Postura

Lição que começa na infância

Liz Khury, especial para a Gazeta do Povo
04/05/2014 03:15
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Correção da mãe e atividades físicas regulares contribuem com a postura de Kamila, de 6 anos | Fernando Zequinão / Gazeta do Povo

Manter-se ereto causa uma impressão melhor, deixa o corpo mais bonito e previne problemas na coluna. Porém, é comum encontrar pessoas que andam encurvadas, sentam errado e não prestam atenção à postura. O cuidado deveria ser constante e sempre acompanhado de atividades físicas regulares. O que a maioria das pessoas não sabe é que essa atenção com a postura tem que começar desde criança.
"Grande parte dos casos de desvio postural em adultos tem origem na infância, portanto é importante a observação constante do modo como se sentam, brincam e dormem", diz Camila Bressan, fisioterapeuta. Estamos acostumados a ver crianças brincando sentadas na posição conhecida como "W" – em que as pernas são dobradas para trás, formando o desenho da letra. Essa postura, se adotada por um longo período, pode levar a alterações nos quadris, joelhos e tornozelos.
Segundo o médico responsável pelo setor de ortopedia do Hospital Pequeno Príncipe, Luiz Antonio Munhoz da Cunha, as crianças têm os ossos amolecidos, logo, posições inadequadas podem causar deformidades e interferência na rotação das pernas. Para evitar problemas futuros, é importante que os pais corrijam as crianças, fazendo com que elas criem o hábito de sentar e dormir da maneira correta.
Além da atenção dos pais, a prática de atividades física é importante desde a infância, pois fortalece os músculos, contribuindo com a sustentação do corpo e resultando em geral, em uma postura mais adequada e uma vida adulta saudável. Porém, a escolha da atividade não deve ser aleatória. Os pais devem ter cuidado ao escolher o esporte que o filho vai praticar e optar por atividades lúdicas, agradáveis e adequadas ao corpo. "Cada criança possui uma genética, um perfil familiar que define, por exemplo, a posição do fêmur. Cada corpo pede uma atividade física diferente. É importante consultar um especialista antes de decidir.", explica Cunha.
Karla Martins, advogada e mãe de Kamila, 6 anos, afirma que nunca teve o costume de corrigir a postura da filha durante as brincadeiras, somente na hora das refeições, fazer lição de casa e assistir à tevê. A menina pratica esportes desde os 4 anos. "Ela já fez balé e agora faz natação e karatê. Desde então, percebi uma melhora em relação à postura dos ombros e costas", diz a mãe.
Emocional
Outro fator que interfere na postura é o emocional. Muitas pessoas demonstram fisicamente as emoções e, vez ou outra, curvam os ombros e as costas quando, por exemplo, passam por uma situação que causa tristeza. Saber lidar com as situações da vida é benéfico e evita a intervenção emocional às na postura. Karla diz perceber que Kamila projeta os ombros para frente e para baixo quando contrariada. "Ressentimentos, medos, tristezas, inflexibilidade, perfeccionismo, podem acarretar uma tensão maior, sendo visíveis no corpo e na postura física. Por exemplo, uma criança mais tímida na escola, muitas vezes, para passar despercebida, encurva-se diante de situações em que não sabe como se portar", diz Priscila Badotti, psicóloga infantil, que afirma ser comum essa resposta física das crianças diante de conflitos nos relacionamentos com pessoas ou com o mundo.