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Toxina do bem

Melissa Medroni, especial para a Gazeta do Povo
18/04/2013 03:22
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A toxina botulínica é conhecida por sua propriedade rejuvenescedora, capaz de atenuar rugas e marcas de expressão. Porém, muito antes de ser aplicada com fins estéticos já era empregada pelos médicos nos casos de doenças neurológicas. Ao longo dos anos, seu uso diversificou-se na medicina e na odontologia e ela passou a ser associada também ao combate de enxaquecas, suor excessivo (hiperidrose), bruxismo e sorriso gengival, entre outros. Em qualquer situação, as aplicações são sequenciais e devem ser repetidas de três a quatro vezes por ano, pois os efeitos são transitórios.
Distonia
Uma das primeiras finalidades de toxina botulínica no Brasil foi combater distonias, doenças caracterizadas por espasmos musculares involuntários que podem afetar áreas menores como olhos, pescoço e as mãos ou o lado inteiro do corpo. A toxina age bloqueando a produção de acetilcolina, substância responsável pela contração dos músculos. Um adepto famoso do tratamento é o pianista João Carlos Martins, que graças a ele voltou a abrir as mãos e fazer concertos.
Sorriso gengival
A toxina botulínica atenua o desconforto estético de pacientes que mostram mais de 3 mm de gengiva ao sorrir. A substância age na musculatura do lábio superior, diminuindo a sua contração. É um tratamento paliativo, com duração de 4 a 6 meses, que começa a ser percebido dias após a aplicação. A correção definitiva desse problema envolve um ortodontista e um cirurgião bucomaxilofacial e pode ser feita ainda na infância.
Bruxismo
Nos casos de ranger noturno de dentes, a toxina botulínica é capaz de amenizar a hiperatividade muscular, reduzindo os movimentos inconscientes e, por consequência, a dor. A aplicação dá-se por meio de uma injeção na mandíbula, com uma agulha fina. O desconforto pode ser atenuado com anestesia e geralmente diminui nas aplicações seguintes. Há estudos que mostram que a toxina pode até mesmo dispensar as placas noturnas de relaxamento, nos casos em que o bruxismo não é causado por apneia do sono.
Espasticidade pós-AVC
Quando sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais conhecido como derrame, o paciente pode apresentar rigidez em algumas partes do corpo. A injeção de toxina botulínica em braços e pernas não recupera os movimentos, mas facilita as sessões de fisioterapia. Da mesma forma, é uma aliada no programa de reabilitação de crianças que sofreram paralisia cerebral.
Hiperidrose
A dermatologia usa a toxina botulínica para tratar a produção excessiva de suor pelas glândulas sudoríparas, com aplicações nas mãos, pés e axilas pelo menos uma vez por ano. A maioria das pessoas afirma que o procedimento é indolor, mas para os mais sensíveis há um creme anestésico que pode ser usado antes do procedimento.
Dores faciais
Há cerca de dez anos, a toxina botulínica começou a ser usada para aliviar enxaquecas crônicas e cefaleias decorrentes de problemas na coluna. O tratamento é prescrito para os quadros crônicos, com aplicações no pescoço e partes da cabeça. Não combate a causa da dor – apenas atenua os sintomas.
Fontes: Helio Teive, chefe do serviço de neurologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR); Paulo Sérgio Batista, professor do curso de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); Paulo Afonso Cunali, professor adjunto do curso de Odontologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).