Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Bebê de 12 dias morre depois de receber beijo de adulto com herpes simples

Amanda Milléo
05/11/2018 13:46
Thumbnail

Embora entre os adultos a infecção não seja muito preocupante, entre bebês -- cujo sistema imunológico ainda não está completamente formado -- a doença pode ser fatal. Foto: Bigstock

Em um relato emocionante no perfil do Facebook, a norte-americana Presley Trejo conta como um beijo levou a filha de apenas 12 dias à morte. Recém-nascida, a bebê Emerson Faye foi contaminada por pessoas que a tocaram e a beijaram, e a transmitiram o vírus da herpes simples (HSV). Embora entre os adultos a infecção não seja muito preocupante, entre bebês — cujo sistema imunológico ainda não está completamente formado — a doença pode ser fatal.

“Acontece tão rápido que você nem percebe que o bebê está doente. No caso da Emerson, quando nós chegamos ao hospital, o fígado estava completamente prejudicado. Seus rins foram logo em seguida. Tudo estava falhando. Ela estava tendo convulsões múltiplas até a morte cerebral. O seu coração parou de bater e a única coisa que a mantinha viva eram as máquinas”, descreve Presley, em uma postagem publicada no dia 26 de outubro. 

O objetivo do relato, segundo Presley, é para alertar aos pais e às pessoas que forem visitá-los para que não beijem os bebês e sempre lavem as mãos quando estiverem próximos de recém-nascidos. “Eu tinha visto histórias sobre outros bebês que morriam do mesmo vírus, mas você nunca acha que vai acontecer com você. Desta vez, aconteceu. Meus bebês não têm a irmã e meu marido e eu perdemos nossa única bebê menina”, conta a mãe. A postagem recebeu, até o início de novembro, 125 mil curtidas e mais de 213 mil compartilhamentos.

Risco da herpes

Bebês que nascem no tempo estimado — perto das 40 semanas — conseguem carregar a maioria dos anticorpos da mãe nos primeiros meses, até que o sistema imunológico esteja mais fortalecido. Portanto, se a mãe teve contato com infecções virais, como a herpes ou a varicela, essa imunidade pode ser transmitida ao bebê.
Mas, em casos quando a criança nasce antes do previsto, ou quando a mãe não teve contato com os vírus antes da gestação, os bebês recém-nascidos acabam mais susceptíveis a uma infecção mais séria, quando em contato com esses vírus. “Neles [os bebês], não é um sintoma labial, como a herpes tende a fazer em adultos, mas uma meningite ou encefalite, uma infecção generalizada”, explica Eduardo Gubert, médico pediatra e intensivista pediátrico do hospital Pequeno Príncipe.
Os cuidados, portanto, cabem especialmente a quem visitar os recém-nascidos: evite tocar no bebê se estiver com lesões ativas ou mesmo se sentir que as lesões estão para estourar, e sempre cuide da higiene das mãos quando estiver próximo à criança. “Em média, dois dias antes de qualquer quadro viral, a pessoa já faz a transmissão, mesmo sem saber que tem a doença”, reforça o pediatra. 

Clima de Curitiba exige atenção redobrada

Mais comum que quadros de herpes em bebês, os curitibanos precisam ficar atentos a infecções por vírus da gripe e resfriados.

“Na nossa cidade, por vivermos muito em ambientes fechados, acabamos tendo a disseminação de infecções virais bem maior que em uma cidade mais quente. Um adulto gripado passa um vírus de gripe ou resfriado para o bebê pequeno, que desenvolve uma bronquiolite. É como se o mesmo vírus atingisse a criança e o adulto, mas no bebê não fica restrito ao nariz e garganta, vai para os pulmões”, explica Gubert. 

Bom senso perto de bebês

Lave as mãos e use o álcool em gel. Ao chegar ao local da visita, lave as mãos e faça uso do álcool em gel antes de encostar no bebê.
Máscaras são necessárias? Comum no cuidado de bebês prematuros, alguns pais solicitam que os visitantes usem máscaras nos rostos ao chegar perto da criança.
Sintomas de mal estar: fique em casa. Se você sentir que está para desenvolver algum quadro viral, como a sensação de cabeça pesada, espirro, coriza, obstrução nasal, postergue a visita ao recém-nascido.

“Se a família pode sair de casa com menos de três meses com o bebê, ela tem que saber onde vai. Não pode ir a um shopping, um mercado ou festa infantil. Se ela for até a casa da família, dos avôs, não tem tanto problema, porque os avós são pessoas que estão preocupados com a saúde do bebê e vão cuidar antes de encostar na criança. Mas, ir a um local onde não há controle sobre as outras pessoas, a criança pode pegar alguma doença de alguém que nem sabe que está doente”, alerta Eduardo Gubert, médico pediatra.

Tempo certo. Não existe uma idade certa (a partir de seis meses ou depois de todas as vacinas) para os pais deixarem os outros encostar no filho sem precaução. O ideal é manter o bom senso: evitar locais muito movimentados ou com pessoas doentes é sempre válido.
LEIA TAMBÉM