Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Conheça cinco dietas para prevenir e controlar o diabetes

Amanda Milléo
10/01/2019 07:00
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Dietas podem ajudar pacientes no controle e até na prevenção do diabetes. Veja quais. (Foto: Bigstock)

Estar com acima do peso que seria o saudável faz com que o corpo desencadeie uma série de mecanismos que podem levar a uma resistência insulínica e, consequentemente, ao diabetes. Embora seja difícil compreender todo o processo de surgimento da doença, o controle é simples, e perpassa por aquilo que a pessoa come.
Das dietas em destaque elencadas todos os anos pela empresa de comunicação norte-americana U.S. Media & World Report, 14 foram selecionadas como as mais indicadas a quem deseja prevenir e controlar o diabetes.

Vale lembrar que a doença cresceu mais de 60% em 10 anos no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados em 2018. Atualmente, 8,9% da população brasileira sofre com diabetes, nas diferentes formas. 

A ideia de identificar dietas que combatam o diabetes é boa, mas não cabe a todo mundo, conforme lembra Henrique Suplicy, médico endocrinologista, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
“Para o diabético tipo 2, há três situações: ou é aquele paciente muito magro, que vai precisar de uma dieta mais calórica; ou ele tem o peso normal, que precisa de uma dieta que não vise a perda de peso; ou o paciente obeso, acima do peso, cuja dieta precisa ser hipocalórica e balanceada, para que ele perca o peso extra”, diz Suplicy.
Das dietas selecionadas pelo site norte-americano, não há uma linha de raciocínio comum a todas, diz Suplicy, o que transforma as sugestões em apenas isso: meras indicações do que pode ser benéfico para algum paciente. É importante, sempre, rever o plano alimentar com um nutricionista especialista e o médico endocrinologista que esteja acompanhando.

“Todas as dietas que existem no mundo se enquadram em três tópicos: aquela que você come de tudo, de forma balanceada; aquela que diminui o consumo de carboidrato que são as low carb; e aquela que reduz o consumo de gordura. Na lista [contra o diabetes], há dietas das três categorias, não há um padrão”, reforça o endocrinologista. 

Confira abaixo o que propõem as 5 principais dietas listadas:

Embora as dietas listadas não seguem um padrão claro, há ingredientes e dicas comuns a todas, segundo lembra Jennifer Partika, nutricionista do hospital Santa Cruz, de Curitiba (PR). “Elas partem do mesmo princípio de aumentar o consumo de verduras, frutas e legumes, além de reduzir tanto quanto possível o consumo de alimentos industrializados”, explica.
1) Dieta Mediterrânea: prioridade de gorduras boas
Baseada em frutas, verduras, óleos vegetais e gorduras boas, a dieta mediterrânea tem muito a contribuir para o paciente diabético (Foto: Bigstock)
Baseada em frutas, verduras, óleos vegetais e gorduras boas, a dieta mediterrânea tem muito a contribuir para o paciente diabético (Foto: Bigstock)
A dieta Mediterrânea, baseada na alimentação da população do Mar Mediterrâneo, é uma das mais conhecidas e enaltecidas por profissionais de saúde. Por priorizar o consumo de frutas, hortaliças, oleaginosas, cereais integrais, peixes e vinhos, a dieta favorece a saúde como um todo, reduzindo o consumo de alimentos não tão bons, como carne vermelha, industrializados e doces em geral.
“Por que essa dieta ajuda no diabetes? Porque aumenta o consumo de fibras e gordura boa, através do azeite de oliva, oleaginosas e peixes. As fibras ajudam na manutenção do peso e, consequentemente, controlam a doença”, explica Jennifer Partika, nutricionista.
Sugestão mediterrânea: “manteiga” de azeite. Misture o azeite de oliva com temperos, como orégano ou pimenta e coloque em um pote de vidro pequeno. Leve o pote à geladeira e deixe a mistura descansar durante três a quatro dias. Depois, use o azeite temperado (sem sal) como pasta para o pão, torrada, tapioca. “É um jeito de aumentar o consumo de uma gordura boa, como o azeite, e retirar da dieta a margarina e a maionese, que não são ideais”, reforça a nutricionista.
Na hora do vinho, cuidado! “A taça  que a dieta propõe não é de vinhos doces. Tem que tomar cuidado, porque não adianta tomar o vinho mais doce, que é puro açúcar”, explica Jennifer.
2) Dieta DASH: do coração ao corpo todo
Pensada primeiramente para pessoas com hipertensão, a dieta DASH provou ser muito eficaz no controle dos sintomas de diabetes também (Foto: VisualHunt)
Pensada primeiramente para pessoas com hipertensão, a dieta DASH provou ser muito eficaz no controle dos sintomas de diabetes também (Foto: VisualHunt)
Embora a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension, que significa métodos para combater a hipertensão) tenha sido criada pensando no tratamento contra a hipertensão, os benefícios da opção também favorecem pessoas diagnosticadas com diabetes. Isso porque ela também incentiva o consumo de fibras, através das verduras, legumes e frutas.
A dieta também reduz consideravelmente o consumo de sódio e de gordura saturada, encontrada em produtos industrializados. “Quando você reduz o sódio e o consumo de gordura saturada, diminui consequentemente o consumo de industrializados. E aumenta o consumo de alimentos mais saudáveis, como frutas e hortaliças”, explica a nutricionista.
Embora a DASH não proíba nenhum tipo de alimento, ela sugere o consumo de opções mais saudáveis. No caso do leite, sempre o desnatado ou semi, não o integral. Grãos integrais na frente dos tradicionais.
3) Dieta Flexitariana: vegetariana de vez em quando
Embora incentive o consumo de alimentos que não tenham origem animal, a dieta flexitariana permite um consumo de carnes esporádico (Foto: VisualHunt)
Embora incentive o consumo de alimentos que não tenham origem animal, a dieta flexitariana permite um consumo de carnes esporádico (Foto: VisualHunt)
Junção das palavras ‘flexível’ e ‘vegetariana’, a dieta flexitariana promete uma redução no consumo de alimentos de origem animal, mas sem eliminá-los completamente. Baseada na ingesta de frutas e verduras, ela prioriza fontes de proteína vegetais, como tofu, lentilha e ervilha.
Assim, além de reduzir as proteínas de origem animal, a dieta favorece o consumo de fibras, que atuam no controle do diabetes. “Quando a pessoa come um pão branco, que não tem fibras, o açúcar do alimento segue mais rápido para a corrente sanguínea, prejudicando a ação da insulina e aumentando a glicemia. Um alimento rico em fibras favorece a manutenção do açúcar por mais tempo no trato gastrointestinal, e não gera um pico glicêmico. Por isso [a fibra] é mais indicada a pessoas diabéticas, mas não só para elas”, diz a especialista.
4) Dieta da Mayo Clinic: vegetais e proteínas
Sem limitar o consumo de carboidratos, a dieta da Mayo Clinic favorece a ingesta de carboidratos complexos, como os alimentos integrais (Foto: VisualHunt)
Sem limitar o consumo de carboidratos, a dieta da Mayo Clinic favorece a ingesta de carboidratos complexos, como os alimentos integrais (Foto: VisualHunt)
Por mais que a dieta da Mayo Clinic não limite o consumo de carboidratos, ela reforça que a pessoa prefira sempre os carboidratos chamados de complexos, que são normalmente os alimentos integrais.
“Pão, arroz, macarrão branco são opções que preferencialmente devem ser deixadas de lado. Das proteínas, a dieta também favorece as vegetais, com baixa porcentagem de gorduras. E também indica consumir mais verduras do que frutas, que contêm açúcar (frutose), algo que nem  sempre as pessoas lembram”, reforça a nutricionista.

