Saúde

Mitos da malhação

Daliane Nogueira, dalianen@gazetadopovo.com.br
23/10/2011 02:12
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Os professores das academias já estão acostumados: a chegada da primavera é a senha para lotar esteiras, aparelhos de musculação e aulas de ginástica. A corrida para entrar em forma costuma vir acompanhada de uma série de dúvidas sobre as atividades físicas.
"Apesar de haver muita informação e profissionais mais preparados, ainda vemos pessoas acreditando em alguns mitos e, pior, tomando atitudes que podem colocar a saúde em risco", alerta Christi­­ano Francisco dos Santos, coordenador da pós-graduação em Fisiologia do Exercício da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Para ajudar você a entrar em forma com saúde, leia alguns dos principais mitos e saiba como lidar com eles.
Suor e emagrecimento
Quando se sua, perde-se água e não, necessariamente, gordura. Pessoas que correm com casacos pesados ou enrolados em plásticos, achando que vão emagrecer mais rápido, podem gerar mais desconforto e diminuir o desempenho físico. "Suar mais significa que o corpo está regulando a temperatura", aponta Santos.
A coordenadora de fitness da academia Be Happy, Rafaela Celeste Buso, lembra ainda que a perda de calorias é determinada pela intensidade dos exercícios. O controle da frequência cardíaca, respeitando a idade da pessoa, é um bom parâmetro.
Malhar em jejum
Praticar exercícios em jejum para reduzir o peso corporal rapidamente é uma prática que não traz resultados, além de perigosa. "Quando estamos em jejum nossas reservas energéticas ficam comprometidas e, ao fazer exercícios, pode haver hipoglicemia. Além disso, nosso corpo é inteligente e fará reserva de gordura, provocando a queima de massa magra, exatamente o contrário do que se busca", diz Santos.
Abdominais à exaustão
Séries e mais séries de abdominal, supra, infra, oblíquo, em todas as posições possíveis, não garantirão a barriga tanquinho para desfilar na praia. "O exercício localizado é um aliado, mas o músculo que se está trabalhando fica atrás da gordura localizada no abdome e a perda dela não acontece de forma local e, sim, no corpo inteiro, quando gastamos mais calorias do que ingerimos", diz o professor da academia Swimex, Fabrício Kozel. A melhor estratégia é combinar exercícios localizados com aeróbicos, como corrida ou bicicleta.
Musculação: mocinha ou vilã?
Musculação engorda ou emagrece? Músculos viram gordura depois que se para de malhar? Essas são algumas dúvidas que rondam a cabeça de quem começa a levantar peso. Os profissionais explicam que o exercício é um excelente complemento para as atividades aeróbicas, evitando a perda muscular, acelerando o metabolismo basal (gasto energético nas funções vitais) e reduzindo a gordura corporal.
Quanto ao fato de "virarem gordura", é um mito dos mais absurdos. "Gordura e músculos são tecidos totalmente diferentes. Um não pode se transformar no outro. O que ocorre é que, quando alguém para de treinar, os músculos começam a diminuir pela inatividade e, se o consumo calórico for mantido sem o gasto provocado pelo exercício, haverá acúmulo de gordura", explica Kozel.
Meia hora perdida
Sob influência da genética e do nível de condicionamento físico, cada pessoa começa a queimar gordura em um momento específico, mas, normalmente, isso não começa antes dos 20 ou 30 minutos de exercício. "O gasto em uma sessão mais curta é pequeno, mas existe. Mais do que isso, os minutos iniciais são fundamentais para induzir o gasto energético posterior", avisa Santos.
Operação verão
Quatro horas de malhação por dia não compensarão os meses parados. "Não haverá combustível para dar conta de tanto esforço, piorando a condição física e podendo provocar lesões, cansaço, sobrecarga das articulações e pouco rendimento", aponta Kozel. São recomendadas, no máximo, duas horas diárias e fracionadas entre atividades cardiovasculares (caminhadas, corridas) e neuromusculares (musculação, ginástica localizada).
Não dê adeus aos exercícios
Não cometa o mesmo erro todo ano e tente manter os exercícios. "A atividade física precisa ser uma rotina, como escovar os dentes", compara Rafaela. Trata-se de uma opção de vida, um compromisso com a saúde. "Quem procura a academia para um resultado rápido está pensando na estética e o desafio é fazê-lo ver que o mais importante é praticar algo que traga bem-estar, equilíbrio e saúde", completa Kozel.
Suplemento "milagroso"
Há sempre alguém por perto para indicar um suplemento que vai reduzir a gordura ou evidenciar os músculos. Seja o vizinho de esteira ou na loja da academia. Só que produtos à base de proteína, aminoácidos, creatina e hipercalóricos, que viraram uma febre entre os malhadores, precisam ser indicados por profissionais capacitados. "Não se pode consumí-los sem a orientação de um nutricionista, que vai avaliar se é necessário e qual suplemento é indicado. O instrutor da academia não é habilitado para prescrevê-los", afirma Santos. O perigo do uso indiscriminado é a sobrecarga das funções de alguns órgãos, como rins e fígado.
Você tem alguma dica de como aproveitar melhor a malhação, sem colocar a saúde em risco? Conte para o Viver Bem!
sxc.hu e Divulgação