terceira idade

Saiba os riscos a que a pele está exposta com o avanço da idade

Adriano Justino
18/07/2013 03:28
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A pele é o maior órgão do corpo humano – por este motivo também é o que mais sofre agressões ao longo do tempo. Diversas funções são alteradas até que o indivíduo alcance a terceira idade: a proteção mecânica e contra raios ultravioletas, a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e o metabolismo – o que resulta em manchas, feridas e ressecamento. "Ainda alteram as características normais da pele o avanço da idade, exposição a raios solares, hidratação, nutrição, tabagismo e o uso de medicamentos", explica a enfermeira estomaterapeuta do Hospital Vita Batel, Leila Abrahão. Confira a entrevista: O que muda na pele com o envelhecimento?
A função de barreira diminui, o pH da pele aumenta (principalmente a partir dos 80 anos), ampliando o risco de infecções, e a produção de sebo é reduzida, o que causa ressecamento. A epiderme, camada mais superficial da pele, fica bastante diminuída na sua espessura. Há uma redução no suor e na junção da epiderme com a derme, favorecendo as lesões tipo skin tears (rasgos superficiais).
O tempo de cicatrização também muda?
Sim. A idade torna as pessoas mais suscetíveis às lesões e retarda as fases de cicatrização. Há a diminuição da resposta inflamatória, da síntese de colágeno (que é depositado continuamente na ferida formando o novo tecido) e da neoangio­gênese (a formação de novos vasos sanguíneos). Também ocorre o aumento da fragilidade capilar e do tempo de epitelização. As doenças crônicas – diabete, hipertensão arterial sistêmica, problemas vasculares e neoplasias – também interferem diretamente na cicatrização.
Quais as circunstâncias mais comuns em que os idosos costumam se ferir?
Quedas no domicílio, atropelamentos e queimaduras. E há ainda as que aparecem por doenças como diabete, hipertensão arterial, insuficiência arterial – mais difíceis de cicatrizar, pois é preciso realizar o controle basal da doença, evitando infecções e usar curativos especiais (disponíveis no mercado para o tratamento de feridas em diversas fases, como os curativos a base de prata, hidrogel, alginato, hidrofribra e hidrocoloides).
Quais são os erros mais comuns e que causam esses ferimentos?
O sentimento da capacidade de realizar as tarefas diárias, não aceitando alguém para auxiliar. Desta forma os idosos querem fazer suas atividades sozinhos, andar pelas ruas e cozinhar sem ajuda. A insistência em manter os tapetes na casa e a ausência de barras de proteção nos banheiros também ocasionam quedas.
Quais são os maiores equívocos na hora de tratar as feridas?
A colocação de açúcar é ultrapassada, pois pode ocasionar a proliferação bacteriana, infectando a ferida, assim como a colocação de pó de café e até de teia de aranha. O uso de água oxigenada para lavar a ferida também é um erro, pois é irritante para o tecido, não elimina todos os micro-organismos e atrapalha a síntese de colágeno. O Polivinilpirrolidona-iodo (PVPI TÓPICO) resseca e é tóxico para as feridas, favo­­recen­do a formação de crostas e necrose.
Quando se deve procurar ajuda?
Se a pessoa se cortou e a ferida é superficial, a boa limpeza é um cuidado especial. Se o corte é maior, sangra muito ou há dor, pode ter havido uma fratura associada, principalmente em joelhos e cotovelos. Em relação às feridas simples, espera-se que sejam cicatrizadas na média em três a cinco dias.
Quais são os sinais de demora na cicatrização?
Apresentar hiperemia (quando a pele adjacente à ferida fica vermelha), pus, sensação de calor ou dor. Nesses casos tem que procurar ajuda, pois são sinais de processo infeccioso. Se a ferida não cicatriza, as que chamamos de feridas crônicas, é importante buscar ajuda: uma biópsia pode indicar até mesmo células tumorais.
O diabético tem cicatrização mais lenta?
Sim, e tem risco de infecção maior, pela redução das células de defesa para a ação local. O processo inflamatório nos diabéticos é alterado, fazendo com que a cicatrização leve até seis vezes mais tempo que o normal.