Saúde e Bem-Estar

Isadora Rupp

Os prós e contras da Dieta Antissal cultuada por celebridades norte-americanas

Isadora Rupp
29/04/2018 18:00
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Evite colocar o saleiro na mesa. Foto: Bigstock.

Não há nação que fale e faça mais dietas — e continue tão obesa, com índices que chegam a 40% das mulheres e 35% dos homens — do que os Estados Unidos.  E duas das principais protagonistas atuais dessa indústria do “se esforce, perca peso e seja feliz” são Tammy Lakatos Shames e Lyssie Lakatos, que ficaram conhecidas como as “gêmeas da nutrição” e são autoras do livro “Dieta Antissal — 4 semanas para emagrecer e tornar-se mais saudável”. A obra, lançada nos EUA há cerca de cinco anos, foi enorme sucesso de vendas e chega agora ao Brasil pela editora Best Seller.
A proposta da dupla, que participou de ações como o movimento Let´s Move, da então primeira-dama Michele Obama, para incentivar a nação a se exercitar, é relativamente simples: tirar o sal da cozinha e o saleiro da mesa para emagrecer de vez.
Só na primeira etapa, chamada por elas de “pontapé inicial”, é possível perder quatro quilos em 10 dias — a dupla tem ainda uma parceria com a rede NBC, e emagreceu apresentadores e artistas, resultado na tela que incentivou ainda mais seguidores.
As "gêmeas da nutrição". Foto: Divulgação.
As "gêmeas da nutrição". Foto: Divulgação.
Além de apontarem o sal como o principal causador da obesidade (elas citam estudos como o da Obesity Research que mostra que dietas ricas em sal estão diretamente associadas ao aumento das células de gordura no corpo), as gêmeas pontuam outros motivos para diminuir o produto no prato:  segundo Tammy e Lyssie, o sal nos deixa com uma “aparência inchada e cansada”, faz as células de gordura ficarem mais densas e ocasiona ainda mais fome e sede.
E o consumo de sal no ocidente é, de fato, exagerado: são seis mil miligrama por dia. Para o nosso corpo lidar bem com a substância, de acordo com as autoras, esse montante deveria ser de, no máximo, 2,4 mil. Esse excesso, dizem, podem nos dar 4,5 quilos de peso a mais — somente de retenção de líquido.

Nutricionismo

Apesar de o cardápio, mesmo o da fase 1, mais rigorosa, não ser extremamente restritivo em quantidades e grupos alimentares, as autoras classificam os alimentos em categorias como “limpadores”, “emagrecedores” e os “vilões”, que seriam, sozinhos, os responsáveis por problemas como constipação e inchaço, que impediriam a perda de peso.
 Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo.
Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo.
A sugestão de consumir determinados alimentos e preterir outros se centra em uma visão reducionista da comida — o que o autor Michael Pollan (de livros como “Em Defesa da Comida” e “Cozinhar”)  chama de “nutricionismo”, ou seja, que dá tanta importância aos componentes nutricionais do alimento que esquece o lado cultural de comer.

Benefícios

Ainda que as autoras às vezes exagerem um pouco na “vilanização” de alguns alimentos, que as pesquisas sobre a influência do sal no ganho de peso sejam controversas e que os cardápios do livro estejam bem distantes da alimentação tradicional brasileira, há méritos na obra.
As gêmeas conseguem explicar de forma clara a importância do consumo de vegetais (e ensinam maneiras gostosas de incluí-los mais no prato), a cozinhar sem sal, abusando mais dos temperos (com misturas que incluem cebola, pimenta-do-reino-, páprica, entre outros) e a diminuir os chamados produtos ultraprocessados.
O livro traz ainda boas receitas e dicas de exercícios físicos (ambas são personal trainers).

Serviço:

Dieta Antissal — 4 semanas para emagrecer e tornar-se mais saudável. Lyssie Lakatos e Tammy Lakatos Shames. Editora BestSeller, 280 págs. R$ 44,90.
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