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Excesso de exercício leva a disfunções no organismo feminino

Adriano Justino
10/10/2013 03:28
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Nadadoras, tenistas, corredoras, maratonistas, bailarinas e ginastas que fazem da prática esportiva o seu trabalho, estão suscetíveis a diversas mudanças no organismo. Quem disputa títulos e medalhas e necessita de alto desempenho em resultados corre o risco de desenvolver alterações na puberdade, ovulação e menstruação, desordens alimentares e osteoporose.
O problema está nos exercícios de duração superior à uma hora e com intensidade próxima à zona de limiar, como em treinos para maratonas e triátlon, segundo Ricardo Zanuto, doutor em Fisiologia e Biofísica pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP. "Essa prática pode levar a retardo puberal, alterações na fase lútea – período entre a ovulação e o início do ciclo menstrual seguinte –, e também à ausência de ovulação e de menstruação", diz ele.
Os riscos em curto prazo envolvendo a tríade da mulher atleta, que reúne distúrbios alimentares, disfunções menstruais e osteoporose, estão relacionados a altas taxas de lesões, principalmente fraturas pela perda de massa óssea e osteoporose em longo prazo. "A maior suscetibilidade à osteoporose acontece, principalmente, quando a mulher atleta gasta mais energia que consome e não tem acompanhamento nutricional adequado", diz.
Esta condição pode fazer com que o organismo reduza drasticamente a produção do estrogênio (hormônio feminino), responsável pelo fortalecimento dos ossos (o estrogênio aumenta a atividade de osteoblastos, células responsáveis por aumentar a produção de ossos). A falta do hormônio pode levar à osteoporose. "A prevenção é feita adotando-se uma dieta balanceada e tendo acompanhamento de um profissional especializado em nutrição esportiva e de um personal trainer", diz ele.
Sinais de alerta
Os primeiros sinais de que algo pode não estar indo bem devido à alta carga de exercícios são a perda abrupta de peso ou peso abaixo do limite da normalidade, lesões frequentes, estados de ansiedade e depressão, interrupção da menstruação e interferência do exercício nas atividades profissionais e familiares, como explica Jomar Souza, especialista em Medicina do Exercício e do Esporte e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Dores musculares, desânimo e cansaço precoce são também, segundo Zanuto, sinais de exagero ou de que o exercício não está sendo realizado de maneira adequada, indicando ­­overtraining, elevação de níveis de cortisol ou baixa testosterona livre.
Diferença anatômica e de composição
Além da maior propensão a interferências na produção hormonal e distúrbios alimentares caso o exercício seja exagerado, outras peculiaridades da mulher devem ser levadas em consideração antes de dar início a um treino. "O formato diferente da bacia e do alinhamento das coxas e pernas impõe algumas adaptações para que o exercício promova a saúde e não gere lesões", diz Jomar Souza. A composição corporal também difere da masculina. Os homens têm massa muscular maior, ao passo que elas têm um porcentual de gordura mais alto. "Por isso os homens tendem a desenvolver mais facilmente a força que as mulheres", diz ele.
Tríade da mulher atleta
Este termo engloba desordens alimentares (anorexia nervosa e bulimia), disfunções menstruais (amenorreia) e osteoporose na mulher que pratica esportes com frequência, cujos riscos em curto prazo são as altas taxas de lesões, devido à perda de massa óssea, e, em longo prazo, ao desenvolvimento da osteoporose.
Loja / fotoTênis: Centauro. Shopping Muller – (41) 3225-0280.
Halteres:Acervo Academia A Fábrika.