especial

Como ficar em forma, sem abdicar da felicidade

Daniela Piva, especial para a Gazeta do Povo
28/09/2014 03:04
Thumbnail
A busca pela perfeição das formas sempre foi perseguida pelo homem. Até hoje, apenas o gênio Leonardo da Vinci conseguiu atingir a harmonia das proporções, em 1487, com o simétrico "homem vitruviano". Ainda assim, muita gente pensa em um ideal de beleza e faz loucuras para emagrecer e atingir um padrão.
Com o verão se aproximando, não é raro as pessoas quererem perder de uma vez os quilos acumulados durante o ano. Mas especialistas alertam que dietas limitadas e muita atividade física podem gerar compulsão alimentar e overtraining (excesso de treinamento). "A restrição, não raro, acaba levando a um querer ainda maior. Ninguém vive com 500 calorias, isto não é normal. Retirar da alimentação todos os carboidratos, por exemplo, vai levar a uma alteração no humor insuportável para muitos", alerta a nutróloga Débora Froehner.
A saúde tem de ser mais importante que a estética, defende a especialista, e a melhor forma de perder peso de maneira saudável é, antes de tudo, ser verdadeiro consigo. "Não dá para estipular metas irreais, querer ter hoje o corpo de 20 ou 30 anos. É preciso aceitar que, com o tempo, vem a mudança", salienta Débora. "Eu sempre digo aos meus alunos que, o mais importante, é sentir-se bem. Alimentar-se adequadamente, fazer exercícios com regularidade e evitar os maus hábitos", completa o professor de educação física e personal trainer Rodrigo Messias. O melhor modo de emagrecer (e manter-se magro!) é adotar um estilo de vida saudável, que mescle a prática regular de atividade física, uma alimentação equilibrada, boas noites de sono e a retirada de fatores agressivos, como o cigarro e o álcool.
Com metas realistas, o pro­­fessor de inglês Abel Cam­­pos, de 35 anos, e a psicóloga Elenice Bonato, de 47 anos, aceitaram o desafio do Viver Bem de inspirar mais pessoas a seguir um plano de vida saudável para todos os verões. O personal trainer Rodrigo Messias e a nutróloga Débora Froehner também orientaram os dois participantes, que prometem manter os hábitos saudáveis.
Elenice Bonato, 47 anos, psicóloga
• Altura: 1,66 cm • Peso atual: 89 kg • Meta: 74 kg
Grávida do primeiro filho aos 23 anos, Elenice ficou ansiosa e engordou um pouco. Na segunda gestação, dois anos depois, ganhou mais peso e passou a ter dificuldade para emagrecer. Decidiu apelar para os medicamentos e conseguiu perder muitos quilos em pouco tempo. Porém, engordou o dobro e sofre com o metabolismo lento.
Há seis meses, passou a fazer pilates duas vezes na semana, por conta de uma discartrose (degeneração do disco intervertebral). "Comecei a notar diferença em relação à força", diz. Mas ela não quer parar por aí. Aos 47 anos e com os dois filhos crescidos, a psicóloga está determinada a tratar-se bem. "Pretendo emagrecer 15 quilos, mas com saúde. Não tenho pressa", conta. Para aliviar o estresse, Elenice começou a fazer ioga, aos sábados, no Parque Barigui. Com o horário de verão se aproximando, pretende praticar mais vezes na semana e periodizar as caminhadas.
"Devido à discartrose, o indicado é que ela faça alongamento intenso pré-atividade física, e moderado pós­atividade física", orienta o personal trainer Rodrigo Messias. Além disso, o profissional aconselha a prática de musculação leve para aumentar a massa magra e, consequentemente, acelerar o metabolismo e a queima calórica.
A prática de ioga e pilates, de acordo com a nutróloga Débora Froehner, é excelente para o corpo e para a alma, pois pode ajudar a combater a compulsão alimentar, uma vez que provoca o relaxamento. "O melhor é associar a determinação da Elenice a uma ajuda profissional, para saber escolher alimentos que a favoreçam e avaliar possíveis deficiências hormonais", completa a especialista.
Abel Campos, 35 anos, professor
• Altura: 1,77 cm • Peso atual: 93 kg • Meta: 85 kg
Após o casamento, Campos relaxou e chegou a pesar 108 quilos. O professor de inglês ficava cansado só de dar aulas e, conversando com a esposa, percebeu que precisava mudar. Em agosto do ano passado, criou um bolão com outros nove amigos: quem perdesse mais peso ganharia R$ 1 mil. Após três meses, emagreceu 15 kg e levou a bolada. "O problema é que não desenvolvi um plano para manter o peso. Então, 3 meses depois, recuperei 11 kg", recorda. Não satisfeito, planejou outro bolão, com mais 12 amigos. Desta vez, ficou em segundo lugar. "Estou 14 kg mais magro do que um ano atrás. Mas prometi a mim mesmo e à minha esposa que esse foi o último bolão", desabafa.
Ele quer enxugar mais 8 kg e ser exemplo para os filhos que ainda virão. "Minha esposa é 10 anos mais nova do que eu. Tenho que correr atrás do prejuízo", brinca. Passou a fazer spinning, squash, corrida de orientação, aulas aeróbicas e pretende começar musculação também.
Avaliando Campos, a nutróloga Débora Froehner afirma que ele precisa ter o acompanhamento de um médico especialista. "Com a perda de peso, podem surgir algumas deficiências hormonais e de vitaminas, que devem ser corrigidas para evitar problemas. Inclusive, é importante adequar a alimentação, pois com tantas atividades aeróbicas não se pode comer tão pouco, uma vez que a perda acaba sendo de massa magra e não de gordura", esclarece a nutróloga.
O personal trainer Rodrigo Messias, por outro lado, lembra que a quantidade de exercícios imposta a si mesmo, pelo professor de inglês, não é sinônimo de qualidade. "As atividades estão corretas, mas para ter um bom resultado, seria melhor periodizar o treino e diversificar entre intensidade e volume", expõe.