Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Omelete e pizza em pó: dieta do futuro modifica alimentos para resultado rápido

Amanda Milléo
26/06/2018 07:00
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(Foto: Bigstock)

Emagrecer de forma rápida e sem passar fome é uma promessa antiga, mas que poucas dietas dão conta de entregar. A mais nova tentativa é o programa de emagrecimento desenvolvido na Europa Myncelife, que estreia em Curitiba nesse mês, antes de qualquer capital no Brasil.
O método promove uma dieta cetogênica proteinada de baixo valor calórico. Ou seja, busca reduzir ao máximo as fontes de carboidratos (entram aí os pães e macarrão) e reforça as fontes de proteínas (carnes e ovos), ao mesmo tempo em que mantém as calorias das refeições baixas, em uma média de 900 kcal por dia nas primeiras fases.
Com isso, procura acabar 100% do peso que a pessoa se propõe a perder em pouco tempo. A média, de acordo com a portuguesa Carlota Veloso, uma das idealizadoras do método, é que a pessoa reduza até 10 kg em um mês e meio.

Novidade?

A dieta cetogênica não é inédita entre os brasileiros – e carrega tanto defensores quanto críticos, pelos riscos do formar corpos cetônicos em excesso no organismo. O novo método, no entanto, mostra uma nova faceta da modalidade. Dividida em quatro fases, nas duas primeiras o interessado se alimenta única e exclusivamente dos produtos que o programa oferece e de poucos legumes e vegetais.
Entram aí croissants, macarrão, biscoitos, mousses de chocolate, crepes, chips, torradas, cappuccinos, barras de chocolates, barras de cereais, omeletes e panquecas, entre outras variedades. Pode parecer estranho, mas nenhum dos alimentos acima traz em sua composição a prevalência de carboidratos. São todos baseados nas proteínas e refletem o avanço tecnológico na engenharia alimentar.
“Os alimentos são saudáveis. Na base são proteínas e em termos de gosto são iguais aos tradicionais. Croissant, biscoito, mousse de chocolate e até creme de avelã. Os produtos são eficazes para as pessoas que têm compulsão por alimentos doces”, explica Carlota, idealizadora, durante a apresentação do método em Curitiba na última quarta-feira (20).
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Como esses são os únicos alimentos que o paciente pode ingerir no início do método, e cada produto equivale a uma refeição, quem não sair da dieta (o que não é difícil pela variedade de alimentos atrativos ao paladar) pode alcançar os resultados propostos rapidamente.
Com acompanhamento nutricional a cada 10 dias nas primeiras duas fases, quando o paciente chega à terceira fase (e retorna aos alimentos tradicionais), o foco é aprender a comer de forma adequada e a preparar o próprio alimento. Quando chegar à fase 3, 80% do objetivo deve ter sido alcançado para, quando entrar na fase 4, cuidar apenas da manutenção do peso.
Todos os alimentos foram produzidos para serem semelhantes aos sabores tradicionais, mas com base em proteínas (Foto: Valterci Santos / Gazeta do Povo)
Todos os alimentos foram produzidos para serem semelhantes aos sabores tradicionais, mas com base em proteínas (Foto: Valterci Santos / Gazeta do Povo)

Dieta cetogênica

Os idealizadores do método defendem que a pessoa, mesmo no início da dieta, não se sente cansada ou irritada – reclamações comuns de quem tenta uma dieta cetogênica tradicional. Isso porque há suplementação de vitaminas e outros nutrientes para quem demonstra esses sintomas.
Outro diferencial da dieta é que a prática de exercícios físicos, com esforço intenso, não é recomendada pelos idealizadores no início, segundo Carlota Veloso. Exercícios de resistência, sob acompanhamento médico, estão liberados, mas os aeróbicos de maior intensidade devem ser deixados para a terceira fase em diante, quando há uma reintrodução alimentar.
(Foto: Valterci Santos / Gazeta do Povo)
(Foto: Valterci Santos / Gazeta do Povo)

Corpos cetônicos em excesso

O processo de emagrecimento a partir da cetose segue a seguinte lógica: quando a pessoa reduz consideravelmente o consumo de carboidratos, a principal fonte de energia, o corpo busca outras fontes no organismo. O fígado, então, quebra os chamados ácidos graxos (que vem do tecido adiposo, ou da gordura), gerando energia. Dali também derivam os corpos cetônicos.
Esses são fontes de energia para o coração, cérebro e tecidos musculares na falta do carboidrato, mas são também tóxicos ao organismo – especialmente quando estão em excesso. Caso a pessoa corte o carboidrato, mas ofereça outra fonte de energia importante, os corpos cetônicos podem nem ser usados, ficando em excesso.
“Já trabalhei com vários pacientes com cetogênica para emagrecimento e, se me perguntar se traz resultado, eu diria que depende. Para alguns pacientes é a dieta que melhor se adapta, pois ela responde bem a uma baixa de carboidrato. Depois que passa a fase de adaptação à cetose, a pessoa não tem mais os efeitos colaterais. Para outros, é algo difícil de aderir, porque você tira o carboidrato, que é o alimento de mais fácil acesso, o predileto das pessoas”, explica Priscila Dabaghi, nutricionista e coordenadora do curso de nutrição da Universidade Positivo, que não teve acesso ao cardápio completo da dieta Myncelife e foi convidada pelo Viver Bem para fazer uma análise dos cuidados que as dietas cetogênicas em geral exigem do paciente e do profissional de saúde.
Com relação aos sintomas derivados do excesso de corpos cetônicos no organismo, Carlota Veloso, uma das idealizadoras do método, reforça que há o monitoramento do paciente a partir de exames. “Se a pessoa se sentir mal, os sintomas são tratados ao longo do processo”, justifica.
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