Saúde e Bem-Estar

Carolina Kirchner Furquim, especial para o Viver Bem

10 mitos e verdades sobre hérnias

Carolina Kirchner Furquim, especial para o Viver Bem
16/01/2019 12:00
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Sedentarismo e má postura são duas das principais causas das hérnias de disco. Foto: Bigstock

Elas são caracterizadas pela saída de uma estrutura anatômica de seu local habitual – como músculo, intestino e cartilagem do disco intervertebral, por exemplo – através de uma parede ou orifício para além de seus limites normais. Inguinal, umbilical, incisional, discal, não importa o tipo, as hérnias incomodam, causam dor e precisam de tratamento.
Uma das especialidades da medicina que diagnostica e trata o problema é a ortopedia. As mais comuns são as hérnias de disco – sejam na coluna cervical, torácica ou lombar. Além delas, as musculares e incisionais (que ocorrem na região de uma cicatriz cirúrgica, exceto as de cavidade abdominal) também podem ser curadas pelos ortopedistas.
Conversamos com Antônio Krieger, médico ortopedista do Hospital Marcelino Champagnat, e Ed Marcelo Zaninelli, médico ortopedista e traumatologista, especialista em cirurgia de coluna do Hospital Vita Curitiba, e membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), que esclareceram alguns mitos e verdades sobre a hérnia de disco, uma das condições que mais levam à consulta com o médico dessa especialidade. Confira:

Toda hérnia se rompe

Mito. Nem toda hérnia se rompe. No caso das hérnias de disco, pode ocorrer o rompimento do ânulo fibroso, causando sua extrusão, ou seja, a saída do “recheio” do disco para dentro do canal vertebral.

Todas as hérnias geram pressão nos nervos e, por isso, causam dor

Mito. As hérnias de disco da coluna podem comprimir as estruturas neurais (medula e raízes nervosas) dependendo do tamanho e da localização. Quando essa compressão ocorre, há dor na região da hérnia, além de dor pelo trajeto do nervo afetado. Porém, nem toda hérnia causa compressão ou mesmo dor. Muitos pacientes convivem com uma protrusão discal sem ter qualquer sintoma, podendo levar uma vida normal.

Toda hérnia na coluna é hérnia de disco

Mito. A patologia discal que surge na coluna é classificada em abaulamento, protrusão e hérnia de disco. O abaulamento é uma condição fisiológica caracterizada pelo aumento da circunferência do disco intervertebral, sem ser apresentado como doença. A protrusão é um abaulamento localizado, considerado uma condição “pré-hérnia”, já de caráter patológico. A hérnia de disco é assim chamada quando há o extravasamento de parte do conteúdo do disco (o núcleo pulposo, como se fosse um gel hidratado), de seu lugar habitual. Esse deslocamento comprime os nervos da coluna e causam dor. Por isso, quando há ocorrência de dor irradiada, normalmente já se trata da hérnia de disco propriamente dita.

Hérnias são ocorrências de pessoas mais velhas

Mito. As hérnias surgem entre a terceira e a quinta décadas de vida. Porém, qualquer pessoa pode apresentá-las, inclusive crianças e adolescentes.

A hérnia é uma condição unicamente constitucional

Mito. As doenças do disco são estudadas há muito tempo e, o que se sabe, é que aparecem em decorrência de fatores multifatoriais, ou seja, não existe uma causa única. Há que se considerar elementos intrínsecos (como a genética, por exemplo) e extrínsecos (o que fazemos com o nosso corpo. Falta de atividade física, sedentarismo, má postura e excesso peso são alguns dos principais fatores envolvidos na gênese das hérnias de disco).
Hérnias discais lombares podem causar dor nos membros inferiores. Foto: Bigstock
Hérnias discais lombares podem causar dor nos membros inferiores. Foto: Bigstock

A dor nos membros inferiores é um sintoma comum das hérnias de disco

Verdade. As hérnias discais lombares (na parte mais baixa da coluna) podem causar dor nos membros inferiores pela compressão, inflamação ou irritação de uma ou mais raízes nervosas que nascem na medula espinhal e vão formar o nervo ciático. Esse é o principal nervo dos membros inferiores, sendo responsável pela inervação sensitiva e motora sensitiva da pele (dermátomos) e dos músculos (miótomos). Assim, a hérnia de disco, ao entrar em contato com essas estruturas neurais, pode levar a sintomas como dor, formigamento, queimação ou choque na coxa, perna ou pé.

A musculação é contraindicada a pacientes com hérnia

Verdade. Toda atividade que exige emprego de grande força física ou impacto pode facilitar o aparecimento de hérnias, principalmente em pessoas com predisposição. Assim, praticantes de musculação devem respeitar o ritmo de adaptação do organismo, progredindo gradualmente as cargas, além de priorizar o fortalecimento da musculatura do core (abdominal, pélvica e lombar), a fim de proteger tanto a parede abdominal quanto a coluna, diminuindo o risco de apresentar uma hérnia no futuro. Pacientes com hérnia e nas crises de dor não têm recomendação alguma para praticar musculação.

Para o paciente com hérnia, praticar exercício físico também é importante

Verdade. O exercício físico é tão importante e seus benefícios são tão amplos que não podem ser descartados da vida cotidiana de qualquer pessoa. Assim, pacientes que tenham hérnia devem procurar orientação médica para que sejam indicados exercícios compatíveis com sua condição física. Alguns deles, como Pilates e Yoga, são atividades de baixo impacto que podem trazer muitos benefícios na prevenção e até na reabilitação de portadores dessa patologia. A preferência deve ser sempre por exercícios leves e sem impacto, com ênfase na musculatura abdominal para diminuir a carga na lombar.

A cirurgia é o tratamento de escolha para hérnias

Mito. De modo geral, o tratamento de hérnias consagrado na medicina é conservador para a maioria dos casos, ou seja, sem cirurgia. Estima-se que o tratamento cirúrgico seja necessário em 10% a 15% dos casos, quase sempre em função de uma piora neurológica, ou então quando não é mais possível tirar a dor do paciente.

Medicamentos são indispensáveis no tratamento das hérnias de disco

Verdade. O tratamento conservador envolve anti-inflamatórios hormonais ou não, analgésicos opioides, medicamentos miorrelaxantes e medicamentos para dor neuropática, de uso contínuo durante o período da crise. Métodos adjuvantes como fisioterapia, ultrassom, calor local, calor profundo, eletroestimulação, alongamentos, exercícios leves, repouso relativo, acupuntura e hidroterapia também podem ajudar, embora não sejam a primeira escolha de tratamento.
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