Dos carboidratos simples, a pessoa pode consumir 75 calorias por dia — algo como um chocolate pequeno durante o dia, ou um punhado de arroz branco. 

5) Dieta Volumétrica: mais alimentos, menos calorias
A dieta volumétrica preza pela grande quantidade de alimentos, embora sejam opções menos calóricas (Foto: VisualHunt)
A dieta volumétrica preza pela grande quantidade de alimentos, embora sejam opções menos calóricas (Foto: VisualHunt)
Nada de pratos vazios com a dieta volumétrica. Ao contrário da visão restritiva que as dietas impõem ao imaginário, no caso da volumétrica a tendência é justamente o contrário: a pessoa come mais, mas são alimentos menos calóricos.
“Mais frutas e verduras, que são alimentos volumosos, enchem o prato, mas poucas calorias. Quando você come um chocolate pequeno, você ingere muita caloria e que não te deixa saciado. Se você preferir uma maçã, por exemplo, ela é volumosa, mas tem poucas calorias e dá muita saciedade”, exemplifica a nutricionista.

Perder peso é fundamental no controle do diabetes

O diabetes é caracterizado por duas condições que podem acometer de forma isolada ou simultaneamente a mesma pessoa: ou há uma baixa na produção do hormônio insulina (tipo 1) ou há a chamada resistência insulínica (tipo 2).
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas cuja função é fazer com que a glicose (adquirida via alimentação) tenha acesso às células do corpo. Quando há um sobrepeso ou obesidade, na tentativa de se proteger, o organismo cria uma resistência à insulina, impedindo que ela consiga jogar o açúcar dentro das células. Assim, aumenta-se o açúcar circulando pela corrente sanguínea, elevando a chamada glicemia.
Na contramão, o pâncreas passa a produzir uma quantidade maior de insulina, na tentativa de que o açúcar seja todo absorvido. Essa ação frequente acaba por prejudicar a ação do pâncreas, e o diabete pode se desenvolver.
“O segredo é perder peso, porque aumentam-se os receptores nas células, e o açúcar consegue entrar. Os pacientes que perdem peso contribuem com o controle da doença. Não é que a doença desapareça, porque o diabete não tem cura, mas a glicose volta ao normal, tudo porque a pessoa conseguiu controlar o peso”, explica Henrique Suplicy, médico endocrinologista.
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