tratamento

Diagnósticos imprecisos

Mariana Scoz
18/04/2013 03:13
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Desacreditadas por muitos médicos, algumas doenças são difíceis de serem identificadas por apresentarem sintomas nem sempre encontrados em todos os pacientes. A fibromialgia e a depressão são exemplos de síndromes que não têm nem causas claras nem exames que as detectem com total segurança.
A fibromialgia é um conjunto de sintomas que produz mais frequentemente dor crônica difusa e afeta o sistema nociceptivo, de percepção da dor. Acomete mais mulheres do que homens e entre seus sintomas estão dores crônicas nos tecidos moles, músculos e tendões. Como não há um exame que diagnostique a doença, ainda há médicos que não acreditam na existência dela.
Para outros, a doença é um desafio sério e real, "embora não seja visível aos olhos", como ressalta o reumatologista espanhol Antonio Collado, coordenador da unidade de fibromialgia do Hospital Clinic of Barcelona e conselheiro científico do Ministério da Saúde da Espanha, que esteve no Brasil a convite da Pfizer para um encontro sobre dor e depressão no mês de março.
Para o reumatologista e assistente-doutor da disciplina de reumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de S. Paulo (Unifesp), Milton Helfeinstein Jr., os sintomas relacionados à doença, como distúrbios do sono e alterações intestinais, acabam sendo mal interpretados. "Se o médico envolvido não estiver atento, o paciente pode ser diagnosticado com síndrome do cólon irritado, aumentando os gastos e estressando-o ainda mais", diz.
Depressão
Assim como a fibromialgia, a depressão é uma síndrome, que tem como sintomas tristeza, desinteresse pelas atividades rotineiras, insônia ou excesso de sono e perda de apetite. Uma pesquisa da National Health and Wellness feita em 2011 com 12 mil brasileiros mostrou que aproximadamente 10% dos adultos apresentam alguns desses sintomas. Ela pode atingir diferentes órgãos e deixar sequelas no cérebro.
Para a psiquiatra e professora do departamento de Psiquiatria da Unifesp Luciana Sarin, um clínico geral treinado pode ser tão eficiente quanto um psiquiatra para fazer o diagnóstico. "É importante preparar os médicos para identificar a doença em casos leves, já que o número de acometidos é grande", explica.
O professor do departamento de Psiquiatria da Universidade de Santo Amaro (Unisa) e ex-coordenador de saúde mental da Secretaria da Saúde do município de São Paulo, Kalil Duailibi, relata que nas unidades de saúde básica paulistanas, o paciente chegava a passar por até seis consultas antes de ser diagnosticado com depressão.
Os especialistas ressaltam a importância da psicoterapia associada aos medicamentos. O abandono do tratamento é uma das preocupações dos especialistas. "O paciente melhora e os amigos, parentes e muitas vezes médicos acabam convencendo a pessoa de que não precisa mais do remédio, mesmo sem que a funcionalidade seja antes recuperada", diz Duailibi.
* A jornalista viajou a convite da Pfizer.