Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Bebê de três dias sobrevive a ataque de escorpião; saiba o que fazer se for picado

Amanda Milléo
20/09/2018 19:58
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Picada de escorpião, especialmente em crianças e idosos, é preocupante, pois pode levar à morte (Foto: Bigstock)

Uma bebê de três dias sobreviveu a cinco picadas de escorpião em Vitória da Conquista, na região Sudoeste da Bahia. O caso, que ocorreu no início de setembro, chamou atenção nas redes sociais e mostrou que o atendimento rápido, com uso do soro antiescorpiônico, fez com que a menina passasse pelo ataque do animal sem sequelas.
As picadas foram localizadas no coto umbilical da bebê, que apresentou sintomas de taquicardia, vômito e sudorese. Diante dos sinais, a família a levou rapidamente ao atendimento médico, passando pelo pronto atendimento do Hospital Municipal Esaú Matos e, depois, levada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Vitória da Conquista (HGVC).
Ao ser recebida no Hospital Geral, de acordo com Nadya Fernanda Modesto Habib, médica coordenadora das UTIs Neonatais do HGVC, além dos hospitais São Geraldo e Esaú de Matos, a menina não apresentava mais sintomas importantes, pois já havia recebido o soro antiescorpiônico (que contém anticorpos capazes de garantir a proteção contra o veneno) no atendimento anterior. Diante disso, não houve necessidade de nenhum tipo de medicação ou ventilação mecânica.
“Ela não estava grave, não precisou ser entubada, nem usamos nenhuma droga. Ela tinha a hemodinâmica boa e ficou em observação por uns dias. Foi feita oxigênioterapia, mas não a ventilação mecânica e nenhum medicação para a parte hemodinâmica”, disse  Habib, em entrevista por telefone ao Viver Bem.
Repercussões hemodinâmicas a partir do veneno do escorpião normalmente apresentam edema de pulmão e hipotensão severa, que podem levar a pessoa à morte.  
Crianças e idosos são faixas etárias de maior risco aos escorpiões e outros animais peçonhentos e, no caso da bebê, o que pode ter contribuído no salvamento foi justamente o atendimento rápido, segundo a médica.
“O escorpião tem um tempo em que ele libera mais veneno, então talvez não tenha liberado tanto. Mas o essencial é o uso rápido do soro. Os sintomas podem ser difíceis de identificar, ainda mais em uma criança tão pequena que não diz o que dói. Por isso é importante a prevenção às picadas”, frisa a coordenadora.
Segundo informações repassadas pela assessoria de imprensa do HGVC, a criança deu entrada no hospital no dia 6 de setembro e, no dia 9 do mesmo mês, foi liberada sem apresentar nenhuma sequela. O Viver Bem tentou falar com a família, mas não conseguiu contato.

“Como sequela, geralmente, a criança não sobrevive. O veneno gera taquicardia, coração bate mais rápido, gera edema de pulmão e uma hipotensão severa. Se você consegue reverter com uma ventilação ou medicação, a criança sai sem sequelas”, explica Habib.

O que fazer

O  médico infectologista do hospital Pequeno Príncipe,  Horácio de Souza Costa Junior, ressalta que é preciso ir a um pronto-socorro imediatamente,  e explica o que é preciso ser feito até pessoa receber o soro  antiescorpiônico:
“A primeira coisa que pode ser feita pela família é lavar o local da picada com água e sabão. Mantenha o local da picada voltado para cima e não corte, fure ou aperte esse local. Beba bastante água e procure o SAMU [Serviço Móvel de Urgência e Emergência, solicitado pelo número 192] “, ensina o especialista.
Segundo o infectologista, a gravidade da picada também varia (pois depende do tipo de escorpião e da quantidade de veneno que o animal solta).
“O escorpião não é tão difícil de encontrar, e é importante frisar que a picada, na maioria das vezes, causa poucos sintomas. Pode gerar uma vermelhidão, inchaço, dor no local da picada, enjoo, dor de cabeça. Mas é preciso ficar atento também a espasmo muscular e queda da pressão arterial, porque o risco é de morte”, alerta Junior.

Cuidados

Não basta prestar atenção ao escorpião em locais onde o animal é mais comum. Com a chegada dos dias mais quentes da Primavera e Verão, os cuidados devem ser reforçados contra os animais peçonhentos.

Mantenha a casa a mais limpa possível, especialmente em quintais e jardins, sem o acúmulo de madeira e lixo. Retire a sujeira atrás de móveis, cortinas e tapetes e evite andar descalço. 

Antes de mexer em toalhas e calçados, verifique a presença do animal e nunca deixe as crianças colocarem as mãos em buracos ou frestas
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