editorial

O mito do padrão

Adriano Justino, editor - adrianoj@gazetadopovo.com.br
28/08/2014 03:02
As descobertas científicas e avanços tecnológicos se avolumam nos últimos anos em uma escala sem precedentes. Isso resultaria em uma melhora direta sobre a saúde e bem-estar dos indivíduos, certo? Depende. Quando utilizados sem a recomendação necessária, exames com absurdos níveis de detalhamento e tratamentos feitos sem indicação podem criar mais angústia e má qualidade de vida nos precavidos do que para aqueles relapsos com a saúde ou pelo menos não tão neuróticos com certos parâmetros delimitados pela métrica científica.
Baseados em normatizações, que se referem à média das condições encontradas nas populações ou em determinadas doenças, nem sempre o surgimento de nódulos, a ocorrência de dilatações, mudanças de níveis, alterações em índices e mesmo diferenças de humor ou de comportamento representam situações identificadas como patológicas, que mereçam ser investigadas a fundo ou então tratadas com o mais moderno e invasivo arsenal disponível.
Detectar não significa curar. Medidas preventivas nem sempre são de todo seguras. Buscar a saúde de maneira radical pode ser sinal de doença. Utilizar remédios de livre prescrição não abole seguir à risca as prescrições de suas bulas. Buscar diretamente o especialista não é a melhor atitude na busca do diagnóstico e tratamento correto. Ter muitos médicos "de confiança" é pior do que ter apenas um bom profissional ao seu lado.