Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Fim do horário de verão afeta pessoas que usam medicamentos controlados

Amanda Milléo
16/02/2019 17:00
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Com o fim do horário de verão, os brasileiros afetados pela mudança deverão retornar os ponteiros do relógio em uma hora (Foto: VisualHunt)

O horário de verão 2018 chegará ao fim neste fim de semana, à meia-noite de sábado (16). Para não confundir, os brasileiros afetados pela mudança no horário deverão voltar os ponteiros dos relógios em uma hora. Quem estiver acostumado a acordar sempre às 8h, por exemplo, acordará no próximo domingo com o relógio apontando para às 7h — ganhando uma hora de sono, portanto.
A mudança pode parecer simples, de apenas uma hora, mas pode causar um prejuízo à saúde de muita gente. Com especial atenção quem faz uso de medicamentos controlados, como os diabéticos que precisam aplicar a insulina. De acordo com Marcio Krakauer, endocrinologista diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (SBEM-SP), aos pacientes com essa doença crônica é recomendável que apliquem a medicação já se adaptando ao horário novo.
“Como é uma hora apenas, a mudança é muito pequena. Mas em quem tem diabetes, recomenda-se que volte ao horário normal. Se a pessoa toma café às 7h e aplica a insulina nesse momento, quando mudar o horário, volte a tomar o café no horário das 7h [que parecerá ser 8h]. É importante seguir o horário novo”, explica o médico. A orientação vale para algumas pessoas, mas quem faz uso de medicamentos de uso contínuo como anticoncepcionais, não precisam se preocupar tanto com essa mudança.

Cuidado com o que você come

O organismo humano precisa de luz e escuridão para que os hormônios e outras substâncias químicas se modifiquem e favoreçam o levantar e a indução ao sono. O fim do horário de verão confunde o organismo, pois os momentos de acordar e ir dormir são postergados — e não é uma mudança de uma noite apenas, mas dura por vários meses e exige adaptações.
“Pessoas sensíveis podem passar mal, mas em geral os mais jovens absorvem as mudanças de forma mais simples. Quanto mais idade tem, mais difícil a pessoa consegue se adaptar”, explica o médico endocrinologista Márcio Krakauer.
Uma forma de facilitar esse momento está no que você escolhe comer nos dias durante a adaptação: evite ao máximo alimentos gorduroso e abuse das frutas e verduras.
“Muitos dos hormônios são influenciados pelo tipo de alimentação e a recomendação dos especialistas é que, nessa época, opte por refeições mais leves e com mais líquidos. Verduras, legumes e frutas com água, sucos, carnes magras e em pequena quantidade. Evite gorduras, frituras, lasanha, batata frita, em grande quantidade. Alimentos assim podem atrapalhar a digestão, o ritmo do intestino e o organismo precisa de calma para se adaptar”, reforça Krakauer.
Fim do horário de verão afeta sono, alimentação e consumo de remédios controlados (Foto: VisualHunt)
Fim do horário de verão afeta sono, alimentação e consumo de remédios controlados (Foto: VisualHunt)

Abra a cortina, deixe o sol entrar

Assim como o organismo percebe que a luminosidade pela manhã aumenta na época do horário de verão, o retorno ao horário normal e a luminosidade reduzida também ajudam o corpo a entender que algo mudou. Para favorecer uma adaptação mais rápida, exponha-se à luz tão logo você acordar.
“Automaticamente o relógio biológico vai mudando. Se a pessoa cuidar do horário que for dormir, sem ficar até mais tarde, preparar o quarto para um sono de qualidade e, ao acordar, abrir as cortinas, deixar que a luminosidade interfira na liberação da melatonina, melhor será a adaptação”, explica Danielle Salvati de Campos Malaquias, médica otorrinolaringologista especialista em distúrbios do sono do hospital São Vicente, em Curitiba.
Fazer exercícios pela manhã também pode ajudar, mas sempre respeitando o ciclo de sono de cada pessoa. “Se a pessoa tem um ciclo vespertino, onde ela dorme e acorda mais tarde, não adianta se programar para fazer exercício muito cedo, porque ela pode ficar privada de sono. Se for reduzir as horas de sono, não adianta forçar”, afirma Malaquias, que também atua no Instituto do Sono de Curitiba e no hospital Angelina Caron, onde é professora de Medicina do Sono da residência em Otorrinolaringologia.

Higiene do sono

Das orientações recomendadas pela higiene do sono:
  1. Ter um horário para dormir que seja coerente com o ciclo biológico. Se você for uma pessoa cujo organismo responda melhor nas manhãs (matutino), evite dormir muito tarde. Da mesma forma, se for mais vespertino (prioriza as tardes), acordar muito cedo pode não ser a solução.

  2. Manter o quarto de dormir escuro na hora de deitar.

  3. Retirar aparelhos eletrônicos ou qualquer equipamento que possa emitir som durante à noite.

  4. Manter o ambiente em silêncio.

  5. Evitar bebidas alcoólicas à noite.

  6. Evitar exercícios físicos muito próximo da hora de dormir.

  7. Evitar bebidas que contêm cafeína, como chá verde, chá preto, café, refrigerantes do tipo cola, chimarrão, etc.

Fazer uma boa higiene do sono no quarto de dormir pode ajudar na adaptação do fim do horário de verão (Foto: Bigstock)
Fazer uma boa higiene do sono no quarto de dormir pode ajudar na adaptação do fim do horário de verão (Foto: Bigstock)

Métodos para dormir em segundos funcionam?

Embora possam funcionar para algumas pessoas, os métodos para dormir em segundos, bastante disseminados pela internet, não têm muito segredo: tratam-se de mecanismos de relaxamento mental.

“O que esses métodos tentam é promover um relaxamento, fazer com que a pessoa entre em pensamentos que facilitam a via do sono, e não o da vigília. Se a pessoa se desconecta de assuntos com maior carga emocional e se volta aos assuntos que tem menor afetividade, ela se conecta aos sensores internos”, explica Danielle Malaquias, médica especialista em distúrbios do sono. 

Ao ficar mais ciente da própria respiração, do batimento cardíaco, da força muscular, a pessoa consegue relaxar e a vigília dá espaço ao sono. “Faz parte do processo de vestir o pijama da mente. São técnicas, assim como a gente usa com as crianças, como contar uma história, fazer uma massagem, entregar o bicho de pelúcia. Faz parte de um ritual”, reforça a médica.
O problema é achar que isso funcione com todo mundo: “Tem pacientes que não conseguem iniciar o sono porque têm uma patologia. Apneia, bruxismo, insônia grave, por exemplo. Eles podem até tentar essas técnicas, mas não vão conseguir e isso precisa ser visto por um especialista e tratado”, lembra Malaquias.
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