Dietas

Emagreça comendo

Bruna Bill, brunag@gazetadopovo.com.br
15/01/2012 02:04
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Sandra chegou a pesar 98 quilos (foto 1, abaixo). Em 11 meses, eliminou 35 quilos e mantém o peso sem abrir mão de comer bem | Leticia Akemi/ Gazeta do Povo

O ano começa e com ele vem a velha promessa: perder aqueles abomináveis quilinhos extras. Porém, para a maioria, esse objetivo é abandonado nas primeiras semanas do ano. Isso porque muitas dietas exigem grande esforço e privação, dificultando a adesão de quem adora comer. Mas comer de tudo é, justamente, a base do emagrecimento com saúde. Com algumas mudanças simples de comportamento, torna-se possível emagrecer sem abrir mão de comidas gostosas e até das pequenas tentações. Segundo os especialistas, a palavra-chave para essa mudança é equilíbrio.
A melhor maneira de fazer isso é incluir em todas as refeições os principais grupos de alimentos: carboidratos, proteínas e gorduras. "Quando você coloca grupos diferentes na mesma refeição, dá mais trabalho para o seu corpo processar e eliminar os alimentos. Com o corpo trabalhando mais, a sensação de saciedade dura mais tempo e nada fica estocado", explica a nutricionista do grupo Vigilantes do Peso Sônia Almeida.
Os carboidratos, por exemplo, devem representar 50% de tudo que é consumido no dia, as proteínas 30% e as gorduras não devem ultrapassar os 10%. "O modelo do prato no almoço e no jantar devem ser proporcionais. A metade deve ser de legumes e verduras, ¼ carboidrato e ¼ proteína", afirma o endocrinologista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Henrique Suplicy Lacerda.
Exatamente por todos os grupos alimentares serem importantes para o corpo é que as dietas restritivas, que proíbem a ingestão de alguns alimentos, podem ser tão perigosas. "Geralmente a pessoa acaba compensando em outros alimentos. Se ela para de comer carboidratos, por exemplo, ingere mais proteínas e gorduras. Se para de comer proteínas, exagera nos carboidratos e assim pode até ficar desnutrida", alerta o nutricionista Fabrício Spada.
O processo para iniciar as mudanças de hábito e chegar ao emagrecimento é demorado, por isso quem espera emagrecer do dia para a noite e escolhe uma das dietas da moda acaba perdendo também saúde. "A pessoa vê um resultado rápido na balança, mas, muitas vezes, o peso reduzido pode vir da perda de massa magra ou músculos, mas a gordura continua lá", conta Fabrício.
Mas será possível não abrir mão do pãozinho no café da manhã ou mesmo daquele docinho? A ciência comprova que seus alimentos preferidos podem continuar no cardápio, mas, é claro, com moderação. "Eu sempre comi de tudo, meu problema era o exagero. O que me fez eliminar vários quilos foi acertar as quantidades, aprender a comer um pedaço de bolo e parar", conta Cyntia Pedro, que aos 22 anos chegou a ter 92 quilos e perdeu 35 com o apoio dos Vigilantes do Peso.
Hoje, Cyntia é orientadora do grupo para outros participantes, e conta que o caminho para essas mudanças nem sempre é fácil. É preciso ter disciplina e manter a motivação para essa nova rotina. Ela mesma desistiu do programa quatro vezes até mudar seu próprio comportamento. "O que me frustrava era minha pressa em emagrecer, e, como o processo é demorado, eu acabava desistindo. Na quinta vez que entrei no programa estava consciente de que iria demorar a emagrecer."
A ansiedade descontada na compulsão por comida é outro prato cheio para o ganho de peso. A comerciante Sandra Regina da Rocha Vieira, de 35 anos, comia os petiscos que preparava para os clientes em sua lanchonete. Com essa comilança, chegou aos 98 quilos e até pensou em fazer uma cirurgia de redução de estômago. "Eu tentava fazer regime sozinha, daqueles radicais, de cortar quase tudo e comer muito pouco. Mas não adiantava porque eu fazia durante uma semana e depois não conseguia continuar."
Ela contou com a ajuda do grupo Amigos do Peso para fazer algumas mudanças na alimentação, que a fizeram perder 35 quilos em 11 meses. "Hoje eu como salada e legumes variados à vontade. Então, fico mais tranquila, me sinto saciada. Não precisei cortar nada radicalmente do meu cardápio. Posso comer macarrão quando quiser, só preciso regular a quantidade. Até quando vou a festas ou churrascos, levo meus legumes para não exagerar", afirma.
Fazendo algumas trocas saudáveis no cardápio, fica mais fácil perder peso. Foi o que fez Roselaine Portau perder cerca de 7 quilos em 6 meses. "Meu grande problema era o pão, massas e frituras, que eu comia bastante e não dava muita importância. Hoje como no café da manhã uma fatia de pão integral, para não abandonar o alimento", conta. Ela também colocou a família inteira no novo esquema. "Todo mundo na minha casa mudou os hábitos, porque viu a diferença em mim e também quis mudar. Se antes eu fazia minhas comidas separadas, hoje todos aderiram às refeições mais saudáveis."
Mente sã para um corpo em forma
Para ficar em dia com a balança também é preciso estar com a cabeça tranquila. É muito comum que as dietas que proíbem certo tipo de alimento causem uma ansiedade grande e levem a um descontrole, numa situação limite. O aspecto emocional interfere de duas maneiras na dieta: tornando os alimentos proibidos mais tentadores ou como compensação de frustrações. "Muita gente vê a comida como recompensa, com algo bom. Então se estiver frustrado, angustiado ou triste vai comer para se sentir bem, o que pode acabar com qualquer dieta", alerta o endocrinologista Henri­­que Lacerda Suplicy.
As dietas balanceadas, em que nada é proibido, deixam a pessoa mais tranqui­­­la e centrada para decidir quais alimentos são realmente necessários e não apenas uma muleta emocional. Pa­­­­ra Mara Cooper, gerente do Vi­­­gi­­lantes do Peso em Curitiba, a mu­­­­dança deve ser completa. "Se falava muito em reeducação alimentar, mas é preciso uma mudança comportamental."
Serviço: Amigos do PesoTelefone: 41 4063 9120Site: www.amigosdopeso.com.br