Saúde

Você sabe o que é síndrome da bexiga dolorosa?

Érika Busani, erikab@gazetadopovo.com.br
27/11/2011 02:14
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A síndrome da bexiga dolorosa é uma doença caracterizada pela degeneração no revestimento protetor da bexiga | Shutterstock

A professora aposentada Terezinha Borges estava viajando, há três anos, quando foi acometida por uma dor intensa e contínua na região baixa do abdome. Ela voltou para Curitiba e começou sua peregrinação em busca de diagnóstico e tratamento.
Saber o que ela tinha até que não demorou: era síndrome da bexiga dolorosa, uma doença pouco conhecida. Mas com os vários médicos que consultou, não conseguia alívio para a dor. Terezinha passou um ano reclusa. "Ficava em casa, limitada. Tinha insegurança de estar em um lugar público e piorar da dor."
Também conhecida como cistite intersticial, a doença é caracte­­­rizada por uma degeneração no re­­­­vestimento protetor da bexiga. "Há uma camada de muco entre a urina e o tecido da bexiga. A ­­­fa­­­l­­­­­­­­ha nesse revestimento faz com que substâncias nocivas cheguem a planos profundos e ativem terminações dolorosas", diz o médico Rogério de Fra­­ga, es­­­­­pecialista em urologia feminina.
Além da dor, a síndrome causa necessidade constante de urinar e alívio quando a bexiga é esvaziada. O problema é que esses sintomas são comuns a outras doenças, como a cistite bacteriana. De acordo com Paulo Palma, diretor da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia e professor titular da cadeira na Universidade de Campinas (Unicamp), os pacientes procuram, em média, cinco médicos antes de receber o diagnóstico correto, que pode demorar até dez anos para ser realizado. A demora ocorre porque não existe um teste específico para detectar a doença e o diagnóstico é feito por exclusão. Os especialistas explicam que as causas da síndrome não são completamente conhecidas. Estudos demonstram que diversos fatores isolados ou associados podem ser responsáveis pelos sintomas. A doença acomete mais as mulheres, em uma proporção de duas para cada homem, segundo Fraga. E é incapacitante: metade dos pacientes não consegue trabalhar.
Tratamento
A primeira linha de tratamento é comportamental, com a restrição de cafeína, álcool, alimentos ácidos e condimentados, que irritam a bexiga e aumentam a dor. Além da dieta são necessários o controle do estresse e a prática de exercícios físicos.Para controle da dor, podem ser receitados analgésicos específicos. Caso eles não funcionem, há um medicamento, o hialuronato de sódio, que é aplicado diretamente na bexiga do paciente. O procedimento é feito em consultório. Com anestesia local, uma sonda finíssima é introduzida na uretra para levar a substância até a bexiga. Normalmente, são necessárias cerca de oito aplicações, uma por semana. Caso os sintomas voltem, o tratamento pode ser repetido. Terezinha se submeteu às sessões em 2008. "Voltei a viajar, a ter qualidade de vida. Hoje levo uma vida normal", comemora.