Diabete

Descontrolar a glicemia é uma bomba

Amanda Milléo
18/07/2013 03:58
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A aposentada Leocádia Karas sobe no simulador de caminhadas todos os dias há seis anos. Com 77 anos, a diabética tipo 2 controla a doença através de medicamentos, alimentação e exercícios. “Quando eu vou comer um doce, eu não como tudo aquilo que eu gostaria, mas não deixo de comer”, fala. | Antonio More/Gazeta do Povo

Não há como enganar o médico. Tentar manipular resultados fazendo jejum antes do exame não adianta: o exame de hemoglobina glicada mostra como a glicemia se comportou nos últimos três meses, constatando se o diabético descompensou ou não. Esse descompasso ocorre quando o indivíduo não atinge as metas glicêmicas – por não seguir a dieta, deixar de praticar os exercícios, esquecer os medicamentos ou por fatores emocionais, como o estresse.
Mais do que um puxão de orelha dos médicos especialistas, o diabético descompensado deve se preocupar com situações muito mais sérias. O aumento da glicemia no sangue altera o processo circulatório, a vascularização, prejudica as terminações nervosas e faz com que o diabético perca a sensibilidade dos membros inferiores, pés e pernas. Sem perceber, o pé pode infeccionar por um corte inadequado da unha ou uma lesão por pressão, ocasionando uma neuropatia co­­mum e muito grave da doença, o pé diabético.
Além da demora na cicatrização – uma ferida pode levar até um ano para cicatrizar –, os pés e pernas dos diabéticos, especialmente os descompensados, compõem os dados estatísticos do Ministério da Saúde no que diz respeito às amputações. De todas as cirurgias para retirada de membros no país, 70% tem como causa a diabete mal controlada, ou 55 mil amputações anuais. Estima-se que 15% dos pacientes com diabete que não fazem o controle da doença evoluirão para algum dano nos pés em 10 anos. "Estamos criando uma legião de amputados, de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC), com insuficiência renal, enfartes, problemas intestinais e de ereção no homem, por causa do descontrole", afirma o médico responsável pelo Ambulatório de Feridas e Pé Diabético do Hospital Pilar, Adriano Mehl.