métodos não cirúrgicos para o tratamento, visto que nem todos os diabéticos podem ou se enquadram nos requisitos para o procedimento bariátrico. É o caso do desenvolvimento do ácido biliático sintético. Como resultado da cirurgia bariátrica, o organismo passa a aumentar a produção do ácido biliático, da bile, que ajuda a reduzir a resistência à insulina. Com o sintético, a pessoa não precisaria passar pela cirurgia. Outro exemplo de medicamento baseado em procedimento cirúrgico é o hormônio gastrointestinal GLP1.