Entrevista

Especialista estuda técnicas cardíacas menos invasivas

Amanda Milléo
19/12/2013 02:44
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As cardiopatias atingem 1,6 milhão de crianças nascidas a cada ano, das quais 100 mil são consideradas casos graves. No Brasil, a cada mil nascidos, oito apresentam cardiopatias, e são nelas que o cardiologista Ziyad Hijazi tem focado as suas últimas pesquisas. Pioneiro na reparação não cirúrgica de cardiopatias congênitas, o fundador da Fundação PICS e pesquisador da Rush University Medical Center esteve em Curitiba no fim de novembro para apresentar novidades no 13º Cardiointerv (Simpósio Internacional de Cardiologia Intervencionista), promovido pelo Hospital Cardiológico Costantini. O especialista conversou com a Gazeta do Povo sobre os avanços dos procedimentos não cirúrgicos, o uso das células tronco na cardiologia e os stents bioabsorvíveis, já em testes no Brasil.
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Como estão as pesquisas na reparação não cirúrgica de cardiopatias congênitas?
Nos últimos seis anos surgiram os implantes de válvulas, usados mais em idosos. Tenho pesquisado agora o seu uso em crianças pequenas. Com crianças até 30 kg os implantes dão certo, mas tenho buscado reduzir o tamanho das válvulas para abranger maior número de pacientes. Outra nova tecnologia são os stents bioabsorvíveis, que dissolvem no organismo após um ano da aplicação. Eles estão na fase das pesquisas e não foram testados em crianças. No Brasil, alguns hospitais os estudam, porém nem nos Estados Unidos eles foram liberados.
Com relação ao futuro das pesquisas na área da cardiologia, o que podemos esperar?
Os pesquisadores estão focados mais em inventar dispositivos para rastrear as doenças congênitas. Hoje é possível fechar diversas válvulas sem procedimentos cirúrgicos e há muita pesquisa no sentido de inventar um dispositivo que possa ser colocado nas câmaras inferiores do coração, que fechem a abertura origem do problema, sem causar males. Também busca-se tratar os pacientes sem ter de fazer cirurgias com o coração aberto e a única forma de fazer isso é inventando uma tecnologia que possa ser usada nas válvulas aórticas, mitral e pulmonares. Nós ainda não chegamos lá, mas estamos trabalhando para isso.
Há uma estimativa de quanto tempo demora para termos estas novas tecnologias?
Em dez anos será mais viável para as válvulas pulmonares e aórticas, até que possamos inseri-las em uma criança, sem medo. Com os stents bioabsorvíveis e as células-tronco, posso colocá-los em uma criança de um ano sem precisar substituir mais tarde, porque ele será absorvido e as células tronco começarão a se desenvolver e se transformarão em uma válvula.

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