Saúde e Bem-Estar

Da redação

Baixa iluminação torna momento do parto mais tranquilo

Da redação
19/08/2016 09:00
Thumbnail

(Foto: VisualHunt)

Dar à luz em um ambiente muito iluminado ativa a região do cérebro chamada de neocórtex, responsável pelo raciocínio e inteligência. No momento do parto, porém, tudo que a mãe mais precisa é exatamente o contrário: desativar o neocórtex e ativar o córtex primal, região cerebral que a ajudará a empurrar o bebê para fora. Um ambiente com penumbra ou baixa luminosidade, portanto, é melhor para tranquilizar a mãe na hora do parto, segundo a pesquisa de mestrado da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da enfermeira obstetra Michelle Gonçalves da Silva.
Leia mais
Para avaliar o impacto da iluminação no parto, a enfermeira obstetra usou um sistema norte-americano que codifica expressões pelos movimentos dos músculos da face, conhecido como Facial Action Coding System (Facs). Foram filmadas 95 gestantes durante e depois do parto, divididas em dois grupos. As primeiras foram filmadas em um ambiente com as luzes acessas, e o outro grupo foi filmado em um ambiente com as luzes apagadas, como única fonte de luz o foco cirúrgico voltado ao períneo da mulher. Todos os partos ocorreram no hospital Alípio Ferreira Neto, na periferia de São Paulo.
As imagens, mesmo no ambiente de penumbra, passavam pelo sistema de codificação facial e estabeleciam as emoções das mulheres no momento da expulsão do bebê: medo, raiva, nojo, alegria, tristeza ou surpresa. Independentemente do tempo em que as mulheres permaneciam nas salas de parto, elas faziam a mesma sequência de emoções: medo primeiro, depois surpresa, então raiva e depois alegria.
“A diferença esteve mesmo na iluminação. O ambiente com baixa luminosidade proporciona uma sequência de emoções quase sem interferências. A gestante consegue ter todas essas emoções mais rapidamente. Quando o ambiente era todo iluminado, talvez ela se sinta observada, não conseguindo resgatar seu lado primitivo tão facilmente quanto na penumbra”, explica Michelle, na publicação da universidade.
Mamães com raiva?
Para a surpresa da pesquisadora, ela percebeu que a emoção ‘surpresa’ atuava como um gatilho para a ‘raiva’, que foi verificada como a emoção mais comum no parto. “Essa é a emoção mais primitiva que o ser humano tem e parir é o ato mais primitivo que se tem notícia”, explica.
A mulher entra na sala de parto com medo, segundo a enfermeira. Depois, oscila entre nojo e tristeza. Quando ela sente a surpresa, é como se resgatasse o lado animal e então sentisse raiva. Nessa hora ela consegue expulsar o bebê, e por isso que a raiva é um sentimento tão importante para o nascimento.
“Para nossa grande felicidade, em ambos os grupos foi interessante perceber que, após o nascimento, 100% das mulheres exprimiram alegria, por mais dificultoso e sofrido que tenha sido o parto”, diz.