Saúde

Malhação em casa

Camille Cardoso
18/08/2013 03:08
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Antes de iniciar um programa de exercícios, faça uma avaliação física com um profissional para detec­tar possíveis lesões. Exercícios como abdo­minais, aga­cha­mentos e flexões podem pio­rar o problema | Shutterstock

Nos anos 1980, era a atriz Jane Fonda que mostrava a aeróbica de alto impacto em fitas VHS para quem queria se exercitar em casa. Agora, são personal trainers americanos que fazem a proposta dos sonhos: 60 a 90 dias para mudar o corpo a ponto de os músculos saltarem na barriga. Para isso, programas em vídeo como o P90X e o Insanity Workout não perdoam músculos ou tendões ao adotar uma fórmula que une saltos, abdominais e poucos acessórios.
A promessa de resultados rápidos caiu no gosto dos brasileiros, que se organizam em grupos de até 5,8 mil membros nas redes sociais em busca de motivação. Uma das recentes praticantes do P90X é Flávia Freitas dos Santos Claro, 34 anos, moradora de Londrina. Há cerca de um mês ela se exercita em casa ao lado da cunhada, Cristiane Claro, 42, de segunda-feira a sábado, no fim do dia. Na frente da tela do notebook, ambas seguem os passos idealizados pelo treinador Tony Horton.
A intenção de Flávia é perder rapidamente medidas e encontrar o tônus muscular que se foi desde que ela teve o primeiro filho, hoje com 3 anos. Mesmo não sendo sedentária, a programadora penou para acompanhar o treino. "Sempre tive vida agitada, mas nada tão intenso. E olha que fiz musculação, bike e jump", conta. No início, Flávia mal passava do aquecimento. Mas percebeu as coxas mais firmes e menos centímetros na cintura. Empolgada, pretende continuar.
Os programas em DVD estão à venda pelo site da produtora Beach Body. A marca tem outro programa voltado para pernas e glúteos, o Brazilian Butt Lift. Não há versões em português – e aí mora um perigo. Assim como a aeróbica de Jane Fonda perdeu popularidade por ocasionar lesões sérias, os programas trazem o mesmo risco, alerta o cirurgião Lucio Ernlund, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE).
"O sedentarismo é perigoso, mas o exercício mal orientado leva a lesões graves, principalmente nos joelhos", explica. Ernlund sugere consultar um especialista antes de aderir ao treino e desautoriza programas do tipo para quem já teve lesões ortopédicas. Ele afirma que o tempo parado para tratamento médico não vale o esforço – o condicionamento se vai durante a pausa. "Não existe mágica, atividade física é coisa séria", diz. E antes de acreditar nas fotos de "antes e depois", tenha em mente que a iluminação faz toda a diferença na imagem.
AlertaPreste atenção à dor, que pode indicar erros na execução do treino ou lesões
Quem quer se arriscar em um programa de alto impacto sem contar com um especialista – o ideal seria ter um – precisa atentar às reações do corpo, diz o personal trainer Aurélio Alfieri Neto. A dor é um alerta para exercícios executados de forma errada. "Dor moderada até três dias após o início da atividade é comum, desde que muscular", lembra ele.
"Caso a dor seja nas articulações, diminua o ângulo do movimento ou evite os exercícios. Se a dor aumentar, procure um médico", orienta. Para Aurélio, os exercícios em que é mais comum se cometer erros são agachamentos, abdominais e flexões. Uma forma de saber se a execução está correta é notar se a musculatura que deveria ser exigida está contraída.
Para a personal Ana Paula Gavleta, quem aderir ao treino precisa antes colocar em perspectiva os objetivos. Segundo ela, uma pessoa obesa dificilmente conseguirá resultados tão rápidos – quem mais se beneficia dos treinos são os magros que pretendem ganhar massa muscular. "Um gordinho, por mais que comece a ganhar músculos, pode continuar flácido", explica. Por isso, os programas sugerem uma dieta hiperprotéica, mais seguida pelos homens do que pelas mulheres, que têm medo de engordar. Ana Paula diz que os programas valem como um primeiro passo, mas funcionam sem restrições apenas para quem já conhece o próprio corpo.

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