Estudo

Famílias carregam as suas bactérias para onde vão

AFP Relax News
04/09/2014 21:17
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A imagem mostra os micróbios que seguem as pessoas quando elas passam por um hotel, por exemplo | Image from video courtesy of DOE/Argonne National Laboratory

Milhões de bactérias povoam a casa e, diante de um amontoado de evidências de que algumas podem realmente desempenhar um papel importante no que se refere a nos manter saudáveis, pesquisadores querem aprender mais sobre elas.
Uma colaboração entre o Laboratório Nacional Argonne no Departamento de Energia dos EUA e da Universidade de Chicago, o Projeto Microbioma de Casa (tradução livre de The Home Microbiome Project) oferece uma análise detalhada do que existe em casas e apartamentos sem o conhecimento de seus residentes humanos.
Sabe-se que muitas espécies de bactérias "amigáveis" residem no aparelho digestivo e são essenciais para afastar doenças. E o objetivo do grupo de pesquisa era identificar as espécies de micróbios em nosso ambiente e ao final classificá-las como amigas ou inimigas.
"Elas são essenciais para entendermos nossa saúde no século 21", afirma o autor principal do estudo, Jack Gilbert, microbiologista do Argonne.
No estudo, sete famílias foram analisadas somando um total de 18 pessoas, três cães e um gato.
Os pesquisadores "limparam" mãos, pés e narizes dos participantes todos os dias ao longo de seis semanas com o intuito de colher amostras. Também fizeram a mesma coisa em áreas da casa que são tocadas constantemente, como maçanetas, interruptores de luz, pisos e bancadas. Depois, realizaram a análise de DNA para identificação das espécies de bactérias.
"Queríamos saber quanto as pessoas afetavam a comunidade microbiana na casa e umas às outras", diz Gilbert.
Como os resultados mostram, as pessoas enchem suas casas com seus próprios micróbios, e, quando três das famílias participantes se mudaram, foi necessário apenas um dia para que a casa nova se parecesse com a antiga, no que se refere à presença das bactérias.
Quando os moradores entraram de férias, as comunidades microbianas se mudaram tão rápido quanto.
Os casais compartilham significativamente mais micróbios e os compartilham com quaisquer crianças que tenham.
Os pesquisadores descobriram que os membros da mesma família tinham mais ou menos as mesmas comunidades microbianas nas mãos, porém no nariz elas eram mais variadas.
A presença de animais de estimação significou bactérias extras encontradas no chão e em plantas, trazidas depois de eles passarem um tempo ao ar livre.
Ainda que isso tudo soe perfeitamente sujo, na verdade até mesmo as espécies de bactérias patogênicas não causam danos, a menos que haja um problema com a resposta imunológica do corpo, provavelmente causada por um desequilíbrio na microbiota no aparelho digestivo.
"Também é bem possível que estejamos rotineiramente expostos a bactérias nocivas - que vivem em nós mesmos e em nosso meio ambiente -, mas isso só causa uma doença quando nosso sistema imunológico está de alguma forma prejudicado", explica Gilbert.
Gilbert apontou que, além do conhecimento óbvio sobre saúde que poderia ser adquirido de novas pesquisas sobre a origem das comunidades bacterianas, estudá-las pode levar a avanços na ciência forense, afirmando que sua equipe poderia identificar facilmente as casas com base em suas bactérias.
O estudo foi publicado no periódico Science.

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