Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Chegar por último na corrida é tão bom quanto o primeiro lugar para a saúde

Amanda Milléo
04/09/2017 07:30
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(Foto: Bigstock)

Nem todo mundo precisa ser Usain Bolt para sentir os benefícios da corrida na saúde cardiovascular. Com a popularização da modalidade, pela facilidade e baixo custo, qualquer pessoa pode praticá-la, e é comum querer aumentar a intensidade e o volume da corrida ao longo do tempo. Mas, quem prefere manter o “devagar e sempre” não precisa se preocupar: os benefícios são praticamente os mesmos.
“Como algumas pessoas não tem nenhum tipo de bagagem sobre a corrida, não sabem levar o corpo a situações de esforço. Como não tem essa experiência, a pessoa corre até o momento em que acha confortável e, para ela, aquilo já é esforço”, explica Fábio Moralles Alonso, corredor e professor de educação física da Trainer Assessoria Esportiva.
Mesmo correndo devagar, a aptidão e o condicionamento do praticante melhoram, ao menos em um primeiro momento. Os maiores benefícios, segundo Marcelo Bichels Leitão, médico cardiologista e especialista em medicina esportiva, é passar do inativo ao ativo. “Definitivamente vale a pena se manter uma pessoa ativa, mesmo que em uma intensidade não tão elevada, sem o objetivo de crescer cada vez mais”, reforça o médico. A recomendação atual dos especialistas é para que se pratique 150 minutos de atividade física moderada por semana, ou duas horas e meia.
Além dos benefícios ao coração, correr devagar também faz com que a pessoa se exponha a um risco menor de problemas articulares – visto que o impacto de uma corrida mais intensa é maior. Isso não quer dizer que um exercício de grande volume ou alta intensidade seja contraindicado, mas estatisticamente a pessoa pode ter mais problemas porque usa de forma mais intensa as estruturas osteoarticulares, como joelhos.
Como aumentar o volume da corrida devagar?
Se você cansou de ficar no mesmo volume, lembre-se que o aumento da velocidade da corrida deve acontecer gradativamente, caso contrário pode predispor o corredor a várias lesões, sendo as mais comuns a canelite, fratura por estresse e a síndrome do corredor, ou síndrome da banda iliotibial.
“A regra geral é que a quantidade de km que a pessoa roda na semana deve aumentar de 5% a 10%. Se eu corria 20km na semana passada, nesta será 21km a 22km, no total. Não dá para passar de 5km para 8km e no fim de semana 10km. Esse aumento de 50% gera as lesões”, alerta Alonso.
Portanto, não estranhe se, nos primeiros dias da corrida, o professor ou assessor de corrida não passar nenhuma atividade que exija correr: “As pessoas que não tem a mínima bagagem física de memória não podem começar correndo. É como pegar um carro zero e deixá-lo 30 anos parado. Não pode ligar ele e sair para uma viagem, algumas peças estão muito travadas”, resume o corredor.
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