editorial

Vida sem intervalos

Adriano Justino, editor - adrianoj@gazetadopovo.com.br
19/12/2013 02:02
A aproximação do fim de algo – seja lá o que for – sempre causa aflição. Mesmo neste momento em que os sorrisos parecem transbordar de todo canto para o qual dirigimos nosso olhar, e que as mensagens onipresentes em forma de mantra são de confraternização e felicidade, tende a aflorar um traço de ansiedade e melancolia. Nada grave em muitos dos casos. A explicação para isso é apenas que somos humanos. Quando refletimos sobre nossas metas, atitudes e desejos, é fatal vermo-nos aquém de uma situação ideal. Parece que não estamos alinhados a essa euforia que, se bem observada, encerra-se de modo caricatural na publicidade veiculada em tevês, rádios, revistas e jornais – e nos banners bobocas replicados nas redes sociais.
Some-se a isso a expectativa por reencontros em confraternizações e temos a promessa de momentos de ansiedade. As famigeradas relações humanas, causa maior do nosso sofrimento, como apontou o pai da psicanálise, Sigmund Freud, são amplificadas neste período que envolve festas seguidas de férias. Reencontramos nossas famílias, que junto com aquela montanha de amor trazem duras e velhas verdades de presente para a gente, as quais nem sempre conseguimos engolir com tranquilidade, mesmo com um espumante extra.
A verdade é mais dura – mas sempre a melhor opção, talvez por ser a única existente: esta época não marca o fim de nada, mas pode ser o melhor momento para recomeçar.