Saúde

Doenças autoimunes: quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor

Renata Sguissardi Rosa, especial para a Gazeta do Povo
27/05/2012 03:10
Thumbnail

Diagnosticada há 11 anos com psoríase, a pedagoga Luciane Mary Cordeiro Diaz hoje esbanja autoestima e leva uma vida melhor com os filhos Larissa e Pablo | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Elas atacam partes distintas do corpo e continuam a causar choque entre os pacientes, pois não há cura e, em quase todos os casos, não há regressão das lesões causadas por elas. Mas o diagnóstico precoce das doenças autoimunes – causadas pelas defesas do próprio corpo – pode fazer toda a diferença na evolução de males como o lúpus, a psoríase, a artrite reumatoide e a esclerose múltipla.
"É importante procurar o médico ao menor sinal de que algo não vai bem", orienta o médico Niazy Ramos Filho, especialista em clínica médica do Hospital das Clínicas. De acordo com ele, quanto antes iniciar o tratamento, mais chances o paciente tem de não sofrer sequelas graves. Outra orientação é buscar um clínico geral para que haja uma avaliação inicial e posterior encaminhamento para outras especialidades. Isso porque as doenças autoimunes são tratadas por especialistas diferentes.
Cientistas e médicos no mundo todo pesquisam sobre cada doença autoimune na tentativa de encontrar os motivos para o seu aparecimento e aumentar a sobrevida dos pacientes. "Para desenvolver uma doença autoimune é preciso ter predisposição genética, ser submetido a uma exposição específica do meio em que se vive e, logicamente, apresentar um desequilíbrio no sistema imunológico", afirma Carlos Sperandio Junior, especialista em clínica médica nos hospitais Santa Cruz e Nossa Senhora das Graças.
Ainda não há comprovações para os motivos pelos quais nossas próprias defesas encaram o organismo como adversário. Mas no campo do tratamento, novas drogas são capazes de oferecer ao paciente vida normal durante muito tempo. "O tratamento evoluiu bastante nos últimos anos, como as drogas imunobiológicas para a artrite reumatoide e as insulinas análogas para uso de diabéticos tipo 1", conta Niazy Ramos Filho.
Apesar de não haver comprovação científica, traumas em geral abalam o psicológico e, com ele, o sistema imunológico. Portanto, são comuns casos de pacientes que desenvolveram ou que pioraram os sintomas de doenças autoimunes após um evento traumático. Foi o caso da pedagoga Luciane Mary Cordeiro Diaz, diagnosticada há 11 anos com psoríase – manchas vermelhas e descamativas, que normalmente atingem as áreas articulares, como joelho e cotovelo, e o couro cabeludo. Ela passou por um problema conjugal e muito estresse antes das primeiras lesões aparecerem. "Recebi o diagnóstico já na primeira consulta, mas me recusava a aceitar que não havia cura. Enquanto isso as lesões só aumentaram e se espalharam para o corpo inteiro", conta a pedagoga, que conviveu mal com a doença durante muitos anos. A situação só melhorou após uma cirurgia para redução do estômago. "Ter psoríase e ser obesa era demais pra mim. Tinha vergonha de tudo, usava mangas compridas no verão", completa Luciane. Emagrecer e adotar uma alimentação saudável fizeram sua estima melhorar e ficar em paz com sua doença. "Faz dois anos que convivo super-bem com a psoríase, desencanei de tudo e as lesões diminuíram bastante."
Para o médico Carlos Sperandio Junior, se for possível fazer com que o paciente leve uma vida mais tranquila e prazerosa, há uma chance maior dele controlar com mais eficácia os sintomas.